Costela torrada acompanhada de pirão é um dos destaques, dentre as 30 opções a preços módicos

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Bar do Amaral: Boteco à moda antiga e uma costela de boi com pirão de comer rezando

Quem é fã de bar "raiz" pode confiar na célebre buchada (43 reais) e no picado de carneiro (24 reais o grande e 21 o pequeno)

09 de outubro de 2022

Cefas Carvalho


Sabe aqueles botecos à moda antiga, com comida boa e farta, cerveja estupidamente gelada, atendimento familiar e diferenciado com o dono indo de mesa em mesa bater papo com os clientes, climão de encontro de amigos, mesas de plástico? Pois é assim o Bar do Amaral, que funciona há 27 anos numa rua tranquila e residencial na divisa entre Nova Parnamirim e Neópolis (a São João del Rey, próxima à Avenida Abel Cabral e também da BR-101) mantendo a tradição dos botecos de bairro e da comida regional de primeira qualidade.

O bar, na verdade, começou como uma cigarreira em maio de 1995, quando Francisco de Assis do Amaral decidiu tocar uma empreitada no bairro, hoje um dos que mais se desenvolvem no Nordeste, era então precário. "Um amigo me convenceu a alugar este espaço e comecei em formato de cigarreira, vendendo cachaça. Eu morava aqui mesmo, solteiro e sozinho à época, em um quartinho aqui embaixo", recorda. Mas antes do início do sonho, Amaral rodou o estado e o país. Natural de Jardim do Seridó, aportou em Natal em 1989, tendo trabalhado em armazéns, mercadinhos e em bares no Alecrim, Pajuçara e Cidade Satélite, tendo até mesmo tentado a vida no Pará, onde trabalhou com gado. 

Essa série de experiências foram fundamentais para que a empreitada com a cigarreira fosse bem sucedida. Aos poucos os clientes do bairro que crescia foram gostando do papo, do ambiente e dos churrasquinhos e tira gostos que Amaral fazia de forma improvisada e sazonal e o negócio foi pegando. Aliás, a maneira como Amaral aprendeu a cozinhar já é pitoresca. "Eu não sabia fritar um ovo, mas em um bar onde trabalhei havia um caminhoneiro que sabia cozinhar bem, fazia ótimas comidas, aí eu prestava atenção no que ele fazia e depois fazia igual, e assim foi indo até eu aprender", diverte-se. Com ele, aprendeu a desprezar temperos artificiais: "Tudo aqui eu mesmo cozinho ou oriento e sempre tudo temperado com alho, cebola e pimenta", ressalta. Bingo. 

Desta maneira, aos poucos, os pratos foram entrando no cardápio, paralelamente à cigarreira ganhou status de bar, o espaço alugado se tornou próprio e houve o casamento com Maria José e o nascimento dos três filhos, Mateus, Francisco e Lucas, que hoje, já adultos, dão uma força no bar. Passando a vender pratos como dobradinha e tripa de porco (dois dos pratos carros chefes da casa) a clientela foi sendo conquistada e se expandiu. "Clientes antigos trazem amigos de fora, já recebi aqui pessoas de Rio de Janeiro, São Paulo, Minhas Gerais e Brasília", registra. 

Batendo papo com Amaral, sempre simpático e falante, embora garanta que é tímido, ele ressalta que alguns clientes voltam repetidamente porque se colocaram no dever de experimentar todos os pratos do cardápio. Compreensível. São quase 30 opções, entre petiscos, pratos e caldos, quase todos servidos com fartura e preços mais que acessíveis, camaradas mesmo. Gosto muito do arrumadinho da casa "com charque de qualidade e não calabresa como a gente vê hoje por aí", segundo Amaral e um feijão verde na manteiga da terra espetacular (sai por 31 o pequeno - que é beeeemmm substancial - e 41 reais o grande) mas me encantei mesmo foi pela costela de boi, de comer rezando, servida com um arroz solto al dente e um delicioso pirão, grosso feito reboco de parede. Sai por 43 reais a porção grande e dá para três pessoas comerem até desabar no chão. Botei como metas experimentar o celebrado carneiro guisado (45 reais) e os pratos com camarão (o frito na manteiga sai por 41 contos). Quando a gente atingir a meta a gente dobra a meta, como diria nossa querida ex-presidenta. 

Quem é boêmio de bar "raiz" pode confiar na célebre buchada (43 reais) e no picado de carneiro (24 reais o grande e 21 o pequeno), além dos caldos, de costela a mocotó e feijão verde, todos fartos e com preços entre 18 e 24 reais. Para quem curte, tem uma garrafa de cachaça gigante (de 20 litros), de Minas Gerais, afixada ao lado do balcão para quem se aventurar a tomar uma dose da marvada após a comilança (ou antes, para abrir o apetite). Enfim, uma experiência completa tanto culinária como de boemia à moda antiga. Lá, esqueça divulgação em redes sociais (Amaral tem perfis nas redes mas pouco ou nada as usa), cardápio em QR Code, nada, lá é cardápio raiz em papel mesmo com os preços resistindo bravamente à inflação e ao Brasil 2022. E, como eu registrei acima, ainda se ganha de bônus a simpatia de Amaral e da família perguntando se a comida e o atendimento estão bons. Sempre estão, claro. Enfim, invista em uma peregrinação (ou mais de uma) ao Bar do Amaral. Vale a pena.  


FIQUE LIGADO

Endereço: Av. São João Del Rey, 2824 - Nova Parnamirim/Neópolis, Natal/Parnamirim.
Aberto ⋅ Do almoço às 17h (de terça a sexta) e do almoço às 19h (sábados e domingos)
Telefone: (84) 99942-7712