Bar do Coelho mantém iguaria como carro-chefe do menu, servido de terça a domingo
Colunas
Localizado atrás da Igreja do Galo, na Rua Padre Pinto, Bar do Colho é uma viagem ao nostálgico universo dos bares do Centro Histórico
03 de setembro de 2023
Cefas Carvalho
Um dos bares em funcionamento mais antigos de Natal, o Bar do Coelho é daqueles considerado "raiz" onde praticamente tudo remete a um passado de boemia e tradição. Situado por trás da histórica e famosa Igreja do Galo, na Rua Padre Pinto ("a rua que desce para o Baldo") no Centro de Natal, onde a cidade praticamente nasceu, o bar é um dos mais antigos da capital potiguar em pleno funcionamento, tendo sido fundado em 1978 (há 45 anos, portanto) pelos irmãos Edvaldo Francisco Campos, 67 anos, e João Maria Batista Campos, 66, ambos natalenses de nascimento mas criados no município metropolitano de Ceará-Mirim.
"Na verdade começamos aqui neste mesmo espaço ainda em 1976 como uma mercearia, depois viramos um mercadinho e logo, então, aproveitando o bom movimento resolvemos abrir um bar e restaurante", recorda Edvaldo. Ele registra que na época o Centro de Natal "era o pólo financeiro da cidade, havia o Bandern aqui, com imenso fluxo de pessoas, portanto o bar estava sempre lotado, muita gente vinha almoçar diariamente", recorda, consolidando assim o espaço como uma alternativa de boa comida e para beber e conversar com amigos. Nesse início, o carro chefe da casa era o bode. "Chegamos a vender cinquenta bodes por semana".
A particularidade do Coelho no cardápio começou ainda nessa época. "Em um passeio por Muriú, irmãos e primos conseguiram coelhos e nos trouxeram como presente. Resolvemos, então, criar e não paramos mais. Fez sucesso naquele período, a coisa pegou e até hoje vendemos tanto o coelho como prato no cardápio, torrado ou frito, como coelho abatido para clientes que gostam de temperar e cozinhar à maneira deles", assinala Edvaldo.
Coelho servido como tira-gosto, com fritas ou macaxeira, e salada
Entre os anos 1980 e 1990, o Bar do Coelho ganhou outra de suas características mais fortes: a seresta. O local passou a ser ponto de encontro de músicos e às sextas e sábados passou a atrair boêmios de toda a cidade (e mesmo de cidades vizinhas) atraídos pela qualidade da música (clássicos da MPB, bolero e samba dos anos 1920 a 1950) cantados tanto por profissionais como por amadores que arriscavam soltar a voz e não faziam feio. "Esse processo começou quando clientes como Antônio Sete Cordas, um músico muito conhecido, que era cliente da casa, começou a tocar e cantar e a indicar o bar para outros músicos, como José Dequias e Galego Por, esse um seresteiro bem conhecido no Alecrim. Ao longo dos anos esse formato pegou e se manteve atraindo muita gente durante décadas", diz Edvaldo. Esse escrevinhador chegou a frequentar as serestas nos anos 2000, quando morei no Centro da Cidade, tendo ouvido muita música boa e me divertido bastante.
Edvando Francisco e João Maria Batista Campos são os proprietários
PANDEMIA DE COVID
O Bar do Coelho começou a sofrer a partir dos anos 2010 com a decadência do Centro de Natal e a migração de comércio e escritórios para shoppings e bairros como Lagoa Nova e Lagoa Seca, mas ainda assim mantinha uma clientela fiel para almoço, jantar e serestas chegou a diversificar os gêneros musicais, com um bem sucedido pagode nas quintas-feiras ("Chegamos a juntar 500 pessoas em um evento desses", lembra Edvaldo) e forró nas sextas feiras, até que em março de 2020 com a pandemia de covid-19, o bar não apenas, devido ao necessário isolamento social, foi obrigado a fechar como iniciou uma sequência de perdas. "A pandemia foi muito cruel com a gente", lamenta Edvaldo, com emoção e olhos marejados. "Muitos amigos partiram, quase cinquenta deles, afinal, nosso público cativo das serestas era de pessoas acima dos sessenta anos. Perdemos gente querida e como estabelecimento perdemos receita e condições de retomar a música", registra. "Dá tristeza também ver o Centro da Cidade assim vazio, abandonado".
CARDÁPIO
Não obstante as perdas e nostalgias, o Bar do Coelho resiste. Funciona de terça a domingo, do almoço até às 22h, com o horário podendo se estender, se houver clientela. O cardápio é simples, básico e eficiente. O carro chefe é o coelho, claro, que custa 60 reais (como tira gosto, com macaxeira ou fritas, verduras) ou 80 (como refeição, com arroz, feijão, macarrão e ainda salada e macaxeira), tudo dando tranquilamente para três ou quatro pessoas. Mas Edvaldo e João registram que pratos como Costela de porco (58 reais), tripa de porco (40 reais) e carne de sol (45 ou 70 reais) também saem muito. Para quem gosta de coisas mais carregadas, tem também Chambaril com pirão (30 reais), Picado de porco com arroz e feijão verde (28 reais) e Buchada com pirão (40 reais). Os de estômago mais delicado podem pedir Camarão (ao alho e óleo ou torrado saem por 50 a porção e 68 a refeição completa) ou Paçoca com feijão verde (45 reais).
Lembrando que no parágrafo anterior falávamos dos tira-gostos e pratos que servem várias pessoas, ideais para acompanhar cerveja e conversa jogada fora no espaço externo semi-aberto do bar, onde a frase "A boemia de Natal encontra-se no bar do Coelho" resiste pinada em uma parede há quatro décadas Os pratos comerciais saem por incríveis 15 reais nos sabores: Bife de carne, Bife de fígado, Frango assado, Bisteca, Peixe e Linguiça. Porções extras saem por 7 cada uma e os caldos do local, todos a 8 reais, são espetaculares, com destaque para o de Ova de Curimatã e o de Camarão. A cerveja é sempre gelada e tem bebidas diversas, com e sem álcool. Vá sem medo, com tempo e de estômago vazio!
FIQUE LIGADO
Endereço: Rua Padre Pinto, 705, Cidade Alta, Centro de Natal
Telefones: (84) 3025-6397. (84) 98722-4263. (84) 99929-6676.
@bardocoelhonaal
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