Entre a história e a ficção, Frederico prepara livro sobre indústria alimentícia e ficção de terror

Reportagens

Frederico Toscano: "Os leitores começam a perceber a qualidade da literatura fantástica nacional"

Autor de obras sobre história, como  "À Francesa: a Belle Époque do Comer e do Beber no Recife", Toscano também destaca a literatura de ficção

09 de setembro de 2022

Cefas Carvalho

Nascido e criado em Recife, cidade que inspira seus livros e permeia seu imaginário, Frederico de Oliveira Toscano é  historiador, bacharel em Gastronomia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Publicou as obras  "À Francesa: a Belle Époque do Comer e do Beber no Recife" (CEPE Editora), pela qual recebeu o terceiro lugar na categoria Gastronomia do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2015;  "A fotografia e o Recife de Ivan Granville" (CEPE Editora), "Carapaça Escura, livro de contos (Editora Patuá); "Yes, nós temos Coca-Cola" (CEPE Editora) e mais recentemente "O rinoceronte na parede", pela Editora Urutau, que ficou entre os livros semifinalistas do prestigiado Prêmio Oceanos. Nesta entrevista, falou sobre suas obras e também sobre literatura fantástica nordestina, formação e projetos. Confira:
 

Seu primeiro livro publicado, "À francesa: a belle époque do comer e do beber no Recife" ficou em terceiro lugar no Prêmio Jabuti em 2015 na categoria Gastronomia. Como foi o processo deste livro e qual sua percepção deste reconhecimento logo na estreia literária?

Meu primeiro livro é o resultado da minha dissertação de mestrado. Sou bacharel em gastronomia pela Universidade Rural de Pernambuco e mestre em História Social do Nordeste pela Universidade Federal de Pernambuco. O que o leitor tem ali em forma de livro é exatamente a minha dissertação, com imagens e sem a introdução, que era muito técnica. O prefácio foi escrito pelo sociólogo Carlos Alberto Dória, de São Paulo  O processo do livro na verdade foi o de escrever a dissertação. Por ser um texto científico, é um texto controlado, no sentido de que passa pelo crivo de uma banca, teve um orientador, uma metodologia de estudo e de escrita, não é absolutamente livre como é um texto de ficção, que mesmo assim passa por um editor ou mais de um, para ser publicado como livro. Era, como eu disse, um texto controlado, mas ao mesmo tempo, os professores tinham a preocupação de que os textos  fossem acessíveis ao grande público, não apenas aos historiadores e acadêmicos. Sempre gostei de escrever, a dissertação ficou com um tamanho considerável, a defendi em 2013, o livro foi lançado em 2014 pela CEPE Editora, e  em 2015 ganhei o terceiro lugar no Prêmio Jabuti na categoria Gastronomia. Fiquei surpreso, e foi o primeiro Jabuti, da Cepe, sendo o segundo, com a poeta Cida Pedrosa no ano passado.

Já seu segundo livro publicado, "O terceiro homem: a fotografia e o Recife de Ivan Granville"  também trata sobre a história da cidade. Como foi a opção por essa abordagem e qual sua avaliação sobre esta obra?

Escrevi esse livro após o seguinte processo; estava na internet, mais exatamente no Facebook, que tem muitas páginas memorialistas como a Pernambuco Arcaico, Recife de Antigamente e acabei vendo algumas fotos de Ivan Granville, com a explicação que quem publicou as fotos foi uma neta do fotógrafo, Danielle, que por coincidência eu a conhecia, a conheço, trata-se de uma recifense que não mora mais na cidade. Ela encontrou o acervo do avô, digitalizou-o, conversei com ela e disse do potencial das imagens e da história, e que se ela me permitisse eu iria fazer uma pesquisa para tentar escrever um livro, o que seria bacana para a família e para a cidade. Ivan foi um grande fotógrafo, importante, mas ficou um pouco esquecido. Conversei com a historiadora Fabiana Bruce, da Universidade Rural de Pernambuco, ela agiu como uma orientadora de meu trabalho, como uma dissertação. Construí o texto falando da história da fotografia e do Granville e Fabiana fez o prefácio, com a publicação das imagens, a maioria em qualidade precária, manchas, ferrugem, mas um importante registro. A Cepe foi receptiva e tentaram recuperar muitas imagens no que foi possível. Escrevi e publiquei isso em meio a meu doutorado, na USP. O livro sobre Granville foi lançado em 2017 com mais de 200 fotografias.

