O escritor e cronista Abraão Gustavo apresenta novo livro infantil
Agenda Cultural
Segundo livro do autor acompanha a personagem menina pela cidade e seu encontro com as ideias e cenários Cascudianos
31 de julho de 2021
Desde que chegou a Natal, o escritor Abraão Gustavo tem buscado na cidade do sol a inspiração para suas histórias, sejam em crônicas ou nos livros. Através do olhar de uma criança, publicou “Uma menina chamada Perereca” (Editora Caravela), na qual percorre os recantos de uma cidade ensolarada e colorida através da história em quadrinhos. Em seu segundo livro, “Perereca e Cascudo”, ele homenageia Luís da Câmara Cascudo. A obra será lançada neste sábado (31) às 16h, no Partage Norte Shoping-Zona Norte na livraria L Cultural. O livro custará $30,00 reais.
“Perereca e Cascudo” contempla a cidade do sol e seus encantos. A protagonista do seu primeiro livro que já nos encantou com sua dança, se encontra com o grande mestre guardião da cidade. Segundo o autor, Perereca se perde na cidade de Natal-RN após desobedecer a sua mãe e, como consequência, ela perde seus poderes e se perde de si. Após a busca incessante pelo caminho de sua casa, a menina se depara com a casa de Câmara Cascudo, que hoje é o Instituto Ludovicus, dirigido por Daliana Cascudo (neta do folclorista), a qual também vira personagem da obra.
Histórias da menina Perereca ilustradas pelo quadrinista Anderson Gomes com texto de Abraão Gustavo
Segundo o autor, o livro surgiu de uma homenagem que fez para sua mãe. “Deixei essas histórias engavetadas por muito tempo e resolvi compartilhar com amigos dos quais me deram um grande incentivo para publicar. Uma das pessoas que preciso agradecer em público aqui, a qual me ajudou nesse processo todo, foi Daniele Barbosa, peça-chave para eu acreditar nessa história”, disse. Foi Daniele quem o apresentou à bibliotecária Verônica Pinheiro e à equipe do José Correia, da Editora Caravela, pela qual chegou ao ilustrador Anderson Gomes. “Anderson releu os meus escritos e se identificou com meu trabalho. Foi assim que tudo surgiu. E, claro, não posso me esquecer de Camila Gomes, a revisora dessa história mágica”. O autor também é titular da coluna Hora da Prosa, neste portal TL. Confira o bate-papo com Abraão Gustavo.
Você lançou “Uma menina chamada Perereca” em 2020 e agora retoma a personagem em uma nova publicação. Pensa em transformar as histórias em uma série?
AG: Sim, quero que essa personagem, que é a minha mãe, se torne uma série, visite nosso povo e traga-os de volta ao mundo mágico da literatura.
A pandemia atrapalhou o desejo de levar seus livros para a sala de aula? Quais são os planos quando houver aulas presenciais?
Bom, o livro está chegando às escolas de forma híbrida. Recebi convites para entrar em salas virtuais, onde pude, de alguma forma, fazer com que a literatura continuasse viva e ativa mesmo com todos esses percalços. Tenho planos de aproximar cada vez mais o público com as minhas histórias voltadas à literatura infantil. E estou na torcida para que tudo volte ao normal dentro das possibilidades.
Câmara Cascudo é o personagem da nova aventura. Qual o “Cascudo” presente no livro, o folclorista ou o escritor?
Acredito que Câmara Cascudo foi indivisível, nós o classificamos para ficar mais fácil a compreensão de seus múltiplos trabalhos. No livro, Cascudo aparece como uma espécie de guia para todos os que desejam se encontrar com suas raízes. Não consigo classificá-lo como historiador ou etnógrafo, acredito que ele foi tudo isso e mais um pouco. Mas acredito que cada leitor fará sua interpretação de quem foi esse grande guia potiguar.
O legado de Câmara Cascudo está vivo é perceptível, basta todos que estão pela cidade entrarem pelo portal do tempo, que são seus livros, às memórias e histórias orais que os discípulos e amigos desse grande mestre nos deixou. Daliana Cascudo não é só neta do grande escritor, mas é a guardiã do legado de seu avô. A casa de Câmara Cascudo, a qual é hoje o Instituto Ludovicus, é um grande túnel do tempo.
Conversei muito com Daliana a cerca dessa história, por respeito a esse legado. Mas no processo da criação deste livro nos divertimos muito com a ideia dela se tornar personagem. Acredito que, no fim, todos nós fomos levados pelo encantamento da menina chamada Perereca.
Por que a escolha da HQ como linguagem?
HQ me lembra infância, me lembra turma da Mônica. Me remete a Maurício de Sousa. Onde comecei a dar meus primeiros passos como leitor. Por isso a escolha. Mas vêm novidades em outros formatos e gêneros literários por aí.
Você gosta de escrever crônicas e contos. O que mais te inspira no cotidiano da cidade?
Eu amo ler crônicas e escrever, foi quase uma consequência inevitável quando entrei em contato com Machado de Assis, Rubem Braga, João do Rio, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e outros cronistas. Eu poderia passar aqui horas falando sobre eles, que me ensinaram a olhar a vida diária sobre uma perspectiva bem diferente do que eu estava acostumado.
Tudo dá uma crônica. Da morte de um parente, ao acordar cedo e comprar pão na padaria. Tudo é repleto de vida e, consequentemente, é relato da historicidade do lugar em que estamos. Com o Natal-RN não foi diferente. Estou atento aos olhares dos potiguares, ao som e à musicalidade que esta cidade do sol transmite.
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