Wilson Simonal faleceu em 2000, mas sua vida nos últimos anos ainda não é tão conhecida

Reportagens

Gravações de Simonal no Inverno & Verão em SP são recuperadas

Material gravado por João Santana é retrabalhado em estúdio. Pianista Franklyn Nogvaes, que tocou neste show de 89, participa da regravação

26 de março de 2021

Cinthia Lopes

Foi no Inverno & Verão de 1989 que o cantor e compositor Wilson Simonal (1938-2000) experimentou uma retomada de normalidade em sua vida e de reencontro com a voz. Estava em São Paulo para estrear sua turnê na tradicional casa de espetáculos da rua Vieira Morais, espécie de “Canecão” dos paulistas, segundo lembra o empresário João Santana. Como era amigo e produzia alguns shows de Simonal no Nordeste,  se hospedou no apartamento do artista, localizado na Alameda Franca. Na noite de estreia, ele e Simonal partiram para o Inverno & Verão à bordo do Mustang, que não era “cor de sangue” como na canção, mas amarelo. A lembrança está vívida na memória de Santana: “Chegamos de Mustang e a casa estava cheia. Tinha Ronnie Von, Fábio Júnior e outros amigos de Simonal na plateia”.

A direção musical de Carlos Miele e Ronaldo Bóscoli era o respaldo necessário para o artista, após longos anos de ostracismo.  Foi aí que Joãozinho teve a ideia de gravar o show com seu companheiro inseparável, um gravador AKAI com cabeçote de ferrite e fita cassete. O mesmo usado por ele para gravar as serestas de Simonal em sua casa aqui em Natal.

“Essa noite foi diferente e especial! Simonal estava tecnicamente muito bem, a voz redonda, limpa e com balanço. Estava ali o Simonal de antes”, recorda o produtor potiguar. Para completar, a banda que o acompanhava era gente de Natal. Franklyn Nogvaes ao piano, Carlão no violão, Pereira na bateria e a  participação de Zeca do Trombone, que viria a acompanhá-lo em diversos shows no Brasil e exterior.

Mais de três décadas depois, os áudios daquele show foram recuperados e uma banda entra em estúdio para gravar a partir da voz original de Simonal. “É mágico poder remontar aquele momento, com qualidade  digital e a participação de músicos incríveis. Foi um trabalho artesanal, mas o resultado está ficando maravilhoso. Só a regravação de Sá Marina durou 40 dias”, conta João Santana.

O maestro e pianista Franklyn Nogvaes ocupa o mesmo posto de 30 anos atrás. A maestrina Maria Clara e a cantora Silvana Martins também integram a banda de apoio. Completam Tissé na bateria e Lúcio no baixo. Todo o material será disponibilizado no canal do Youtube. Nos próximos dias, o público poderá ouvir “Sá Marina” disponível no canal do produtor João Santana.

Santana também confirma que ainda estão para sair as gravações raras feitas no estúdio do saudoso Tony Som. "Essas gravações feiras no Stúdio Pro-Vídeo serão utilizadas e vamos reunir 27 artistas. Fomos parceiros de Tony nessa época", lembra João.

Com a  redescoberta da obra de Wilson Simonal pela nova geração apreciadora de seu original sambalanço, novos capítulos desse tempo de viagens e temporada em Natal vão se descortinando em boas surpresas. No canal do Youtube de João Santana o ouvinte também podem conhecer outras regravações recuperadas pelo produtor.