"Carapaça escura", seu terceiro livro publicado, pela editora paulista Patuá, reúne contos de terror, passados na capital pernambucana em sua maioria. Como foi o processo deste livro? Escreveu os contos aos poucos ou pensou neles conceitualmente como um livro?

O "Carapaça escura" foi minha primeira tentativa de expor ao público, o leitor, a minha ficção, pois até então eu só havia publicado dois livros de história e eu resolvi arriscar. São dez contos bem curtos, majoritariamente de horror. Como eu falei, eu já escrevia histórias, mas comecei a escrever mais por causa da dissertação, porque era meu trabalho, afinal, eu recebia uma bolsa, eu era pago para pesquisar e escrever. E eu sempre gostei de ficção, de histórias de horror, de ficção científica, de fantasia, mas não escrevia, mas acabei me inspirando no trabalho do pessoal do Recife Assombrado, que é um site que existe desde os anos 2000, deve ser o site voltado para assombrações e sobrenatural mais antigo do país, e eles tinham e ainda tem eu acho, um espaço para que a pessoa envie causos, como se fossem crônicas, de coisas que supostamente aconteceram envolvendo sobrenatural e histórias de ficção. Eu enviei pra o portal acho que umas três histórias, inclusive acho que no livro tem uma ou duas das que eu enviei e acho que estão lá no site ainda. Porém, faz muito tempo isso aí, nem lembro quando foi, mas faz bastante tempo.

Eu não pensei no livro com unidade temática não, o que une os contos é o sobrenatural, o horror e o fato que tudo se passa em Pernambuco pelo menos na minha imaginação, assim que eu os concebi. Então o que eu fiz foi o seguinte: eu ia escrevendo e guardando os contos, e retrabalhando neles. Eu tenho um grupo de amigos escritores e a gente costumava reunir com certa frequência e ler os trabalhos uns dos outros, fazendo sugestões e tudo mais. Então eles serviram como meus editores. Com alguns anos de escrita de experimentação eu vi que tinha um material razoável, pelo menos, e o juntei numa coletânea, selecionando dez dos que eu tinha escrito até então e enviei pra Editora Patuá, além  outras que eu nem me lembro mais. Porém, a Patuá, foi muito acessível, o Eduardo Lacerda foi muito elogioso. E eu mandei o livro, o original, na noite de um dia e ele respondeu na manhã do dia seguinte, ele passou a madrugada lendo, disse que gostou muito. Então eu fiquei muito feliz com essa receptividade, eu acabei que eu nunca cheguei a inscrever o "Carapaça escura" em nenhuma premiação, em parte por insegurança mas também por que algumas premiações exigem que você pague inscrição e lembro que na época do lançamento desse livro eu estava desempregado, foi 2019, eu estava numa fase bem ruim da vida, sem grana mesmo, eu gosto de ser bem sincero em relação a isso, então acabei nao inscrevendo em nada. Mas é um livro que tem histórias muito boas, na minha opinião, algumas muito curtas, então acabam sendo quase vinhetas, não dá para aprofundar muito os personagens. Anos depois, eu ainda acho que uma das minhas melhores historias, é a historia dos escafandristas no Capibaribe e essa ideia veio no meio da pesquisa, estava fazendo uma pesquisa na biblioteca, lendo os jornais antigos para o doutorado e esbarrei com essa noticia de um escafandrista negro, idoso, no começo da decada de 1960, no Recife, antes do golpe militar acho que era 1962, e as condições de trabalho muito ruins. Achei aquilo tudo muito assombroso, eu não sabia que havia essa profissão no Recife e daí veio a ideia.

Recife vive há tempos um boom de textos de literatura fantástica com publicações, movimentos organizados, como o podcast Recife Assombrado. Como avalia esta movimentação, que inclusive abrange outros estados nordestinos?

