Pedro Rhuas prepara segunda parte da obra que foi bem recebida pelo público
Reportagens
Vencedor do prêmio Clipop, da Companhia das Letras, Pedro Rhuas dá visibilidade nacional a romance cheio de gírias e aspectos locais
14 de julho de 2020
Por Jana Maia
Enquanto eu não te encontro, livro do autor natalense Pedro Rhuas, foi o romance vencedor do Concurso de Literatura Pop (Clipop) pela Editora Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras. Cheio de identidade local e representatividade LGBTQIA+ o autor fez uma autopublicação e o livro está à venda na Amazon e já reina com uma avaliação de 4,7 estrelas e um background enorme de fãs.
O livro conta a história de um personagem que sai do interior para morar na capital, que se passa em Natal, Rio Grande do Norte. Um rapaz de pouco traquejo social, que está iniciando sua vida na fase jovem-adulto. Toda a narrativa segue em torno de suas experiências, descobertas e aventuras, sendo a história uma fuga da ótica cis heteronormativa que conta com humor um romance catch. Enquanto não te encontro começou a ser escrito em 2016, bebeu referências de várias fases da vida do autor até ser autopublicado digitalmente em março deste ano.
Pedro conta que acabou sabendo do concurso por acaso através das redes sociais e por se tratar de uma editora a qual ele sempre acompanhou e admirou, resolveu participar e acabou enviando o manuscrito que se tornou vencedor. O prêmio consiste numa viagem à São Paulo para conhecer a editora e um curso EAD voltado para o mercado editorial, mas devido a pandemia os processos estão acontecendo por partes.
O livro também tem possibilidade de ser publicado pela Editora Seguinte em material físico, algo que ainda está sendo discutido. Mas para o autor a autopublicação também tem seus pontos positivos, pois amplia o mercado literário e deixa os leitores mais livres para conhecer autores que talvez antes não seriam publicados, narrativas variadas e contextos amplos de um país e mundo tão diverso.
Pedro Rhuas publicou livro na Amazon
Para o autor, Enquanto não te encontro surge num momento de fortalecimento da comunidade LGBTQIA+ em todas as frentes artísticas, comunicacionais, possibilitando mover um mercado financeiro inteiro. Além disso, num momento de importância extrema da representatividade dentro do nordeste, como uma resposta ao apagamento histórico. “É uma história que dialoga de um modo emocional, vencer o próprio concurso nacional significa vencer historicamente, representar nossa região e afirmá-la enquanto resistência,e meu livro vem pra somar-se a esse movimento”, diz ele.
O escritor, que também é estudante de jornalismo, cantor e compositor, vive a transmídia completa em seus trabalhos e já lançou também o single Enquanto não te encontro, na plataforma digital Spotify e o clipe da música no YouTube. Para ele a música age como uma possibilidade de potencializar o seu alcance nesse caso, mas também como uma maneira de convergir dois mundos que vive.
Sem perder muito tempo, pro futuro próximo, Pedro Rhuas promete continuar no furacão de produções e já tem projetos encaminhados. A segunda parte desse romance foi escrita durante o período de isolamento, um projeto que teve eco da resposta do público da primeira parte do romance e de seus pedidos pela continuação por parte dos seus leitores cativos.
Além disso, durante a quarentena o escritor também produziu um conto, baseado em fatos reais, sobre um assassinato de uma pessoa LGBTQIA+ na cidade de João Pessoa. Numa narrativa diferente do livro atual, esse conto aborda a violência, é sobre manter viva a história, abraçar os mortos e proporcionar força para a batalha que acontece em nosso país, contra o genocídio LGBTfóbico. Mas há um ponto de encontro entre as suas produções literárias, que é dialogar com público jovem sobre questões políticas. O material será lançado em setembro e já foi apresentado para um grupo de leitura sensível, para que ninguém seja ferido durante sua leitura. Bom, fica claro que é melhor não perder esse escritor de vista.
Trecho:
“Mas assim como cozinhar é algo relativamente novo - e ineficiente - em minha vida, as quedas regulares também são. Quando morava em Luna do Norte, a minúscula e interiorana cidade onde nasci, tão pacata quanto cruel, minha realidade era outra. Lá, eu podia enumerar as quedas que levava e não recordava de destruir copos com tanta frequência desde a puberdade.
Não sei se fui amaldiçoado com sete anos de azar depois de todo aquele vidro aniquilado, mas a verdade é que ao me mudar pra Natal, capital do estado, meu corpo despertou pra uma condição de selvageria brutal.”
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