Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente promove debate
Agenda Cultural
Audiência contou com a participação de representantes do Poder Público e de instituições que atuam no combate ao câncer infantil
30 de setembro de 2020
A Frenter Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, promoveu audiência pública nesta terça-feira (29) para fazer avaliação das ações voltadas à 7ª edição do Setembro Dourado, campanha que faz alusão ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil e alerta sobre necessidade de diagnístico precoce da doença. No entendimento dos participantes do debate, o saldo da campanha foi positivo, mesmo com as limitações impostas durante a pandemia do novo coronavírus.
Contando com a participação de representantes do Poder Público e de instituições que têm destacados serviços prestados no combate ao câncer infantil, a audiência foi comandada pelo deputado Hermano Morais (PSB), que enalteceu o trabalho realizado. Para o deputado, que também é presidente a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, a campanha tem conseguido atingir seus objetivos e o trabalho desenvolvido pelas entidades merece ser exaltado pela população.
"É uma campanha que cresce a cada ano, ganhando mais volume e respeito da sociedade. Graças a esse trabalho que estamos observando que mais pessoas estão se conscientizando sobre a necessidade do diagnóstico precoce. E é por esse motivo, para ter um balanço sobre essas ações, que realizamos esse encontro no fim do mês", explicou Hermano Morais.
Médico do Hospital Varela Santiago, o oncopediatra Wilson Cleto afirma que o diagnóstico precoce contribui para que ocorra a cura de até 80% dos pacientes. Porém, segundo ele, a subnotificação ainda é um problema a ser enfrentado no Rio Grande do Norte. O especialista afirma que pelo menos um terço das crianças e adolescentes com câncer sequer são diagnosticados e, por isso, acabam morrendo sem o tratamento adequado.
"Apesar da melhoria que vem por conta da ciência, a gente ainda tem uma batalha grande, principalmente no nosso estado. Nossa realidade é desconhecida e pelo menos um terço está sem diagnóstico. Temos a possibilidade de atender, há leitos ociosos", explicou o médico. "Por isso a importância da campanha, para a conscientização. Precisamos divulgar qual o caminho a seguir para que o atendimento seja mais rápido, e é o que temos feito", disse.
Representando a Liga Contra o Câncer, a médica avaliou que os pacientes oncológicos não sofreram muito com a Covid-19 durante a pandemia. Segundo ela, as crianças infectadas evoluíram bem, mesmo sendo pacientes oncológicas. Apesar de observar uma redução nos atendimentos, a médica explicou que houve a chegada de vários casos de câncer infanto-juvenil.
"Não sei se foi somente o Setembro Dourado que contribuiu, mas houve um aumento da informação, os pais se voltaram mais à atenção aos seus filhos e achei mais informados. Tivemos um aumento dos casos novos nos últimos dois meses e acho que é reflexo de uma mais informação dos pais", avaliou a médica.
Sobre a atuação das entidades de apoio à causa, os representantes do Grupo de Apoio a Criança com Câncer (GACC) e da Casa Durval Paiva expuseram as formas encontradas para dar andamento à campanha do Setembro Dourado. Segundo a coordenadora de Desenvolvimento Institucional do GACC, Nathy Passos, o grupo focou na produção de conteúdo para as redes, com conteúdo informativo e lúdico acerca do tema, que colocou à disposição das demais entidades. Por outro lado, o presidente da Casa Durval Paiva, Rilder Campos, comemorou a parceria da imprensa na divulgação da campanha.
"Foi um ano desafiador para manter a campanha ativa e muito produtiva. A pandemia nos colocou em desconforto, mas em desafio. Precisamos sempre comunicar melhor para que todas as pessoas saibam dos sinais, sintomas e, a partir daí, seguir para os procedimentos. A gente está fechando de uma forma muito bacana (o Setembro Dourado) e conseguimos superar esse momento", disse Nathy Passos. "O câncer é uma doença democrática, que não destingue ninguém. O que queremos é viabilizar o acesso e a imprensa é grande parceira. A campanha cresce, mas a gente precisa crescer mais. Precisamos trazer sempre mais cedo as pessoas para o diagnóstico e chegar a cada vez mais lugares no estado. A campanha de diagnóstico precoce é diuturna. Temos que fortalecer isso em todos os nossos canais sempre", finalizou Rilder Campos.
Setembro Dourado
No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA. Diante dessa realidade, a Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer – CONIACC promoveu neste ano a sétima edição da Campanha Setembro Dourado que, além de alertar para os sinais da doença, visa diminuir a taxa de mortalidade, ressaltando a relevância do diagnóstico precoce e o tratamento prévio como fatores essenciais para a cura.
No Rio Grande do Norte, o número de novos casos estimados chega a 130 por ano, nessa faixa etária, sendo que muitos pacientes ainda são encaminhados aos hospitais de referência com a doença em estágio avançado, ou são subnotificados.
O Setembro Dourado é amparado em âmbito estadual pela Lei nº 10.519, que instituiu a campanha estadual sobre o câncer infantojuvenil.
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