Titina Medeiros, Rogério Ferraz, Alice e Stefany Tavares em cena de Dionisia. Foto: Júlio Schwantz
Reportagens
Ficção inspirada em história da intelectual potiguar, "Dionisia - Poema Além da Floresta", tem direção de Nilson Eloy e produção de Thalita Vaz
15 de fevereiro de 2021
Cinthia Lopes | Editora e redatora
Nascida há mais de 200 anos em solo potiguar, numa pequena aldeia chamada Papari, a escritora, educadora e poeta Dionísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885) continua presente no imaginário do norte-rio-grandense, mesmo daqueles a quem sua obra é desconhecida. “Seu nome tem o poder de se tornar logo familiar e inesquecível para quem dela se aproxima”, escreveu a escritora Constância Lima Duarte em recente livro sobre a pioneira feminista brasileira. Se a figura de Nísia Floresta fascina dentro do meio acadêmico, seu passado ainda desconhecido da maioria das pessoas, instiga novos olhares. Não por acaso, há três filmes sobre a vida da intelectual potiguar para sair em 2021.
Uma dessas produções tem chamado a atenção nas redes sociais antes mesmo de estrear, pelo capricho visual reproduzido nas imagens publicadas das locações e cenários. É o curta-metragem “Dionísia - Poema Além da Floresta”, dirigido por Nilson Eloy e produzido por Thalita Vaz. Com roteiro do próprio Eloy, o filme percorre a infância e os primeiros anos da estudante Dionisia Gonçalves Pinto Freire, antes dela se casar aos 13, se separar, casar-se de novo para depois adotar o pseudônimo conhecido na literatura.
A jovem Dionísia Gonçalves Pinto, antes de adotar o Nísia Floresta, papel vivido por Isadora Gondim
Rodado no município de São José de Mipibu, “Dionisia” tem locações nas fazendas Olho D'água e boa parte das cenas em Lagoa do Fumo. O elenco reúne nomes jovens e experimentes. A atriz Isadora Gondim vive a escritora adolescente e Alice Ferraz é a personagem criança. A atriz Titina Medeiros surge como Antônia Clara (mãe de Dionísia) e Rogério Ferraz como Dionísio (Pai de Dionísia). Tházio Fernandes atua como Manuel Alexandre, dentre outros nomes.
Segundo o diretor Nilson Eloy, o filme tem uma pesquisa oral e também a consultoria da escritora Constância Lima Duarte, estudiosa de Nísia e autora de “Nísia Floresta #Presente: Uma Brasileira Ilustre”. “Conversei muito com ela, que também nos orientou quanto à construção do figurino”, comentou o diretor. Ele conta que a pesquisa ainda teve a ajuda do pesquisador Luiz Carlos Freire na organização das informações. “É uma ficção baseada na história da personagem real. A ideia é ser ponto de partida para captar recursos de um futuro longa-metragem ou minissérie”, adiantou o diretor.
Neste recorte inicial o autor escolheu dois momentos marcantes dos primeiros anos de Nísia, antes dela se tornar um nome pioneiro no feminismo, aproximadamente entre 1817 e 1824:
“Aos 7 anos, quando começa a perceber a dura realidade que a incomoda, que era a escravidão da época. E quando ela se casa pela primeira vez, aos 13 anos, logo em seguida ela se separa. Foram fatos que realmente aconteceram na vida de Nísia, mas claro que a forma como aconteceram aí entra a parte da ficção”, pontua o realizador.
Para a produtora Thalita Vaz, no filme é possível reconhecer os primeiros pensamentos de Nísia Floresta. “Fomos fieis a isso. O filme quer mostrar como nasceu e se transformou nessa figura, essa mulher tão importante e forte. A educação que ela teve na infância vinda dos pais, principalmente o pai dela, que tinha uma visão sobre a vida de vanguarda. Isso foi fundamental para sua formação”, explicou. O filme tenta suprir a lacuna dessa juventude pouco documentada da escritora, buscando construir a narrativa ficcional a partir de relatos dela própria contidos em sua obra.
Cenas de "Dionísia" foram rodadas em fazendas de São José de Mipibu. Fotos: Cedidas
Por ser um filme de época, o desafio da produção é organizar os recursos. Por enquanto, conta com patrocínio da Lei Aldir Blanc do município de Nísia Floresta e do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. "Ainda pretendemos correr atrás de mais incentivadores, para financiar as próximas etapas", completou a produtora.