Eu acho que o Brasil vive um ´boom`da literatura fantástica, o que é muito bom. A gente acaba enxergando isso mais no Sul e no Sudeste, principalmente naquele eixo Rio - São Paulo, porque infelizmente nós somos ainda um país que concentra não só a renda mas também a produção cultural, até porque a produção cultural depende muito de investimento de fundos e estados e cidades mais ricas como as citadas, acabam concentrando essa produção cultural inclusive literária, o que não quer dizer de forma alguma que o que é feito lá é melhor ou superior do que é feito no resto do país. Então é muito mais fácil, ou menos difícil, publicar dentro desse eixo do que fora dele. Se a qualidade do que vai ser publicado é boa, já é outra história. Mas claro que é menos difícil entrar em contato com editoras, com agentes literários.

O Nordeste e o Norte do Brasil, para quem não sabe, tem trabalhado essa literatura fantástica cada vez mais, e é claro que eu vou falar da cena de Recife, da cena pernambucana. Temos alguns autores que vêm há alguns anos, uns quinze no caso dos mais velhos como André Balaio e Roberto Beltrão, trabalhando com literatura fantástica ou pelo menos que trabalhe com o insólito, às vezes não necessariamente o horror explícito. Sobre o Recife Assombrado, que eu falei na outra resposta, é um site que existe a 20 anos e acabou sendo um espécie um farol para futuros escritores, mas temos alguns escritores pioneiros por exemplo Geraldo Fraga que é jornalista e tem dois livros publicados de contos que são bem mais antigos do que o meu livro, e do que o de André Balaio, João Paulo Parisio. Só não são mais antigos do que Roberto Beltrão, que está nessa há bem mais tempo mesmo. Então temos esses autores aí, eu, João Paulo Parisio, que é super celebrado, reconhecido, ganhador de prêmios, e que não trabalha só com o fantástico mas é um grande leitor do fantástico, principalmente ficção científica assim como eu. André Balaio trabalha com o insólito  com algo do fantástico também,e o próprio Roberto Beltrão, ele junto com Camilla Inojosa,  trabalham com o infantil também, que é muito legal, com o fantástico infantil, que é muito importante. E temos Leo Falcão,que é diretor de cinema, Felipe Falcão, que também trabalha com cinema, ambos lançaram livros de contos fantásticos que eu ainda não li e não posso comentar. E tem outras pessoas como a Isabor Quintiere, da Paraíba, que é muito legal, é uma mulher escrevendo horror especificamente; Márcio Benjamim, do Rio Grande do Norte, obviamente, um dos nomes mais reconhecidos do horror atualmente e ele é muito atuante, está entrando de cabeça na escrita dele, escreve roteiros também, e está em uma editora grande agora, acho que ele é o único fora o eixo sul sudeste que tá na Darkside, junto com Paula Febbe. A tendência é aumentar o número de escritores e leitores de literatura fantástica, mas estamos em um país em crise há seis anos e as pessoas vivem com pouco dinheiro, as pessoas não tem emprego, fica difícil priorizar a leitura nessa situação. Apesar disso, a gente viu que a Bienal do Livro de São Paulo, que é a maior do Brasil, bateu recordes de público e de venda, então acho que estamos em um bom momento sim e temos muitos autores bons, agora falta o público reconhecer isso, e o público entender que existe vida além da literatura estrangeira, além da série da Netflix, do fantástico hollywoodiano. Quando as pessoas começarem entender isso ai e verem a qualidade da literatura fantástica nacional a coisa vai engrenar.
 

Percebe-se a força do Recife na sua obra, sempre abrangendo a cidade. Como descreve sua ligação com a capital pernambucana?

Sou nascido e criado no Recife, é mais fácil escrever sobre aquilo que a gente conhece. É algo natural, local que é parte da minha formação, cidade em si, maneira como as pessoas falam, os sons e cheiros da cidade, inclusive os maus cheiros. Escrever sobre Recife não só como cidade mas como personagem é meio inevitável. Passei um tempo em São Paulo, estou morando no Ceará, pode ser até que eu acabe expandindo minha geografia natural (risos)

Seu mais recente livro, "Yes, nós temos Coca-Cola" também aborda história, com a presença dos militares dos EUA e imposição da cultura dele no  Recife. Como nasceu esse livro?

