Augusto Severo morreu em Paris, quando o digivível Pax explodiu durante vôo inaugural.

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Comitiva potiguar acompanha remoção dos restos mortais de Augusto Severo no Rio

O retorno do inventor e pioneiro da aviação Augusto Severo de Albuquerque Maranhão para o solo onde nasceu, em Macaíba-RN, vai acontecer dia 12

05 de dezembro de 2022

Por Cinthia Lopes | Redação Típico Local

O retorno do inventor e pioneiro da aviação Augusto Severo de Albuquerque Maranhão para o solo onde nasceu, em Macaíba-RN, está em contagem regressiva. Nesta segunda-feira (5), às 9h30 da manhã no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, será realizado um ato de abertura do seu mausoléu para a remoção dos restos mortais que serão trasladados para o Rio Grande do Norte no dia 12 de dezembro - 120 anos após sua morte.

A solenidade vai contar com a presença de uma comitiva potiguar formada pelo vice-governador Antenor Roberto, o advogado e escritor Armando Holanda, a pesquisadora Leide Câmara, organizadora da exposição e acervo sobre o piloto, e outros representantes de entidades oficiais do Estado. Um almoço organizado pela Fecomércio do RJ está na agenda.

Além dos restos mortais, serão transportadas também as peças originais, efígie e adornos, para que o mausoléu possa ser recomposto. No dia 12 de dezembro será realizada uma missa solene celebrada na Matriz de Macaíba para marcar a data histórica que terá a presença da governadora Fátima Bezerra.   

Augusto Severo morreu em Paris no dia 12 de maio de 1902, quando o dirigível que pilotava explodiu no ar e caiu sobre a Avenue Maine. Junto com ele estava o mecânico francês Georges Sachet. Um mês após o acidente com o Pax, seu corpo foi trazido para o Brasil e enterrado no Rio de Janeiro, que na época era a capital da República. A imprensa carioca registrou o acontecimento em manchetes e páginas inteiras. O Cidade do Rio, dirigido por José do Patrocínio, escreveu que Augusto Severo não foi só um "mártir da Ciência, mas um dos mais gloriosos operários da nossa civilização”. 

A missão de trazê-lo ao seu berço original foi encampada por um grupo de pesquisadores locais, entre os quais está o advogado Armando Holanda (ex-diretor do IPHAN-RN), que documentou a odisséia burocrática no livro “Augusto Severo: o Retorno”, lançado em março deste ano. Segundo o pesquisador e advogado Pedro George de Brito, foram muitas mãos amigas e algumas viagens a Paris para destravar assinaturas, documentos e autorizações. Também contou com uma ajuda da Fecomércio RN, que dialogou com a Federação do Comércio do Rio para a condução das conversas com o Cemitério São João Batista. 

Com o transcurso do aniversário dos 120 anos da morte de Augusto Severo, o movimento cresceu e envolveu outras instituições como a UFRN, que está construindo o Parque Tecnológico Augusto Severo (PAX) na comunidade Jundiaí, próximo à Escola Agrícola (EAJ) e ao Instituto Santos Dumont (ISD). Em novembro, o Governo do Estado formalizou no Diário Oficial o Grupo de Trabalho da missão Augusto Severo. Vale lembrar que atualmente o único local que conta com exposição permanente sobre o aviador é o Centro Cultural Trampolim da Vitória (CCTV), em Parnamirim, no museu montado no antigo aeroporto.  

INVENTOR

Augusto Severo nasceu em 11 de janeiro de 1864, em Macaíba, foi deputado pelo Rio Grande do Norte em 1884, além de professor e escritor. Motivado pelos trabalhos em aerostação do inventor paraense Júlio César Ribeiro de Souza, que apresentou um projeto de dirigível ao Instituto Politécnico Brasileiro em 1881, Severo passou a se interessar pelo voo, realizando observação de aves planadoras e construindo pequenos modelos de pipas, uma das quais denominou Albatroz. Em Paris, Augusto Severo construiu na casa Lachambre dois balões: o “Bartolomeu de Gusmão”, em 1894, e o “Pax”, em 1902.