Concreto resgate

Por Lívio Oliveira 

NUM SÁBADO ensolarado de Natal, veio às minhas mãos e diante dos meus olhos embevecidos o primeiríssimo exemplar de uma obra que considero imprescindível para a reconstituição de parte da história literária e artística de Natal e também do nosso combalido país.

Um livro primoroso, de autoria do escritor e professor aposentado da UFRN, Francisco Ivan, a ser publicado no próximo mês pelas Edições Sebo Vermelho, intitula-se "A Presença dos Poetas Concretos em Natal". 

De logo, deliciei-me com a capa, de uma suave beleza, de autoria de Fabrício Ribeiro, em que as paredes da Fortaleza dos Reis Magos nos trazem a ideia imediata da concretude em torno de palavras, imagens, signos.

O livro reconstitui as passagens por Natal, em momentos diversos, dos três mais destacados nomes da Poesia Concreta, oriunda de forte movimento vanguardista brasileiro. 

Na nossa Capital, Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari estiveram e deixaram boas marcas.

Além de um texto prazeroso de Francisco Ivan, acerca do qual nos debruçaremos mais detidamente num próximo texto para o Típico Local, há uma iconografia rica e invulgar, em que resta nítido o prazer experimentado por esses colossos do pensamento e da arte literária brasileiros na Cidade do Sol.

Abimael Silva acertou no alvo. Não há qualquer dúvida de que o lançamento vindouro se constituirá num dos momentos culturais mais importantes do ano pandêmico e muito confuso de 2021. Por essa razão mesma, coloco aqui a advertência de que logo o livro se tornará raro, tendo em vista que tão-somente 200 (duzentos) exemplares entraram nas máquinas gráficas de impressão do já famoso Miro Neto, braço direito nas tarefas editoriais do Sebo Vermelho. 

Junto ao presente texto, trago algumas das raras e saborosas imagens reproduzidas no livro de imensa importância.