Diretor faz recorte pessoal sobre o mais longevo grupo de teatro norte-rio-grandense

É Típico!

Clowns de Shakespeare celebra 30 anos com "Um Filme Sem Fim"

Documentário dirigido por Carito Cavalcanti revisita a trajetória do grupo de teatro potiguar através dos atores e das peças encenadas

18 de outubro de 2022

A trajetória do grupo Clowns de Shakespeare reflete a essência do teatro de grupo: uma jornada feita de descobertas, encontros, despedidas, desalentos, vitórias e muitos recomeços. Em 2013, o diretor Carito Cavalcanti acompanhou a trupe durante todo o ano, para fazer um documentário em comemoração ao vigésimo aniversário. A falta de verba impediu o grupo de concluir o filme. O projeto ficou suspenso por quase dez anos, até que em 2021 as atividades puderam ser finalmente retomadas. O documentário “Um Filme Sem Fim” será lançado neste mês de outubro, em uma circulação por escolas públicas da capital, levando para os nossos jovens um pouco da história e do talento desse importante grupo de teatro potiguar.

Carito fala com carinho sobre o projeto: “Esse é um filme dos Clowns que eu acompanhei, vivenciei, e me tornei parceiro e amigo. Sei que é apenas uma parte da história. Já diz um grande documentarista que recortes fortalecem um documentário. Fiz alguns recortes de forma orgânica, intuitiva, também muitas vezes racional, tantas vezes emotiva. Sempre guiado pelos depoimentos antigos misturados com os novos, pelas muitas imagens de apoio em todos esses anos onde eu estava ali como num big brother com eles, acompanhando, registrando, filmando, observando e também fazendo parte. Nesse documentário o tempo cronológico é quebrando e é invadido pelo tempo psicológico, os tempos se misturam, os depoimentos antigos e novos se misturam, vida e arte se misturam em um caldeirão sensorial. A narrativa do documentário algumas vezes se apropria da narrativa dos espetáculos do grupo numa ressignificação e comunhão de linguagem. Reflexões da arte vida, histórias de um grupo que vive o teatro de grupo e vive muitas mudanças, mudanças sem fim…”

Durante os últimos anos o grupo Clowns de Shakespeare passou por várias transformações. O grupo circulou por todo o Brasil e vários países da América do Sul e da Europa. Em cerca de 1300 apresentações, 26 espetáculos e inúmeras ações pedagógicas e de pesquisa, mais de setenta integrantes entre atores, atrizes e técnicos participaram dessa jornada. “Um Filme Sem Fim” é um recorte pessoal de uma história que parece não ter fim. E talvez não tenha mesmo, pois já é memória enquanto ainda está sendo escrita: o registro de um trabalho coletivo que é feito da mesma matéria dos sonhos.

Renata Kayser, atriz e produtora do Grupo, fala sobre a celebração desses 30 anos: “É um momento muito especial da história do grupo. Uma experiência que nasce de forma despretensiosa ainda no tempo de colégio e que com o passar dos anos se torna algo muito sério e definitivo para o rumo das vidas de alguns integrantes. Muitos aprendizados, muitos parceiros, muito a se aprender, muito a desejar. Muito feliz em poder ver um pouco dessa trajetória de quase 30 anos pelo olhar de Carito Cavalcanti, grande parceiro dessas últimas duas décadas. E mais feliz de compartilhar dessa experiência com crianças e jovens que podem se inspirar com essa história e assim despertar para novas possibilidades na trajetória da vida, através das artes.”

E Fernando Yamamoto, diretor artístico do Grupo, complementa sobre o filme: “O filme conta, através do olhar sensível e poético de Carito Cavalcanti, uma história de três décadas, através de um passeio pelos seus últimos dez anos. Pra mim, é exatamente a poesia desse olhar a grande potência do filme. Apesar de ser um documentário, a narrativa vai conduzindo nossos sentidos de uma forma que, por mais que as informações históricas estejam lá, vamos nos envolvendo com o caminho escolhido por Carito, nos deliciando com essa trajetória. Pra nós, dos Clowns, é muito emocionante visitar tudo que passamos, e termos a oportunidade de compartilhar isso com as outras pessoas. Sendo um grupo de teatro que passou esses trinta anos dedicados à essa escolha de trilhar o caminho de fazer arte daqui, do Nordeste, do Rio Grande do Norte, para o país e o mundo, sabemos o quão importante é um filme como esse. É uma afirmação da memória de um teatro brasileiro que surge no Brasil profundo, fora dos centros econômicos que exclusivizam suas produções como o único teatro feito no Brasil na história oficial da nossa arte. Por isso, ‘Um Filme sem Fim’ é muito mais que um filme, que um documentário: é uma demarcação política de uma história possível.”

“Um Filme Sem Fim” tem o patrocínio da Prefeitura do Natal e Colégio CEI, via Lei Djalma Maranhão, apoio do SEBRAE-RN, realização Clowns de Shakespeare e Praieira Filmes e coprodução Bobox Produções.