Tingo-Lingo, de Wallace Santos, conta a história dos vendedores de Cavaco Chinês

Agenda Cultural

Cine Casa de Taipa inaugura nova fase com curtas potiguares

Sessões acontecem a céu aberto, na praia de Sagi, litoral sul. Além dos curtas locais, também está na programação os longas Soul e AmarElo

07 de janeiro de 2021

A magia do cinema também está no fato das pessoas se verem refletidas nas histórias contadas na tela. Algumas produções do Rio Grande do Norte tem proposto um olhar sobre a vida em nosso entorno. A partir disso a nova temporada do Cine Casa de Taipa, na praia de Sagi, vai exibir filmes produzidos no Rio Grande do Norte, a partir deste janeiro. Todos os longas exibidos no Centro Cultural Casa de Taipa, no Sagi, distrito de Baía Formosa, serão precedidos de curtas-metragens potiguares.

A inclusão do cinema potiguar dentro do Cine Casa de Taipa foi idealizada como parte integrante do projeto Centro Cultural Casa de Taipa Vivo!, aprovado no mês de dezembro passado em um dos editais da lei Aldir Blanc do Rio Grande do Norte. O edital de empreendimento cultural foi promovido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Fundação José Augusto, com recursos da Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo do Governo Federal.

“Há 7 anos realizamos sessões cinematográficas gratuitas para a comunidade do Sagi e visitantes. Sempre valorizamos os curtas antes da exibição dos longas, mas sempre foram filmes de outros estados brasileiros e mesmo internacionais. Estava passando da hora de concentrarmos o foco no nosso cinema. O edital só veio para estimular essa idéia que estava adormecida”, argumento Rubens Araújo, coordenador do Centro Cultural Casa de Taipa.

Durante 2 meses, janeiro e fevereiro, o público poderá se reconhecer nas histórias de ficção e documentários potiguares que começam a ser exibidos a partir deste sábado, 9 de janeiro, às 19h30, no distrito do Sagi. A curadoria do projeto foi feita em parceria com o músico Umara Luiz, um dos idealizadores, ao lado da produtora cultural Marcelle Silva, do belo projeto Kurta na Kombi, que leva a produção audiovisual de nosso estado pelo interior, na maioria das vezes em lugares onde a sétima arte não chega.

É de Umara as sugestões de filmes que mostram um pouco da nossa gente como “Leningrado Linha 41”, de Denia Cruz, “Dias Felizes”, de André Santos, e “O Vôo do Pássaro Multicor”, de Allan Cedrak. Entre os curta-metragens acertados para exibição no Cine casa de Taipa está o recentíssimo “A Tradicional Família Brasileira – Katu”, sobre o povo indígena da comunidade Katu, localizada no município de Canguaretama, vizinho a Baía Formosa.

O primeiro curta potiguar dessa nova fase do projeto Cine Casa de Taipa, “Tingo Lingo” é de autoria de Wallace Santos. E mais do que o sotaque local, tem o som que é a cara do Nordeste e remete a personagens que fazem parte do imaginário da gente. O filme produzido pela Casa da Praia conta a explora o dia a dia de três vendedores de cavaco chinês, bolacha artesanal vendida de porta em porta e anunciada pelo toque do triângulo.

Wallace Santos também defende esse contato imediato de primeiro grau do curta potiguar com a população local. Para ele, o nosso cinema vem de uma crescente “fruto de muita militância e trabalho dos realizadores que registram e tem os municípios do rio Grande do Norte como registro, paisagem e narrativa para contar histórias”. E acrescenta: “A formação de plateia é o cerne, o ponto central desses realizadores”. .

“Comecei a fazer esse filme desde criança. O cavaco chinês faz parte da minha memória afetiva. Eu não podia ver um vendedor e eu já corria pra rua a partir do tilintar do instrumento. A inspiração partiu desses personagens reais que andam meio esquecidos”, explica o diretor.

“Tingo Lingo”será exibido às 19h30 deste sábado, 9 de janeiro, antes da exibição do longa-metragem de ficção científica “Tenet”, dirigido por Christopher Nolan, no Centro Cultural Casa de Taipa”, no Sagi, distrito de Baía Formosa

O diretor de “Katu”, Rodrigo Sena, exalta a importância de trazer a realidade de nossa gente para mais perto do púbico. “Quando falamos de nossa identidade, fortalecemos a auto-estima porque são filmes com nosso sotaque, nosso jeito. Com esses curtas provocamos reflexão e mudanças de ponto de vista. Por isso é importante que sejam exibidos para a plateia potiguar”. O curta de Sena será exibido dia 23 de janeiro antes do documentário de longa-metragem “AmarElo”, do rapper Emicida.

 

Filmes de janeiro

Tingo Lingo, de Wallace Santos – Dia 9 de janeiro. Longa-metragem: Tenet

O Vôo do Pássaro Multicor, de Allan Cedrak – Dia 16 de Janeiro. Longa-metragem: Soul

A Tradicional Família Brasileira – Katu, de Rodrigo Sena. Dia 23 de janeiro. Longa-metragem: AmarElo