Foi o mesmo caso do "À francesa". Trata-se do texto da minha tese de doutorado, feita na USP. Também uma escrita controlada, acadêmica, com teoria, metodologia, mas mesmo assim me senti muito livre para fazer minha pesquisa, durante quatro anos escrevi muito. As pessoas se surpreendem com o tamanho do livro, mas na verdade o que foi publicado é apenas uma parte, a outra estamos eu e a Cepe nos preparando para lançar. A escrita foi tranquila, acabei tendo muito tempo para pesquisar e escrever, com acesso a muito material e no livro coloquei o que considerei mais relevante. A mudança da cultura alimentar afrancesada para a norte-americana no Nordeste. Busco no livro tratar dos estereótipos sobre o Brasil e a suposta abundância nos EUA, mostrando que no Nordeste há fartura inclusive de variedade em alguns lugares e nos EUA também existe carência alimentar. Muitas pessoas não têm a menor noção do que aconteceu no Nordeste durante a II Guerra Mundial, Espero que as pessoas gostem do livro, que ele traga não respostas, mas novas perguntas sobre a presença dos EUA na cultura nordestina.

Como você foi impactado pelo período da pandemia no confinamento, ainda sem a vacina? Conseguiu escrever e ler?

A pandemia teve um impacto muito forte em mim e muito negativo. Não só a pandemia em si, mas antes mesmo a eleição de Bolsonaro, todo esse caos político e social que o Brasil mergulhou desde o  golpe de 2016 quando a presidenta Dilma Rousseff foi ilegalmente e injustamente deposta. E desde então, já se vão seis anos do Brasil num caos que parece não terminar. Mas, sim, esse período de inicial de pandemia e confinamento foi muito difícil, foi um período que eu fiquei desempregado por muito tempo, não produzi tanto quanto gostaria, entrei em depressão por conta de todos esses fatores que eu mencionei e por conta da decepção com meu país que escolheu um presidente evidentemente incapaz, despreparado, incompetente, racista, machista. São coisas que eu estou me recuperando somente agora, e ainda assim eu consegui escrever alguma coisa, consegui terminar um romance de ficção científica que havia  começado anteriormente, eu meio que me forcei a terminar esse livro pra provar pra mim mesmo que tinha capacidade.  E lendo livros recomendados e emprestados por amigos aos poucos fui voltando à vida, e agora eu estou em um nível pessoal, voltando a normalidade, as coisas melhoraram em termos de perspectivas, passei em um concurso, sou agora professor do IFCE no interior do Ceará. Então as coisas estão melhorando e eu particularmente não consigo escrever e produzir muito bem se eu não tiver bem comigo mesmo, então eu tenho sido bastante produtivo agora, só não tenho sido mais porque acabei de me mudar e vou começar um trabalho novo, portanto muito ocupado, na verdade. Mas estou com muitas ideias e muita vontade de escrever nesse momento.

Qual sua avaliação sobre a interação entre quem escreve literatura em diversas regiões do país. No Sul/Sudeste, por exemplo, leem o que se escreve e publica no Nordeste?

Como eu falei, esse eixo Sul-Sudeste é muito auto suficiente, então é notório que muitas vezes tanto os leitores como os escritores desse eixo não enxergam aquilo que está fora do eixo. Claro que não é o caso para todos os escritores. Eu morei em São Paulo agora e conheci pessoas incríveis, escritores incríveis e posso dar como exemplo o Oscar Nestarez que é escritor e tradutor e trabalha com horror, ele que já tem dois romances, dois livros de contos publicados, que também faz um trabalho acadêmico voltado para pesquisa de literatura de horror, trabalha com tradução é uma pessoa superaberta, que realmente dá as boas vindas a essa troca entre escritores de diversas regiões diferentes, Há o Cristhiano Aguiar, que na verdade é paraibano, morou muito tempo em Recife mas mora em São Paulo há mais de dez anos, e lançou esse ano o "Gótico nordestino", que fez muito sucesso. Temos pessoas como Ana Rusche, que é lá de São Paulo também e que trabalha com ficção científica, o feminino na ficção científica, uma pessoa da melhor qualidade que abriu os braços pra mim lá. E ainda a Carol Chiovatto, que trabalha mais com fantasia mas também com ficção científica. São pessoas que me acolheram muito.

