Confira documentários com Nelson Sargento na série Ocupação Cartola. Foto Cristina Ruffato
Agenda Cultural
Baluarte e autor dos principais enredos da Estação Primeira de Mangueira, Nelson Sargento deu a sua última contribuição em documentário
28 de maio de 2021
Para homenagear o cantor, artista visual, escritor e ator Nelson Sargento (1924-2021), que morreu quinta-feira, 27 de maio, o Itaú Cultural relembra suas participações na programação da instituição. O público pode acessar a vídeos, no canal do Youtube do IC, gravados com ele para a Ocupação Cartola, realizada em 2016, com quem aprendeu a tocar violão e foi parceiro de composições. O site da Enciclopédia Itaú Cultural também tem amplo material sobre ele e sua obra, acessível em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa11966/nelson-sargento.
Apelidado de filósofo do samba, com mais de 60 anos de carreira e 96 anos encerrados devido ao Covid-19, Sargento fez sua última apresentação no Itaú Cultural, desta vez no site, em novembro do ano passado, no Festival Arte como Respiro – Edição Música. Ele apresentou as canções Agoniza mas Não Morre, Encanto da Paisagem e Falso Amor Sincero, contempladas na edição de música de Arte como Respiro – Múltiplos Editais de Emergência, organizado pela instituição.
“O legado que Nelson Sargento nos deixa é infinitamente estelar para a música brasileira. Ele foi se juntar ao seu brilhante amigo Cartola, mas este patrimônio cultural inestimável fica entre nós e é importante cuidá-lo. Faz parte da memória da nossa música”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.
“Como esquecer, por exemplo, de sambas como Velho Estácio que eles compuseram juntos? Ou A Mangueira É Muito Grande, cuja segunda parte construíram com Ataliba?”, continua ele. “Penso nestas músicas, nesse momento, porque fizeram parte de um depoimento que Nelson nos deu quando fizemos a Ocupação Cartola, mas lembro também de Agoniza e não morre, De Boteco em Boteco, Vai dizer para ela. A obra de Nelson Sargento é gigante e imortal.”
Em um dos vídeos (https://www.youtube.com/watch?v=52yVcv8JSbU) que gravou para esta Ocupação dedicada ao amigo Cartola, ele falou sobre o jeito dele fazer samba e analisou as mudanças do gênero dentro das escolas. Segundo o compositor, o samba que Cartola fazia na Mangueira, era o mesmo que compunha na Portela e no Salgueiro. “Cartola me disse uma vez: eu faço samba para as pessoas ouvirem calmamente”, contou Sargento. “Mas as coisas mudam. Tenho a impressão que o início disso foi quando a classe média começou a invadir as escolas de samba, porque a noite carioca foi caindo”, falou. “Eles descobriram que estas escolas eram um espetáculo grátis, do bom, e foram. Hoje em dia, só se canta samba-enredo lá dentro, não se canta mais samba de terreiro”, explicou.
Em outra gravação (https://www.youtube.com/watch?v=LgcxeBhZtlU), Sargento contou como fez grandes composições com o amigo e com Ataliba. Enfatizou, ainda, que os grandes compositores têm uma marca pessoal, inconfundível, e reconheceu em Cartola um romântico. Na ocasião, em sinergia com a Ocupação, o sambista lançou no Itaú Cultural o disco Nelson Sargento 91 anos de samba.
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