Como um teatro no mundo reverso, seis atores criam cenas ao vivo para uma plateia reduzida

Agenda Cultural

Clowns de Shakespeare cria aventura cibernética em novo espetáculo virtual

CLÃ_DESTIN@: uma viagem cênico-cibernética é encenado virtualmente e público pode interagir. Temporada vai até dia 17, em 3 sessões diárias

12 de julho de 2020

Cinthia Lopes

Alguns entendem como teatro o momento em que o espectador escolhe a cadeira em que verá o plano de ação de um ator ou do elenco de uma peça. Para o ator, é a arte do encontro, de estar em cena diante de seu público. Acostumado a plateias numerosas e qualificadas, o Grupo Clowns de Shakespeare de Teatro sentiu o impacto que a pandemia do coronavírus provocou em seus planos para 2020, pois vinha em um processo de montagem de uma grande produção. Afora o fato de que é parte da trajetória do grupo o processo de pesquisa continuada, tendo o diálogo com outros criadores da América latina. Incompatível com o isolamento social e a distância física dos companheiros de palco.

Sem o meio físico, a interação das ruas, o estudo em grupo e o calendário de turnês, o grupo manteve o ânimo ao voltar à investigação teatral com base no novo normal: o teatro em multiplataformas. Os atores se embrenharam em uma viagem por aplicativos para criar “CLÃ_DESTIN@: uma viagem cênico-cibernética”.

O espetáculo é totalmente independente e estreou na última semana  e vai até 17 de julho, com sessões diárias, entre 18h, 19h30 e 21h, porém limitado a poucas pessoas por sessão. Os “ingressos” para esta viagem pelo mundo reverso custa R$25 e deve ser adquirida pelo direct do Instagram no perfil @teatroclowns.

Cada apresentação tem seis pessoas por vez. Os espectadores tem experiências cênicas através da interatividade do elenco. Segundo Dudu Galvão, o grupo utiliza as plataformas Zoom, Instagram e whatsapp para conduzir os espectadores. A sequência inicia com as cenas individuais, onde cada ator  mascarado cria cena e interage com um espectador, e depois todo mundo se reúne no Zoom para a cena final. “As pessoas que não se sentem à vontade em participar em vídeo, acompanha através do Whatsapp. A gente propõe uma interatividade real, pois nada é pré-gravado. Contamos com todos os riscos do ao vivo, assim como no teatro”, contou o ator.

Abrazo, um dos sucessos do repertório do grupo, sofreu censura em 2020

Para o diretor artístico Fernando Yamamoto, o trabalho investiga formas de se pensar e viabilizar o fazer teatral na América Latina em dias de quarentena, usando tecnologias “rotineiras” para criar experiências extracotidianas. “Tentamos ressignificar um pouco a maneira como os aplicativos e redes sociais têm sido utilizados nesse período durante o dia-a-dia, no trabalho, para os estudos ou lazer”, destaca o diretor. A ideia é proporcionar uma experiência de encontro, mesmo que virtual. ”A gente entende que não é teatro em sua completude, mas também não nos interessa defini-lo nesse momento. Nos interessa investigá-lo”.

A experiência surge a partir de outras pesquisas do grupo, que mergulha há mais de uma década no universo da América Latina através de diversos projetos – entre eles o Boi Vagamundo, que circulou por diversos estados do Brasil, além de Peru, Equador e Colômbia. Após um ano de estudos sobre as festas populares de vários países latino-americanos, a companhia iniciou a montagem da obra “O Homem ao Revés”, uma proposta de teatro de rua que estuda o diálogo entre teatro popular e linguagens de rua contemporâneas.

“Dentro dessa pesquisa, a gente se deparou com esse momento, essa impossibilidade de continuar com os ensaios presenciais e, consequentemente, com o próprio projeto de montagem de um espetáculo de teatro de rua. Porém, a partir do universo de materiais coletados por todo esse tempo, decidimos fazer uma leitura do atual momento do mundo nesse período pandêmico dentro do universo que vínhamos pesquisando”, descreve Yamamoto. “Queremos discutir o que é estar em casa, o que é estar fora, o que é viajar”.

SERVIÇO

CLÃ_DESTIN@: uma viagem cênico-cibernética

Até 17 de julho, de terças a sextas

Horário: três sessões por noite, às 18h, 19h30 e 21h

Ingressos e informações: Enviar mensagem por direct ao perfil @teatroclowns no Instagram

 

Atualizado em 13/07