Vermouth é bebida fermentada milenar

É Típico!

Alquimias em casa: fazendo seu próprio vermouth, uma bebida milenar

Se os gregos conseguiam fazer há dois mil anos, por que não prepara-lo em casa, no século 21? A produtora Danielle Brito ensina como fazer

14 de agosto de 2020

Vermute, ou vermouth, é uma bebida alcoólica fermentada à base de vinho, flores ou ervas aromáticas. Sua história remonta aos gregos da era Hipócrates. Dizem que o “pai da Medicina” teria acrescentado dictamo de Creta e absinto ao vinho para estimular o apetite.

Apesar de antiga, a bebida nunca fez sucesso no Brasil. Nas gôndolas de supermercados geralmente é associada a bebidas cafonas. Na Espanha e Itália, no entanto, tomar vermouth em botecos é popular e descolado.

Adepta do faça você mesmo, a produtora cultural Danielle Brito resolveu se desafiar em algo que nunca fez na vida: elaborar seu próprio vermute.

“A primeira vez que tomei um de boa qualidade foi em uma viagem à Espanha. Em Madri existe um bar de mais de 200 anos chamado Casa Labra, bastante concorrido que só serve cervejas e vermutes. Comecei a tomar e gostei, mas nem sempre é possível encontrar aqui.”

Depois de provar e não apreciar as marcas nacionais, resolveu ir em busca de receitas na Internet, direto na fonte. Comprou as ervas: cardamomo, noz moscada, cravo, zimbro, losna (absinto) e acrescentou a seu gosto o anis. “As receitas deixam a gente mais livre para escolher os aromas”, explicou.

A receita testada por Danielle leva 200ml de vodka colocada em infusão com as ervas por 20 dias. Após esse período a mistura deve ser filtrada para tirar as impurezas e acrescentado 1 garrafa de vinho tinto seco.

Após 15 dias fermentando, novamente uma  filtragem e acrescenta-se açúcar caramelizado (150 ml). Após isso vai para a geladeira por dois meses.

O tempo total de preparo é quatro meses. Com a perda das duas filtragens, no final fica em torno dos 700 ml. Uma dica: se for começar, dobre a receita para ter mais bebidas para degustar no final do ano.

Para Danielle, o período de isolamento social foi de experimentar coisas novas. Muita gente enveredou pelo pão, crochê, pintura. No seu caso, aquilo que já dominava em sua rotina normal não lhe interessou.

“Quis me dedicar a algo que nunca fiz, usar o tempo para a observação e foi uma coisa divertida acompanhar o processo. Era para o vermute ficar pronto para ser tomado na rua, quando a pandemia passasse, mas não deu. Proponho agora fazer novamente para beber daqui a cinco meses”, brincou. E provoca: “Se os gregos faziam há séculos antes de Cristo, por que a gente não pode fazer no século 21?”