Mas claro que tem pessoas que vivem e morrem no eixo Rio-São Paulo e não fazem a menor ideia nem querem fazer do que acontece fora desse eixo. As editoras do fantástico no brasil quase sempre se interessam quase exclusivamente pelo escritor estrangeiro, principalmente os grandes editores que têm muita dificuldade em chegar ao escritor nacional, falta interesse, eles acham que não vai ter retorno que talvez não tenha qualidade suficiente. Muitas vezes é simplesmente preguiça, eles não param pra ler e fica por isso mesmo. Essa é uma grande dificuldade furar essa bolha e às vezes pode ser bem difícil, bem frustrante. Como falei antes, seu conterrâneo Márcio Benjamim, tem conseguido, está na Darkside uma grande editora do gênero aqui no Brasil, que faz livros belíssimos, e tem um plantel de escritores principalmente de horror brasileiros muito bom. Então é isso, eu acho que falta uma comunicação maior entre as regiões e falta sem dúvida que as editores voltem seu olhar para outras regiões, porque já é difícil elas voltarem o seu olhar pro brasil em si, e quando acontece elas querem ficar ali por São Paulo e Rio, um pouco do Sul.

Por exemplo, nós temos a revista EITA  onde eu já publiquei, que é espetacular, formada boa parte por pernambucanos, com um olhar de trazer o escritor independente que não está ligado a uma editora e eles têm ainda uma ideia muito bacana que é pegar as histórias publicadas e fazer uma versão em inglês, o que faz que a história circule muito mais, deixa muito mais acessível até para editoras internacionais. Então eu acho o trabalho da EITA espetacular e nos temos ainda outras editoras mais independentes que sao especializadas no fantástico, como a Rocket, da Cláudia Leme, que é muito bacana, com uma preocupação de trabalhar sempre com escritores nacionais, de ficção científica, de fantasia, de horror. E temos também as editoras independentes como a Patuá e a Urutau. Esta segunda fez uma coisa muito interessante; o meu segundo livro de contos fantásticos que eu lancei ano passado que é "O Rinoceronte na parede", foi publicado através de uma chamada de um edital dividido por regiões que é algo que não vi nenhuma outra editora fazer. Você não vai ver uma Companhia das Letras fazer isso aí, eles vão continuar se concentrando naquilo que eles acham que dá dinheiro ou publicar livros de influencers ou tiktokers, infelizmente a realidade é essa.

 

Quais os seus próximos projetos literários?

Eu tenho muitos livros prontos no computador, muito livro mesmo. Tenho pelo menos mais de história da alimentação, que eu pretendo publicar pela Cepe, eles já acenaram positivamente sobre o que seria um livro sobre a história da indústria alimentar de Pernambuco. Tenho um romance de horror pronto e também dois romances de ficção científica, além de mais um livro de contos de fantasia, horror, e ficção científica pronto. E ainda trabalhando em mais dois romances de ficção científica, estou doido pra terminar, mas sem tempo. Poderia passar pelo menos os próximos 6 ou 7 anos publicando um livro por ano, então tem muita coisa sim, agora tem que ter editora interessada, então vamos ver se as coisas melhoram no Brasil e ver se teremos mais oportunidade de lançar livros.


Semana passada saiu a lista de semifinalistas do Prêmio Oceanos, um dos mais prestigiados da literatura lusófona. E o seu "O rinoceronte na parede" está entre eles. Como recebeu essa notícia?

Estou muito feliz e ainda incrédulo. Não apenas pela questão pessoal, ser indicado como semifinalista em uma premiação internacional, lusófona, sinto que não apenas isso, pois meu livro, minha literatura é de natureza fantástica, não mais ou menos, ou realismo fantástico, mas fantasia mesmo; horror, ficção científica. Esse livro é incontornavelmente um livro de literatura fantástica, isso queria que ficasse bem claro. Não apenas, portanto, é um reconhecimento ao meu trabalho como escritor, mas também de que a literatura fantástica brasileira tem não apenas uma tradição mas um potencial, embora não seja reconhecida como deve pela intelectualidade. Esse livro passou por um "peneirão" enorme, por muita gente boa da área, e se gostaram, sempre foi um bom sinal. Entre os contos, um que narra uma faca amaldiçoada que mata pessoas e sente prazer sexual com isso. Em outro a pessoa se transforma em umaaranha gigante, e há contos de fantasma, morto vivo, assassinatos, sobrenatural. Isso tem que ser afirmado e reafirmado para que fique claro.