Daniel Cesar expõe arte abstrata em diálogo com a literatura

Cinthia Lopes

Cores em contraste e texturas criadas a partir de linhas geométricas e curvas minuciosamente desenhadas são como uma escrita oculta nas pinturas de Daniel César. O artista natalense pinta e desenha profissionalmente desde 2012, mas nos últimos três anos fez uma pausa na área de literatura e história, do qual era estudante e pesquisador, para se dedicar totalmente à arte. Dessas conexões construídas entre arte e leitura nasce "Inconsciência literária: o abstracionismo estético de Daniel César”, a primeira exposição presencial do artista plástico fora das redes sociais. A estreia é na sexta-feira (14), na galeria do Bar do Pedrinho, na rua Vigário Bartolomeu, Cidade Alta. A programação ainda conta com show da banda Herik and The Invisible Band, a partir das 18h. 

Daniel César chega ao público respaldado por colecionadores de arte e admiradores de seu estilo estético-abstracionista, um conceito o qual persegue para proporcionar ao espectador sensações e leituras diversas na ausência das palavras. Na exposição serão 15 telas temáticas de pura experimentação visual em diálogo com músicas, poemas, conceitos filosóficos e principalmente de autores que aprecia, como Nietzsche, Kafka, Marquês de Sade e Baudelaire.

Aurora, 2021                                            Górgona, 2021

Embora intensificada a partir de 2019, a pintura entrou na vida de Daniel César de forma intuitiva e despretensiosa, quando desenhava na contracapa dos livros que lia durante as aulas de licenciatura em História,  na UFRN. A partir dali passou a explorar materiais recicláveis e de baixo custo para criar telas e emoldurá-las. Começou a colocar seu material na internet e chamou atenção de compradores e outros artistas com quem tem dialogado desde então.

Sobre sua arte, ele diz que trabalha com uma "inconsciência não-inconsciente", pois em seu entendimento da criação abstrata não lida com o reino dos sonhos, tal como os surrealistas, e sim com experiências visuais conscientes. “O potencial criativo do abstracionismo decorre da ideia de sono sem sonhos, mas com padrões latentes, geometrizantes, nesta dimensão do ’nada que é tudo’”, teoriza. 

Daniel procura não servir à racionalidade útil. “Procuro abstrair as texturas múltiplas e os desordenamentos que compõem o visual abstrato, captar o sentimento de insubordinação que, ao meu ver, constitui o elemento fundamental neste estilo artístico”.

Para conhecer mais o trabalho do artista acesse @incosciencia_literaria ou confira a exposição a partir desta sexta-feira, 18h até 14 de fevereiro. Todas as obras estarão à venda.