ESTREIA
A previsão de estreia de “Dionísia” é no segundo semestre de 2021, aproveitando o Festival Literário de Nísia Floresta, programado para acontecer em outubro na cidade natal da escritora. Vale lembrar que outubro é seu mês de nascimento. “Este festival é organizado pela secretaria de cultura de Nísia Floresta, que já nos sinalizou o interesse de lançamos o filme na abertura deste festival, onde teremos a presença de algumas figuras importantes nacionalmente”, aposta a produtora. O Festival Literário de Nísia Floresta é realizado pelo Museu, pela ONG CECOP e pela Prefeitura de Nísia Floresta, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
SOBRE NÍSIA FLORESTA
Nísia Floresta nasceu em Papari (1810-1885. Por ter recebido educação intelectual, sua vida sempre foi uma exceção, como escreveu a autora da sua biografia. Mesmo na elite social feminina predominava o analfabetismo, a reclusão, a impossibilidade de se manifestar ou pleitear qualquer direito. Casou pela primeira vez aos 13 anos de idade, mas separou-se meses depois, voltando à casa dos pais. Aos 21 anos, casada novamente e com uma filha, começou a escrever para o jornal Espelho das Brasileiras, feito para as senhoras pernambucanas. No Rio de Janeiro, já viúva, fundou o Colégio Augusto e lançou a terceira edição de seu livro ‘Direitos das mulheres e injustiça dos homens’.
Também publicou ‘Conselhos à minha filha’, o romance ‘Dedicação de uma amiga’, ‘Opúsculo humanitário’, ‘Páginas de uma vida obscura’ e ‘O Pranto Filial’. Passou mais de duas décadas na Europa e conviveu com grandes escritores, dentre eles, Augusto Comte. Escritos desse período foram publicados originalmente em francês.
DIONÍSIA, POEMA ALÉM DA FLORESTA | EQUIPE
Diretor e Roteirista: Nilson Eloy
Produzido por: Nilson Eloy e Thalita Vaz
Produção Executiva: Thalita Vaz
Assistente de direção: Davi Revoredo
Preparador de elenco: Márcia Lohss
Diretor de produção: Paulinha Maux
Platô: Tobias Nevesilva
Assistência de produção: Danilo Leite e John Evangelista
Continuísta e Logger: Franklin Matheus
Direção de Fotografia e câmera: Johann Jean
Assistente de fotografia e câmera: Júlio Schwantz
Maquinista: Lucas Venâncio, Igor Caetano e Sérgio Xavier
Eletricista Chefe: Juca Santos
Direção de arte: Romy Rauen
Assistente de arte: Tassia Consulin
Técnico de som direto: Paolo Araújo
Microfonista: Marina Araújo
Figurinista: Rosangela Dantas
Assistente de figurino: Shirley Araújo e Camilla Natasha
Costureiras: Joelma e Monalisa Cavalcante
Maquiador e cabeleireiro: Ana Macedo e Kell Allen
Maquiagem de Efeitos Especiais : Kell Allen
Fotógrafo Still e Making off: Davi Selton, Ádila Santos e Maiakovski Pinheiro
Limpeza do set: Dona Ana
Motorista Van: Nailton Silva
Motorista carro: Demétrius Vaz
Realização: Estúdio Sonorus
Coprodução: Com ArTe Produções e Praia Filmes HD
ELENCO:
Dionísia criança: Alice Ferraz
Dionísia jovem: Isadora Gondim
Antônia Clara (mãe de Dionísia): Titina Medeiros
Dionísio (Pai de Dionísia): Rogério Ferraz
Pepé: Stefany Tavares
Manuel Alexandre: Thazio Menezes
Padre João: Alex Benigno
Bianô: Nilson Eloy
Mulher 01: Camilla Natasha
Mulher 02: Thalita Vaz
Índio criança: João Gabriel Medelima
Índio jovem: Gabriel Tavares
Homem emboscada 01: Doc Câmara
Homem emboscada 02: Enio Cavalcante
Feitor: Paulo Lima Firmino
Escravo: Francisco Júnior
Trabalhador do sítio floresta 01: John Evangelista
Trabalhador do sítio floresta 02: Sebastião Ferreira da Cunha
Trabalhadora do sítio floresta 03: Dayse Emanuela
* Reportagem produzida pelo portal Típico Local | A reprodução total ou parcial do texto só é permitida mediante citação integral da fonte.
12 de abril de 2023
07 de abril de 2023
07 de abril de 2023
28 de junho de 2022
16 de junho de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
04 de junho de 2023
15 de setembro de 2022