Cultura tem o maior percentual de crescimento do setor em todo o Brasil. foto: Canindé Soares

Reportagens

Economia criativa no RN ganha  27,8 mil novas vagas de trabalho, aponta pesquisa

A recuperação do segmento que reúne cultura, moda, arquitetura, artesanato, comunicação foi tão intensa que superou a taxa média de retomada

03 de julho de 2022

O avanço da vacinação e a retomada das atividades presenciais deram forte impulso ao emprego na economia criativa no primeiro trimestre deste ano. O segmento, que reúne cultura, moda, design, arquitetura, artesanato, comunicação, publicidade, entre outras especialidades profissionais, ganhou 814 mil novos postos de trabalho e fechou o período com 7,4 milhões de trabalhadores ocupados, número 12% maior que os 6,5 milhões verificados no   primeiro trimestre de 2021. Os dados são do Boletim de Economia Criativa produzido pelo Observatório Itaú Cultural.

Segundo o levantamento, feito com base nos dados da Pnad Contínua, a retomada gerou crescimento real de postos de trabalho frente ao período pré-pandemia. O segmento encerrou o primeiro trimestre de 2022 com 570 mil postos a mais que os 6,8 milhões verificados no primeiro trimestre de 2020 (crescimento de 8% no intervalo).

“A indústria criativa experimentou forte retomada, ampliou a oferta de postos frente ao período pré-Covid e mostrou que é um segmento de grande relevância para a geração de emprego e renda na economia brasileira”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

A recuperação do segmento foi tão intensa que superou a taxa média de retomada de emprego no país. No comparativo do 1º trimestre de 2022 contra o 1º trimestre de 2021, o número de vagas totais ofertadas no Brasil, segundo o IBGE, cresceu 9%. O índice é   3 pontos percentuais menor que os 12% verificados nos setores criativos. No comparativo do 1º trimestre de 2022 contra o 1º trimestre de 2020, a economia brasileira aumentou em 2% a oferta de vagas, 6 pontos percentuais a menos que os 8% verificados na economia criativa.

Crescimento no Rio Grande do Norte é de 37%

No Rio Grande do Norte, o crescimento da oferta de vagas para trabalhadores da economia criativa foi de 37% entre o 1º trimestre de 2021 e o mesmo intervalo de 2022. Foram criados 27,8 mil novos postos de trabalho para o segmento no estado, neste período. O número de vagas no Rio Grande do Norte já supera o período pré-pandemia. No 1º trimestre de 2020 havia 99,1 mil trabalhadores alocados na indústria criativa. No 1º trimestre deste ano foram registrados 103,1 mil postos de trabalho no segmento.  

Tabela

Descrição gerada automaticamente com confiança média        

Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural

Cultura: maior crescimento percentual

O estrato de trabalhadores especializados em cultura, em todo o Brasil, foi o que experimentou o maior crescimento relativo de oferta de postos de trabalho, entre o 1º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2021. No total, foram abertas 173 mil vagas para este estrato, uma expansão de 32% no período. A recuperação, entretanto, não foi suficiente para retomar o número de postos deste estrato verificado no primeiro trimestre de 2020.

“A Lei Aldir Blanc (aprovada em março de 2020 e regulamentada em agosto do mesmo ano) teve papel fundamental para atenuar a eliminação de postos de trabalho na cultura e para impulsionar a retomada a partir do primeiro trimestre de 2021”. avalia Saron.  “Saímos uma queda de 27% (cerca de 198 mil postos de trabalho perdidos), entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, para uma retomada que em parte se amparou nos estímulos desta legislação”, diz o diretor do Itaú Cultural. 

Já o número de postos para os trabalhadores de apoio alocados na economia criativa (um contador que presta serviços para empresas do segmento, por exemplo) cresceu 24%, com o acréscimo de 532,1 mil postos de trabalho no intervalo analisado.

O número de postos para trabalhadores criativos incorporados por outros setores da economia (um design que trabalha na indústria automotiva, por exemplo), cresceu 10% no comparativo do 1º Trimestre de 2022 contra o mesmo período de 2021, com a criação de 167,6 mil novos postos no intervalo).

Já a oferta de postos ofertados para o conjunto dos trabalhadores criativos (somando cultura e os especializados de outros segmentos criativos) teve crescimento menos intenso e bateu a marca de  4% de expansão. Este conjunto somava 2,6 milhões de empregos no 1º trimestre de 2021 contra 2,8 milhões no mesmo intervalo de 2022.

 

Uma imagem contendo Gráfico

Descrição gerada automaticamenteFonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural.

Vínculo empregatício

Quanto ao tipo de vínculo de trabalho, os índices se mantiveram estáveis no comparativo entre o 1º trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022. O percentual de trabalhadores formais da economia criativa no período ficou na faixa de 63%. Os informais perfizeram 37%. A informalidade no geral da economia Brasileira ficou em 40% no 1º trimestre de 2022, segundo dados do IBGE.

 Antes e pós-pandemia

O estudo do Observatório Itaú Cultural também comparou o saldo do emprego da economia criativa antes e depois da pandemia. Embora tenha registrado forte crescimento no 1º Trimestre de 2022, frente ao mesmo período de 2021, os postos de trabalho para trabalhadores especializados da cultura ainda não voltaram ao patamar pré-Covid. No comparativo entre o 1º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2020, houve encolhimento de 3% na oferta de postos para este estrato, com eliminação de 24,5 mil vagas.

Para os trabalhadores criativos incorporados por outros setores, houve aumento de 2% na oferta de novas vagas (+ 39 mil postos). Para o conjunto dos trabalhadores especializados que trabalham em setores criativos que englobam Publicidade, Arquitetura, Moda, Design, Tecnologia da Informação e Editorial, o crescimento foi de 9% (+174 mil postos) e para os trabalhadores de apoio da economia criativa, o número de vagas cresceu 16% (+381 mil postos). 

Rendimento 

O rendimento médio dos trabalhadores da economia criativa registrou queda nominal entre o 1º trimestre de 2020 (antes da pandemia) e o 1º trimestre de 2022, aponta o levantamento do Observatório Itaú Cultural. O conjunto dos trabalhadores do segmento registrava ganho médio de R$ 4.092,00 no primeiro trimestre de 2020. No mesmo intervalo de 2022, o ganho médio caiu para R$ 3.916,00. 

O estudo apontou ainda que a média salarial dos trabalhadores da economia criativa é maior que a média dos trabalhadores da economia como um todo. Na economia criativa, o rendimento médio nominal foi de R$ 3.916,00 no 1º trimestre de 2022. O valor é R$ 1.132,00 maior que os R$ 2.784,00 verificados para o geral da economia.