Everardo Ramos: " A meta é a instalação de armários deslizantes para a guarda da reserva técnica".
É Típico!
Everardo Ramos fala sobre as recentes coleções de arte popular sob a guarda do MCC e projetos de reserva técnica
21 de novembro de 2020
Cinthia Lopes
Durante o processo de inscrição no Edital Matchfunding BNDES+ 2020 para aquisição da coleção do gravurista paraibano José Costa Leite, o ditetor do Museu Câmara Cascudo, Everardo Ramos, conversou com o TL sobre as principais metas do MCC com relação ao setor de etnologia e sobretudo o enriquecimento e a melhoria na guarda do acervo de Cultura Popular. Everado, cuja tese de doutorado foi sobre a arte popular, destacou a importância da reserva técnica sem deixar de lado as possibilidades de aquisição de obras e coleções particulares. “Estamos sempre antenados as oportunidades que surgem para aquisição de coleções particulares", comentou. O setor de etnologia compreende não só a arte popular, mas arte sacra, arte africana, indígena. Confira a entrevista:
Professor Everardo, existe um plano de ampliação do acervo de cultura popular do Museu Câmara Cascudo? quais são as metas?
ER: A nossa meta principal não é nem de enriquecer o acervo, mas de guarda dessa reserva técnica, por que o acervo precisa ser bem guardado em um equipamento específico chamado de armários deslizantes. A meta é a instalação desses armários para a guarda dessa reserva técnica, pois são a maneira mais moderna, prática e segura de se conservar acervos. Então, esse é o objetivo principal do museu, que os três acervos (Paleontologia, Etnologia e Arqueologia) sejam conservados nesses tipos de armários que permitam economia de espaço muito grande. Atualmente, somente o acervo de paleontologia do Museu está guardado nesse armário. O objetivo é que tanto acervo de arqueologia e de etnologia passem a ser guardados nesse tipo de arquivo. Com relação ao enriquecimento do acervo, o MCC está muito atento as oportunidades que aparecem. Foi o caso no ano passado, quando surgiu a oportunidade de dquirirmos uma coleção de gravura popular muito importante de um colecionador de Pernambuco. A gente se empenhou muito para que adquirir conseguiu fazer parceria com a Fumpec, que comprou a coleção e doou para guarda do museu.
Que coleções são essas?
Existem várias coleções muito importantes aqui no Rio Grande do Norte, coleções privadas de arte popular que são importantes e a sociedade, assim como as instituições, devem lutar para conservá-las. Uma dessas coleções é do marchand Antônio Marques de Carvalho Júnior, que tem uma coleção belíssima de arte popular e sonhamos que se consiga um dia concretizar a compra dessa coleção. Mas como essa, existem outras. A gente quer ter a capacidade e a honra se pudesse ter a oportunidade de preservar. Então existe também esse desejo de aquisição, mesmo não sendo a meta principal.
Recentemente o MCC adquiriu uma coleção importante da gravura popular pernambucana. Quando essa coleção será exibida?
É o acervo de Roberto Benjamin que pertenceu ao colecionador de Pernambuco, foi presidente da Comissão Pernambucana de Folclore por muitos anos e grande pesquisador da literatura de cordel e das formas ligadas a literatura como arte gravura. Por estar em Recife ele teve acesso à obras muito importantes que ao se tornarem obsoletas nas gráficas, foram adquiridas por ele. São matrizes da ilustração popular que eram utilizadas nas gráficas e constituiu uma coleção muito importante. Gosto de dizer isso porque minha tese de doutorado foi sobre a gravura popular, então eu estudei muitos anos e sei que a coleção dele é muito representativa. Traz os diversos tipos de gravura popular da ilustração feita para os folhetos de cordel. A gente pensa só em xilogravura quando fala de cordel,mas quando se estuda a história das ilustrações agente vê que antes existia um tipo muito importante de gravura chamada zincogravura, onde as imagens são gravadas em placas de zinco. Essa coleção de Roberto Benjamin tem vários exemplos desse tipo. E uma outra categoria importante era linóleo, as imagens gravadas em pedaços de borracha. Essa categoria era bastante praticada pelo xilógrafo e poeta pernambucano Dila, patrimônio vivo de Pernambuco que faleceu ano passado. Isso tudo está na coleção de Roberto Benjamin guardada no Museu Câmara Cascudo. É algo importante para estudar a evolução da ilustração de cordel a evolução como um todo no nordeste.
Há previsão de exposição?
Nós não temos ainda previsão disposição, por que queremos fazer uma exposição bem legal, acompanhada de uma publicação. Então não temos uma data, por que sabemos que elas não são baratas, poisimplica em mobiliário, material tecnológico, iluminação, cenografia, designer, e isso tem um custo e o orçamento do museu ainda é muito limitado para fazer. Precisa elaborar o projeto e ir atrás do recursos e este ano por causa da pandemia foi muito complicado, quem sabe o próximo ano.
Como está a coleção do museu?
Na verdade são coleções do museu. Tem várias coleções que são agrupadas em acervos. São três tipos de acervo: o de paleontologia que reúne fósseis vários tipos, invertebrados de vertebrados. De arqueologia dividido por categorias de material cerâmico e material lítico em pedras. E o acervo de etnologia, que é composto por várias coleções arte popular, sacra, indígena, arte afro . Estas coleção vão muito bem, pois estão conservadas e guardadas como devem estar. Temos um laboratório de restauro e conservação. Quando algumas peças apresentam problemas elas passam por um tratamento nesse laboratório. Nossos acervo estão abertos a pesquisadores da própria Universidade ou de fora, às vezes de muito longe. A gente acabou de assinar um convênio com um pesquisador que está fazendo um trabalho na Dinamarca de datação de arqueologia e peças do museu vão entrar nessa pesquisa. Assim integramos essa rede de contatos.
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