Chico César fará show acompanhado de acordeom e percussão. Foto: José de Holanda
Agenda Cultural
Cantor e compositor paraibano fala sobre o web show que fará no Ahayá Virtual e sobre criação em tempos de isolamento social
10 de julho de 2020
Cinthia Lopes
Um dos grandes nomes da música brasileira, o cantor e compositor paraibano Chico César é o ilustre convidado “de fora” a participar do arrasta-pé online Ahayá Virtuá, um dos festejos juninos natalenses que tiveram de migrar para o meio virtual por conta da pandemia do coronavírus. A participação na live será neste sábado 11, mais ou menos por volta das 20h no canal do Youtube Nosso São João.
A festa tem início às 18h e contará com uma séries de atrações, como Khrystal, Companhia Caçuá de Teatro de Mamulengo de Currais Novos, Nida Lyra e Forró do Severo de Mossoró e um after com a discotecagem do DJ Opa Bruno. O projeto tem patrocínio da Lei Djalma Maranhão, prefeitura de Natal e Unimed.
O artista respondeu a três perguntas para o Típico sobre sua participação na festa virtual, parcerias e vida em isolamento social. Acompanhado de Simone Sou na percussão e Lívia Mattos no acordeom, ele cantará músicas suas, em que deve incluir o mais recente álbum O Amor é um ato Revolucionário e alguns clássicos do forró. “Cantarei músicas minhas uma em parceria com o poeta cearense Bráulio Bessa e uma coisa ou outra de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro”.
Mesmo sem falar sobre política,Chico César é em si uma presença de força e opinião que está sempre dizendo algo mais em suas músicas e em suas falas. Aqui ele responde um pouco sobre o tempo de isolamento social.
Chico: "Arte é especulação. É olhar na sala dos espelhos"
Chico, você já deve ter participado de muitas lives durante essa quarentena, buscando formatos que o aproximem das pessoas em casa. Para esse Ahayá Virtuá o que tem planejado?
CC: Essa live é um pouco diferente pois envolve a presença de reduzida equipe técnica para áudio, luz e transmissão, além de contar com as musicistas Simone Sou (percussão) e Livia Mattos (acordeom). É um modo de experimentarmos um pouco o relaxamento da quarentena tomando todos os cuidados. É importante que o fato de juntar algumas pessoas não resulte e não sinalize como um liberou-geral para aglomeração. É uma live festiva, no espírito junino (ou julino, como preferirem) tão caro a nós os nordestinos e que já se espalhou por todo o país.
Suas parcerias geralmente tem artistas com um trabalho mais orgânico, conectados as sonoridades de matrizes ancestrais. Quais artistas do Rio Grande do Norte você traria (ou trará) para seu repertório nesta festa junina?
CC: Cantarei minhas próprias músicas, uma parceria com o poeta cearense Bráulio Bessa e uma coisa ou outra de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Não é verdade que só trabalho com artistas ligados a matrizes ancestrais. Onde houver identificação entro. Não é a toa que tenho colaboração com gente de hip hop como Athaíde, DJ Hum, Rael e com jovens artistas como Dani Black e Jade Baraldo. Não sou um tradicionalista. Ao contrário: sou bem promíscuo artisticamente, amor livre e relação aberta com a expressão.
Mudando um pouco de assunto, em suas redes sociais você tem mostrado músicas novas que tocam no momento em que estamos vivendo. A mais recente é Inumeráveis, que expõe pequenas histórias e dá nome as pessoas que perderam a vida pela covid. Como você tem lidado com esse momento e qual o impacto em suas criações? A arte está mais do que necessária?
CC:. A medicina, a ciência e o conhecimento estão mais do que necessários. A arte tem o lugar dela de abordar ludicamente diferentes temas, trazer pro simbólico a experiência humana. Tenho composto muito mas nem tudo é sobre o agora. Arte é especulação, olhar na sala dos espelhos, na caverna das ambiguidades indecifráveis.
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