Estampas exclusivas ou reproduzidas de obras de artistas importantes

Reportagens

Coleção de canecas imprime a arte de gerações de artistas

Criada pelo escritor e jornalista Franklin Jorge, série tem 46 estampas. Vendas vão ajudar na publicação de livros e ao Espaço Oca, em Pium

24 de dezembro de 2020

O irrequieto jornalista e escritor Franklin Jorge andava sumido da órbita das redes e não era por “culpa” do seu estilo compulsivo de escrever. O autor de ‘Spleen de Natal’ tem se dedicado ao projeto de construção do Espaço Cultural Oca, em Pium. Um sonho que começa a tomar forma graças à colaboração de apoiadores e, principalmente, da venda de irresistíveis souvenires. Jorge lançou este ano uma coleção de 46 canecas com estampas exclusivas autorizadas por artistas plásticos de renome.

Mais que um presente útil, as peças são objetos para colecionar. Alguns artistas chegaram a criar uma ilustração exclusiva, caso de Iaperi Araújo, Fernando Gurgel, Vicente Vitoriano e Adriano Santori. Há também estampas cedidas pelo artista Etelânio Figueiredo. Franklin também está usando imagens reproduzidas da obra do gravurista Rossini Perez, de sua coleção pessoal. Da artista Madê Wainer  utilizou ilustrações da coleção que ela doou-lhe, são as últimas obras inspiradas em sua infância, com as quais encerrou sua atuação nas artes. Outras imagens são de um cartunista francês, mas ainda estão inéditas.

Dentre os destaques está a série inspirada no pintor Meyer Filho. Além de amigo, o artista catarinense era um admirador dos escritos do potiguar. Dessa proximidade ficaram 30 quadros importantes premiados em um salão de Buenos Aires, que ele fez questão de doar antes de morrer. “Ele me disse: vou doar somente minhas obras mais premiadas, e você pode fazer o que quiser com elas, contou Franklin Jorge ao TL.

As canecas custam R$ 45 e quem compra três, leva mais uma caneca. Franklin e seu filho estão preparando uma campanha de marketing nas redes sociais para divulgar os produtos. Além das canecas também estão sendo confeccionadas camisetas.

  

Ele informa que todo o arrecado com a venda das peças será destinado ao espaço cultural e para publicação dos seus livros e de outros autores que considera importantes. Com a venda da primeira leva de canecas, Franklin já conseguiu publicar um de seus livros inéditos. “Com a primeira leva de canecas que vendi antes da pandemia adiantei três livros. Lancei agora o ‘Verniz dos Mestres”. Também estou para publicar o livro de Iaperi Araújo. Trata-se de uma formidável novela, um pseudo romance ambientado no período da dominação Holandesa no Rio Grande do Norte”, comentou. Capitania Del Rey sairá primeiro em formato e-book e a venda será para a impressão.

Também está para sair os livros inéditos Poemas Apócrifos, Histórias Brejeiras. Da série de ensaio, Franklin Jorge destaca o “Ensaios sobre Marcel Proust”, reunindo anotações feitas no curso de 30 anos de leitura da obra dele. “Dentro dessa linha também vou publicar O Homem que Pensava. E ainda Shakespeare e eu, um dos meus ensaios sobre o dramaturgo. Também Leituras de Balzac e Maquiavel Agora. Todas as publicações terão o selo editoral Feed Back Livros.

A construção da Oca é só o começo da empreitada. Faz parte de um projeto maior que é o Instituto Franklin Jorge, que vai ter biblioteca, galeria, arquivo documental e oficina de criação. “Tudo isso sem um centavo de dinheiro público".

Franklin Jorge tem uma relação com as artes plásticas antiga, construída por mais de 40 anos. Ele foi um dos protagonistas do processo de criação da Pinacoteca do Estado, ainda na década de 1980, quando funcionava no Memorial Câmara Cascudo, Praça André de Albuquerque. Em 2013, Franklin teve a oportunidade de assumir a gestão da Pinacoteca do Palácio da Cultura, à convite de Isaura Rosado.

“Doei uma grande parte de minha coleção para a construção da Pinacoteca, e fiz questão de assinar a doação em nome de cada artista”, lembra. O ex-gestor lamenta ter feito essa grande doação à época: “É uma das coisas que mais me arrependo por que muitas obras sumiram ao longo dos anos”.

Para a construção do espaço alguns amigos colaboraram, é o caso do professor Carlos Roberto de Miranda Gomes, o Deputado José Dias, o Procurador Federal Regional aposentado Edilson Alves de França, o Jornalista Cassiano Arruda Câmara, que por sinal comprou a coleção completa de mais de 40 peças. O médico Iaperi Araújo, José Hildo Fernandes, Madame Saint-Cyr e outros.