Lourenço se adaptou aos novos tempos e recebe os velhos boêmios e o novo público com um cardápio dos
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Quitute vencedor do último Pratodomundo continua no cardápio e é um dos favoritos do tradicional boteco
12 de junho de 2022
Cefas Carvalho
Quem lê as mal traçadas linhas dos textos desta coluna já percebeu a passionalidade das comidas e bares escolhidos. Nada a estranhar, afinal de contas, são lugares que frequento com assiduidade e onde me sinto em casa, e mantenho com os donos desses estabelecimentos uma relação que beira à amizade. Idem em relação aos petiscos, pelos quais desenvolvo uma relação quase afetiva.
É o caso do bar Encontro dos Boêmios (conhecido como Bar do Lourenço, nome do dono), meu bar preferido no Beco da Lama, a rua Dr. José Ivo propriamente dita, não o espaço poético-imaginário "Beco da Lama" que ocupa quase todo o Centro de Natal). O Encontro dos Boêmios é o segundo em funcionamento mais antigo do Beco (o mais antigo é o Bar de Chico), fundado em fundado em 2003, portanto caminhando para os 19 anos de vida, por José Lourenço Sobrinho, 69 anos, natural de Martins, que, com experiência em trabalhar em bares no Praia Shopping, montou com o irmão "mero acaso" um bar no Beco, à época decadente e pouco frequentado, bem distante de ser o lugar decorado e "point" de hoje. "Eram outros tempos, a clientela era formada por homens entre quarenta e cinquenta anos, boêmios. Havia música, mas de forma espontânea, um chegava com o violão, outro com um pandeiro”, lembra.
Mas Lourenço se adaptou aos novos tempos e recebe os velhos boêmios e o novo público com um cardápio dos mais variados e instigantes da Cidade Alta. Dois pratos que fizeram história no bar, infelizmente, estão saindo do cardápio: a Bisteca com Mel de Engenho e a Língua ao Molho do Abacaxi. "São pratos que dão muito trabalho para fazer e têm pouca saída", lamenta Lourenço. Uma pena. A bisteca sai por 22 reais e a língua por 30, e quem já comeu - meu caso - não se esquece e vai sentir falta.
Porém, não se deve chorar pela bisteca derramada, ops, digo leite. Enfim, o novo carro chefe da casa é um petisco que tem saída garantida e conquistou paladares e o prêmio de Melhor Prato no recente Festival Gastronômico do Beco da Lama. Trata-se do letal Camarão Crocante ao creme de Jerimum com castanha. O nome impressiona. O sabor também. É de uma simplicidade chocante e um gosto de alucinar o paladar. Seis camarões grandes empanados em três farinhas (trigo, rosca e panko) arrumados em um creme de jerimum feito com manteiga e leite de coco, servido com coentro, castanhas e pimenta biquinho que Lourenço planta em casa. Não tinha como dar errado. E custa 15 reais. Observação importante: é prato para deliciar o paladar, não para "encher o bucho".
Quem deseja se empanturrar tem várias opções mais tradicionais. Calabresa com fritas, isca de peixe e carne de sol. Tudo entre 22 e 35 reais. Os bolinhos (carne de sol e queijo) são muito bons, idem em relação aos caldos. Incansável nas ideias, Lourenço planeja reformulação do cardápio para as próximas semanas e adiantou para este escrevinhador-consumidor um provável novo petisco: Ovo de codorna com carne empanado, quase uma versão mais sofisticada do "bolovo" servido em botecos de São Paulo. Ele nem colocou à venda e eu já gostei.
FIQUE LIGADO
Bar Encontro dos Boêmios.
Rua Dr. José Ivo, 580. Centro. Natal
Funciona de Segunda à sábado - 09h às 22h
Instagram: @boemiosbeco
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