Orquestra da UFRN se apresentou pela primeira vez no prestigiado festival | Foto: Cícero Oliveira
Agenda Cultural
Filarmônica se apresentou na Sala São Paulo e no Festival de Campos do Jordão, ambos no último final de semana
27 de julho de 2022
Repertório com grandes nomes da música potiguar e nordestina, aplausos de pé, platéia pedindo bis. Assim ficaram marcadas as apresentações da Orquestra Filarmônica (FIL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no último final de semana. A Filarmônica se apresentou em dois grandes eventos: na Sala São Paulo (no sábado, 23), uma das mais importantes do Brasil, e no Festival de Campos do Jordão (no domingo, 24), tradicional evento musical criado há 52 anos. Os convites chegaram pela Direção Artística do Festival de Inverno de Campos do Jordão e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). As apresentações contaram com regência do professor e maestro André Muniz, da Escola de Música (EMUFRN).
Foram horas de ensaio, quatro vezes por semana, de acordo com o maestro. O repertório moderno, que foge dos clássicos como Mozart, mas encanta ao mesmo tempo, foi escolhido a dedo. “A gente investiu em um repertório que as pessoas não necessariamente conhecem, e, principalmente, muitas vezes, não têm acesso a ele", disse. Com nomes nunca apresentados antes nesse concerto, como Tonheca Dantas e Felinto Lúcio, a filarmônica fez história e homenagens a compositores potiguares, como Mário Tavares, e outros da música clássica nordestina, como Caio Facó, que tem ligação direta com a UFRN, pois compôs uma obra especificamente para a filarmônica, chamada O Tear das Histórias da Terra do Sol.
A orquestra também homenageou o ex-reitor da UFRN e presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, ao apresentar sua música Verdemar. Para ele, essa foi uma homenagem ímpar, que o encheu de emoção. “Poucas vezes na minha vida eu senti essa emoção. Não sei nem se tive alguma maior”, lembrou. A música terminou com a plateia aplaudindo de pé. “A filarmônica é uma coisa que orgulha a Universidade ou qualquer outra universidade do mundo porque o que eles apresentaram lá não tinha limites”, concluiu.
Os concertos foram marcados de muita emoção para os participantes, principalmente para o maestro André Muniz, que conta como foi estar frente a uma grande plateia na Praça Capivari, onde acontece o Festival de Campos de Jordão. “Abaixo dos Estados Unidos, nada se compara com o tamanho desse festival. A curadoria é muito severa e estrita com os artistas que são convidados. Isso honra muito o nosso trabalho”, disse. A Filarmônica foi uma das 84 atrações confirmadas no evento, que acontece até o dia 31 de julho.
O violinista André Albiergio destacou a experiência de se apresentar na Sala São Paulo e no Festival de Inverno. “Ir com a Filarmônica da UFRN se apresentar no festival de Campos do Jordão foi uma experiência muito especial para mim e para todos os que formam a orquestra. Representar a UFRN tocando na Sala São Paulo, que é considerada uma das melhores salas de concerto da América Latina, durante os maiores festivais de música, foi uma honra imensa e, sem dúvida, um marco na história da Universidade e do grupo”, afirma.
Andreza Vieira, percussionista da Filarmônica, compartilha do mesmo sentimento. Para ela, as apresentações são a concretização de sonhos de infância. “A sala São Paulo é uma referência na minha vida desde antes de eu começar a estudar música. Eu me lembro de assistir aos concertos da OSESP na TV Cultura ao lado do meu pai, que sempre foi uma grande referência na minha vida cultural”, disse. “Participar deste festival e subir ao palco onde grandes músicos pisaram foi uma realização, um momento único”, finaliza.
Emoção para quem foi assistir, mas também para os responsáveis pelo evento. Ana Vitória Prudente, uma das produtoras do festival Campos do Jordão, ouviu o concerto e se emocionou com a representatividade e com a apresentação. “Para mim o mais significativo foi ver a orquestra da UFRN apresentando na Sala São Paulo com tantos músicos e musicistas negros. A importância da representatividade é inegável. Eu trabalho com isso e pesquiso a esse respeito no mestrado, mas, mesmo assim, ao ver esse palco no dia 23, chorei de emoção, de alegria. E ainda mais especial foi ter um maestro negro regendo, o que infelizmente ainda é bastante raro. E o Regente André Muniz regeu a Orquestra sempre sorrindo, demonstrando uma belíssima liderança, a relação harmoniosa com a Orquestra, o que foi muito tocante”, contou ainda com emoção.
Marcelo Lopes, diretor executivo da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, disse que o Festival de Inverno de Campos se orgulha de apresentar as melhores orquestras brasileiras, que mantêm viva a tradição musical do país. “A orquestra da UFRN, além da seriedade no repertório tradicional e um trabalho de excelente qualidade, traz o acento dos grandes compositores nordestinos, sem dúvida nenhuma uma parte indispensável da nossa identidade e de nossos valores culturais”, comentou.
Vice-diretor da EMUFRN, Fábio Presgrave, reforça que o resultado da apresentação é fruto de um trabalho de muitos anos, de uma equipe dedicada, muitos professores e servidores envolvidos. “Mostra a qualidade do trabalho que tem sido feito aqui, no Rio Grande do Norte. As apresentações são fruto de horas de dedicação, esforço e um ensino de qualidade, que devolve para a Universidade o orgulho em forma de aplausos”, conclui o diretor.
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