Revista traz na capa a paisagem náutico-litorânea de Tomé Filgueira (19
Agenda Cultural
Com foco na Literatura e artes em geral, a publicação da ANRL se diversifica e vai do ensaio ao poema, do artigo à narrativa curta
15 de outubro de 2020
por Alexandre Alves
Em sua mais recente edição, a de número 64, a revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras surpreende pela quantidade de textos variados – somando 36 deles – e também focou a qualidade das escritas aqui encontradas. A revista capricha já desde a capa, contendo um dos quadros náutico-litorâneos de Tomé Filgueira (1938-2008), nome relevante da pintura potiguar.
Editada pelo jovem pesquisador Thiago Gonzaga e dirigida pelo experiente autor Manoel Onofre Neto, como já de praxe, o decorrer das páginas da publicação a seção de “Artigos e ensaios” tem mais espaço e aqui os destaques são muitos. Desde o texto de abertura – com Diógenes da Cunha Lima contando fatos da vida do jornalista Murilo Melo Filho – até o texto de Vicente Serejo nomeado “Cascudo, a dúvida e o erro” (tratando da real estreia em livro do mestre potiguar), passando pelo essencial “Presença do negro na literatura potiguar”, de Thiago Gonzaga, a diversidade prospera nas páginas da revista.
Ainda há os atraentes “Pandemia: história e cultura”, datando as pandemias e outras enfermidades (varíola, cólera, gripe espanhola) ocorridas em solo potiguar antes da atual, do escritor e médico Iaperi Araújo, e o sempre discutido “Quem foi Lampião?”, escrito por de Benedito Vasconcelos Mendes, embora nesta dupla de textos os respectivos autores não trazendo ao final as fontes consultadas para as informações, dado essencial. Do lado literário propriamente dito, surgem o conto de Clauder
Arcanjo e a incisiva crônica da Profa. Ana Paula Campos (“Precisamos descolonizar a base da população”), além do lirismo ecológico de Jarbas Martins nos perturbadores treze versos de “Rondel” (O sorriso industrial do Motoserra / rói o mais leve sonho das esquinas / [...] / Em estojos de culpas se encerra / e nas cegas lições que a si doutrina).
Lembrando que a revista é gratuita, mas de edição limitada. Quem quiser ainda conseguir um exemplar enquanto ela ainda está no começo de sua circulação, pode passar na sede da Academia Norte-rio-grandense de Letras, que fica na Rua Mipibu, n. 443 (por trás da Escola estadual Anísio Teixeira, Petrópolis) e garanta já seu exemplar. E que a revista chegue ao seu septuagésimo número com a qualidade desta edição.
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