Os dois eleitos Dácio Galvão e Marcelo Alves e a Comissão Eleitoral da Academia de Letras 

Reportagens

Academia de Letras encerra 2020 com as 40 cadeiras ocupadas

As três últimas vagas que estavam abertas ganharam novos ocupantes dia 18. São eles Dácio Galvão, Marcelo Alves e o historiador Kokinho

18 de dezembro de 2020

Por Cinthia Lopes

Se Câmara Cascudo estivesse vivo, diria que a casa está cheia “com o brilho de uma reunião de nomes de cultura.”  Fundada pelo grande intelectual potiguar, a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras encerra o ano de 2020 com todas as 40 cadeiras ocupadas. As três últimas vagas que estavam abertas ganharam novos ocupantes nesta sexta-feira, 18, quando aconteceu a última eleição do ano.

O escritor e gestor cultural Dácio Galvão foi eleito e irá ocupar a cadeira de número 10, cujo último ocupante foi o jornalista Paulo Macedo e teve como patrono Elias Souto. Galvão recebeu 29 votos contra 2 da concorrente Naide Maria Saraiva de Gouveia, que também se habilitou para concorrer com os outros dois candidatos em vagas diferentes.

O procurador geral da República e escritor Marcelo Alves foi conduzido por 30 votos para a cadeira de número 19, que pertenceu ao jornalista Murilo Melo Filho, falecido este ano, cujo patrono é Ferreira Itajubá.

Já o historiador e escritor Luiz Eduardo Brandão Suassuna, o professor Kokinho, também foi eleito com 30 votos e ocupará a cadeira 25, de João Wilson Mendes Melo, tendo como patrono Ponciano Barbosa. Ambos também concorreram com a professora Naide Gouveia.

Membro da ANRL e diretora de comunicação da instituição, a escritora Leide Câmara comentou que o ano termina com todas as vagas ocupadas, mas somente 35 estão empossados até o momento. Ainda não tomaram posse os eleitos em pleitos anteriores, como o jornalista Woden Madruga e Armando Holanda, que tem posse marcada para abril de 2021. Na eleição desta sexta-feira foram computados os votos de 31 acadêmicos, os ausentes estão afastados por motivo de doença.

Dácio Galvão é escritor, poeta, produtor e gestor cultural, ocupando no momento o cargo de Secretário Municipal de Cultura/Funcarte. Lançou em dezembro o livro “Poética Geral”, no qual revisita textos poéticos de sua autoria. Também publicou “Blues Repartido”, “Palavras, Palavras, Palavras”, “Da Poesia ao Poema”, além dos Cd’s-livros “Poemúsicas1” e “Poemúsicas2” e ainda inédito, mas em fase de finalização, o “Poemúsicas 3”. É também o idealizador de dois grandes festivais literários, o FLIPIPA e O Festival Literário de Natal. Na produção musical e cultural, geriu por dez anos o projeto Nação Potiguar e criou a revista cultural Brouhaha. Em 2020 também lançou “Porto do Madeiro”, um retorno às origens na arte do vídeo experimental em parceria com Cid Campos, Lucila Meirelles e Augusto Calçada. 

O procurador geral da República Marcelo Alves Dias de Souza é também um acadêmico dedicado aos livros. Lançou em outubro “Sobre Livrarias & Bibliotecas”, que reúne crônicas de viagens com a particularidade de ser sobre experiências em ambientes literários que visitou pelo mundo. O escritor também já é membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte, ocupando a cadeira do patrono Hélio Galvão. Também publicou livros jurídicos e a trilogia de crônicas “Ensaios Ingleses”, “Retratos Ingleses” e “Códigos Ingleses”.

Para Dácio Galvão, a Academia- Norte- Rio-Grandense de Letras se renova ao reunir novos nomes da cultura em seus assentos. “Sinto que ANRL, a exemplo da ABL, que integra intelectuais como Geraldo Eduardo Carneiro, Antonio Cícero, Cacá Diégues, abre espaços para incorporar ao seu seleto quadro pulsações diversas de pensamentos”, comentou.  "Fico feliz por ter sido eleito pelo voto direto, democraticamente. Agradeço, e já me disponibilizo para contribuir”.

O historiador Luiz Eduardo Suassuna é acadêmico e professor com mais de 40 anos dedicados ao ensino de história nas escolas. Kokinho, como é conhecido, tem vários livros publicados e é de sua autoria a mais completa obra sobre o RN, “História do Rio Grande do Norte”, escrito em parceria com a também historiadora Marlene da Silva Mariz. Além da obra de referência, Kokinho também apresentou a História com linguagem acessível e formou gerações de estudantes.  O escritor também está para lançar a obra “História da Abolição e do Movimento Negro no Rio Grande do Norte”, desde a fundação da cidade. Sobre o livro, o editor Abimael Silva comentou que trará dados inéditos sobre um tema pouco pesquisado. "De forma didática, Luiz Suassuna apresenta uma obra fundamental, documentada sobre a escravatura e os movimentos negros aqui. Dentre os assuntos inéditos, por exemplo, documenta pelo menos 20 cidades que tinham abolido a escravatura antes do 13 de maio de 1888”, comentou Abimael. O livro está previsto para janeiro de 2021.

 A Academia Norte-Rio-Grandense de Letras (ANRL) Instituição fundada em 1936 e que desde então vem participando com regularmente da cena cultural do estado, sobretudo no tocante a literatura. Atualmente é presidida pelo Advogado e escritor Diógenes da Cunha Lima.