Agnaldo Timóteo foi uma das maiores vozes do Brasil. Foto: TV Brasil/Todas as Bossas

Reportagens

Agnaldo Timóteo morre de covid-19 no Rio

Cantor tinha 84 anos e estava hospitalizado desde o dia 17 de março. Em 2019, Timóteo se recuperou de um AVC e voltou a cantar

03 de abril de 2021

Morreu neste sábado (3), o cantor Agnaldo Timóteo, vítima da covid-19, aos 84 anos. Ele estava hospitalizado desde o dia 17 de março, no Rio de Janeiro. A notícia foi confirmada em nota publicada pela família do artista.

“É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu às complicações decorrentes da covid-19 e faleceu hoje às 10h45. Temos a convicção que Timóteo deu o seu melhor para vencer essa batalha e a venceu. Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações”, disse a família.

Mineiro de Caratinga, ele foi ainda jovem para o Rio em busca de oportunidades, onde foi ajudado pela cantora Angela Maria, tendo gravado o seu primeiro disco em 1961, aos 25 anos de idade.

Dono de uma voz potente, sua carreira foi se fortalecendo, até estourar nas paradas em 1967, com o disco Obrigado Querida, com a canção Meu Grito, de Roberto Carlos, ficando em primeiro lugar nas principais rádios do país. O disco veio ainda com dois grandes sucessos da sua carreira: Mamãe Estou Tão Feliz" (Mamma) e Os Verdes Campos da Minha Terra. Segundo o próprio Agnaldo, Meu Grito consolidou a sua carreira.

Sua popularidade era baseada em um repertório romântico e na potência vocal. Tinha público cativo em todo o país, fazendo shows que lotavam os auditórios com seus fãs.

Gravou 64 discos em sua carreira. Em janeiro deste ano, comandou uma apresentação beneficente pela internet aos pés do Cristo Redentor, uma de suas últimas aparições públicas. Era torcedor fanático do Botafogo, clube que divulgou nota lamentando sua morte.

Política

O cantor também trilhou o caminho político. Em 1982, foi eleito deputado federal pelo PDT no Rio de Janeiro, com mais de 500 mil votos. Depois, ingressou no extinto PDS, cumprindo o restante de seu mandato. Ele se candidatou ao governo do Rio, em 1990, sendo derrotado. Em 1993 transferiu-se para o extinto PPR. Voltou à Câmara Federal em 1995. Em 1997, concorreu a uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo extinto PPB, alcançando a maior votação do partido.

Tentou a reeleição no pleito municipal de 2000, mas não obteve êxito. Transferiu-se para São Paulo e retomou a carreira política ao candidatar-se a vereador em 2004, pelo PP. Foi reeleito em 2008 para novo mandato como vereador paulistano, cargo do qual licenciou-se em 2010 para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Porém, obteve apenas uma suplência. Foi candidato à reeleição em 2012, mas não obteve votação suficiente. Deixou a atividade política para voltar a se dedicar à música.

Conexões potiguares

O produtor e empresário João Bastos Santana lembra seu encontro do Agnaldo Timóteo. Foi em Recife, por intermédio de Waldyck Soriano. Na época Agnaldo já era deputado federal. O contato ficou mantido e ano depois fez o convite para Agnaldo participar de um álbum que estava produzindo no qual Pery Ribeiro interpretava canções de Wilson Simonal. No álbum “Pery abraça Simonal”, produzido em 2013, Agnaldo participa da gravação de Sá Marina.

“Durante a gravação dessa faixa Agnaldo que tem voz forte como característica, aceitou a sugestão que dei de cantá-la num tom mais suave e emocionado, e juntamente  com Pery Ribeiro, abraçaram Simonal uma última vez através desta versão cheia de carinho”, disse o potiguar.

A amizade perdurou ao ponto de Timóteo gravar as chamadas da missa da Igreja Santo Antônio e participar em dois Cds religiosos produzidos por João Santana, na qual gravou ao lado de Frey Reginaldo a música "Jesus Cristo" (Roberto Carlos) e depois "Noites Traiçoeiras". 

Com informações de Vladimir Platonow  | Da Agência Brasil