Obras de artistas como Navarro representam no RN o modelo modernista de uma"arte nacional"

Agenda Cultural

Exposição reúne obras modernistas que pertenceram ao Bandern

Paisagens, culturas e histórias do modernismo no Rio Grande do Norte estão representadas por 9 artistas, como Newton Navarro e Manxa

09 de maio de 2022

Pela primeira vez desde a sua reabertura, a Pinacoteca do Estado, no Palácio Potengi, realiza sua primeira exposição temática tendo uma curadoria convidada. Trata-se da mostra “Do Banco ao Museu:  paisagens, fazeres e histórias”, aberta em alusão às comemorações do Dia do Artista Plástico, 8 de maio. A exposição conta com uma seleção de obras pertencentes ao antigo Banco do Estado do Rio Grande do Norte. São obras produzidas entre 1969 a 1985 por nove artistas potiguares  que pela primeira vez estão reunidas numa mostra específica. “O conjunto de obras afirma sua importância não só pela qualidade técnica, mas pela relevância do seu contexto histórico.” conta o pesquisador Diego Paiva, que divide a curadoria da exposição com Sanzia Pinheiro e Sofia Bauchwitz.

Entre as décadas de 70 e 80, o Brasil assistia ao projeto de construção de uma “arte nacional”. No Rio Grande do Norte observou-se um fenômeno semelhante, voltado à promoção de uma “arte potiguar”, também associada às vertentes da arte moderna. Neste sentido, o antigo banco passou a comprar obras de artistas potiguares para decorar os seus espaços. Após a sua liquidação essas obras foram doadas ao acervo da Pinacoteca do Estado. Hoje, 32 anos depois, em contato com essas obras podemos refletir: “Até que ponto ela ainda nos é representativa e quais seriam as nossas demandas de pertencimentos na contemporaneidade?”, questiona Diego Paiva.  

Identidade cultural 

A coleção Bandern apresenta obras que ao registrarem no tempo cenas do cotidiano, nos proporcionam uma reflexão sobre a nossa identidade. “As obras ajudam a compor os contornos de uma “identidade espacial”, observada nas paisagens urbanas e naturais, como nos casarios e nas Marinhas de Dorian Gray ou nos cajus de Vatenor, por exemplo. E abordam também uma noção ampla de “identidade cultural”, que se expressa tanto em manifestações folclóricas, como na composição do que seriam “tipos regionais”, observados nos trabalhos de Newton Navarro e Manxa ”, comenta o pesquisador.  

Pensando o acervo 

Pensar o acervo é compreender a história da arte no Estado, com esta finalidade a Pinacoteca realizará ainda, dois encontros com especialistas para abordar o assunto. O primeiro encontro acontecerá dia 14/05, às 10h, e será uma palestra com o historiador e curador, Diego Paiva. O segundo acontecerá dia 20/05, às 10h, no formato de uma roda de conversa com os professores e pesquisadores, Arilene Lucena e Henrique Medeiros. As ações serão gratuitas e abertas ao público. 

Para os curadores da exposição, voltar a nossa atenção para o acervo não diz respeito apenas ao passado, mas ao presente e, sobretudo, à possibilidade de um futuro. “Um acervo artístico-cultural é um patrimônio coletivo, que se constitui um universo de bens culturais cuja conservação e exibição é de interesse público, e que por sua vinculação à história das artes visuais e a fatos históricos do Rio Grande do Norte se mostra de valor imensurável. A valoração de um acervo deve se realizar por meio de ações de conservação, acondicionamento, pesquisa e exibição.”, enfatiza Sanzia Pinheiro.

AZOL, LAMBES E EDITAL INÉDITO

A programação da Pinacoteca prevê ainda para o mês de maio, outras duas exposições: Pilares Vivos de Jéssica Bittencourt e o Sertão Virou Mar” de Azol. Uma Mostra coletiva de lambes coordenada pela artista Jéssica Bittencourt, seguidas de palestras. Uma homenagem ao poeta e artista visual, Pedro Grilo, será promovida pela Sociedade dos Poetas Vivos e Afins. Além da publicação da Consulta Pública do Edital de Ocupação da Pinacoteca do Estado. 


SERVIÇO

Exposição:  “Do Banco ao Museu:  paisagens, fazeres e histórias”

Abertura dia 08 de maio, às 10h na Pinacoteca do Estado 

Acesso aberto e gratuito