O novo equipamento vai abrigar obras de arte e documentação digital sobre história da aviação

É Típico!

Casa da Ribeira vai gerenciar Complexo da Rampa  por dois anos

O Governo do Estado assinou o acordo de cooperação com a Casa da Ribeira para a implementação do Complexo “Rampa - Arte Museu Paisagem”

15 de outubro de 2021

O Governo do Estado assinou na quinta-feira, 14, o acordo de cooperação com a Casa da Ribeira para implementação do Complexo “Rampa - Arte Museu Paisagem”. O estado é representado pelas secretarias de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SEEC) e de Turismo (SETUR). 

O acordo de cooperação tem prazo de dois anos, podendo ser prorrogado. A ocupação artística do complexo será de responsabilidade da Casa da Ribeira, instituição privada que atua com gerenciamento de projetos culturais.  

O projeto está dividido em duas fases e será viabilizado através da Lei Câmara Cascudo de renúncia fiscal (empresas destinam parte do ICMS para patrocínio cultural). Na área de expografia, a Casa da Ribeira foi a responsável pela exposição de Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa em SP, em 2015. 

Segundo a governadora Fátima Bezerra, o Museu da Rampa vai funcionar nesta primeira exposição com recursos da Lei Câmara Cascudo. “A Casa da Ribeira nasceu com incentivo da lei como mecanismo para valorizar a cultura. E o Complexo vai funcionar com base nos benefícios desta Legislação", registrou, lembrando também as ações realizadas pela administração estadual para concluir as obras.

"Quando assumimos as obras estavam ameaçadas com a solicitação da devolução de recursos pelo Ministério do Turismo. Superamos as dificuldades e hoje estamos aqui dando mais um passo decisivo para que o complexo venha efetivamente a funcionar".

O Complexo “Rampa - Arte Museu Paisagem” abrange uma área de 11 mil metros quadrados sendo 2.800 m² de área construída, que abrigam auditório, salas para exposição (temporária e permanente), área para atividades criativas, bar, café, loja com lembranças e souvenires, banheiros, mirante, píeres e deck. O deck frontal tem extensão de 102 metros e 3,80 metros de largura. Os píeres que adentram o rio Potengi têm extensões diferentes: 22 e 27 metros, cada um deles.A área externa para eventos com até 3 mil pessoas, estacionamento e a Calçada Potengi, espaço com visão privilegiada do rio.

A obra teve orçamento inicial de R$ 7,5 milhões, com recursos do Ministério do Turismo, contrapartida e reajustamentos do Estado do Rio Grande do Norte. 

POLÊMICAS

O Complexo da Rampa é um dos projetos mais aguardados pela população natalense e setores do turismo e da cultura por sua importância histórica, já que Natal foi cenário do pioneirismo da aviação civil mundial (travessias do Atlântico Sul) e dos acontecimentos ligados diretamente à Segunda Guerra.  A falta de debate sobre o tema, principalmente a ausência do diálogo com pesquisadores, colecionadores e fundações que detém acervos fotográficos/físicos sobre Aviação no Atlântico Sul e Natal na Segunda Guerra, gerou críticas e polêmicas em alguns setores da cultura e da imprensa. Até o momento, não se sabe o espaço que cada capítulo da história irá ocupar na exposição Arte Museu Paisagem. Outro alvo da polâmica foi o trâmite atípico no uso da Lei Câmara Cascudo pelo próprio Governo, gerando à época especulações e denúncia. 

Coordenador do projeto e produtor cultural Gustavo Wanderley disse à imprensa que o Complexo Rampa “ não será um museu de artes visuais, mas um museu de memórias sobre o voar''. E que o museu aborda a 2ª Guerra, mas também "do Potengi, dos moradores em volta, da fauna e flora".

Na ocasião da Assinatura do Termo, Gustavo Wanderley disse que o espaço “devolve a paisagem do rio Potengi às pessoas e envolve arte, ciência e história”.

 

FASES DA INSTALAÇÃO 

Segundo o governo do Estado, o processo de instalação está dividido por fases. A fase 1, que engloba as consultorias e a pesquisa museológica, está orçada em R $999 mil. Esta parcela foi aprovada pela Lei Câmara Cascudo em 2019.. Nela estão previstas as pesquisas do núcleo museológico, elaboração de um programa educativo, a montagem de uma exposição temporária, além de estudos e consultorias que definem o modelo de gestão do Complexo. 

A coordenação do núcleo museológico está a cargo de Marília Bonas, que atualmente é  diretora técnica do Museu da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol.

Já o acervo museológico será composto por referências patrimoniais em ambiente digital, ou seja, documentos e imagens serão disponibilizadas em plataforma digital. 

A  fase 2, orçada em R $6,4 milhões, passou pela Lei Câmara Cascudo em junho de 2021. Essa etapa foram contratados artistas para produzir obras de grande escala construídas no local de exibição, como: aquisição de obras e projetos adquiridos a partir de edital público, selecionados por uma curadoria; exposição de longa duração inédita que ocupa espaço de aproximadamente 600m² e está desenhada em cinco módulos; obras de arte comissionadas, feita sob encomenda, a partir de pedido específico dos curadores; obras de arte réplicas, para representar máquinas de voo; consultorias técnicas que prevêem a contratação de profissionais ou prestadores de serviços em áreas como engenharia de segurança, acessibilidade, som e luz, eletricista, entre outros.

Ao todo, 23 artistas brasileiros estarão presentes no Complexo com obras inéditas, sendo, pelo menos, 9 artistas locais. A rede criativa do estado também está contemplada nos núcleos curatorial, arquitetura e paisagem, museológico, educativo, administrativo e financeiro, planejamento, produção e comunicação.

DADOS HISTÓRICOS

O prédio original da Rampa foi construído em 1930, inclusive com o declive para a atracagem de hidroaviões, e serviu como base para as operações das companhias aéreas Pan American, Pan Air do Brasil e Lufthansa. A proximidade de Natal com a África, fazia da cidade um excelente ponto de entreposto para os aviões.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ocorreu no local a Conferência do Potengi, com o histórico encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, marcando a entrada do Brasil no conflito e tornando a Rampa uma base para hidroaviões até 1944. O encontro foi registrado em fotografia com os dois presidentes em um jipe.

PRESENÇAS

O ato de assinatura contou com a presença do vice-governador Antenor Roberto, secretários Ana Maria da Costa (SETUR), Getúlio  Marques (SEEC), Fernando Mineiro (SEGRI), Gustavo Coelho(SIN), Carlos Eduardo Xavier (SET), Jaime Calado (SEDEC); adjuntos da SEEC, Márcia Gurgel, da SEDEC, Haroldo Azevedo Filho, da SETUR, Leandro Prudêncio; procurador geral do Estado Luiz Antônio Marinho, procurador adjunto, Duarte Santana, presidente da Fundação José Augusto (FJA), Crispiniano Neto, diretor da FJA, Fabio Henrique. Os vereadores Brisa Bracchi e Hermes Câmara representaram a Câmara Municipal de Natal, a deputada Isolda Dantas representou a Assembleia Legislativa. Também participaram o procurador da República aposentado e membro da Academia de Letras do RN, Armando Holanda; representantes do Sindetur, do Sindbuggye, da Fecomércio, da Secretaria de Patrimônio da União e do IPHAN, vários artistas, entre eles Guaraci Gabriel, Titina Medeiros e João Marcelino.