Danço Para não Morrer de Tédio é o nome do episódio do projeto Plano de Abandono. foto: Willy Helm

Agenda Cultural

Grupo de B-boys natalenses e projeto Plano de Abandono estão no Itaú Cultural

Penúltima edição do Festival Arte como Respiro – Cênicas terá potiguares em cena

29 de novembro de 2020

De 2 a 6 de dezembro (quarta-feira a domingo), o Itaú Cultural realiza a penúltima semana da série de apresentações do Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas, disponibilizando em seu site www.itaucultural.org.br uma programação que reúne 33 projetos contemplados no Arte como respiro: múltiplos editais de emergência. Com um olhar voltado às diferentes linguagens das artes cênicas, o edital selecionou para este recorte projetos de circo de lona, que neste recorte ganha um bloco especial, reunindo 12 apresentações e uma mesa reflexiva a respeito dessa arte secular, que passa por sérias dificuldades durante o isolamento social. 
No restante da programação, o público confere, ainda, sempre às 20h, 21 projetos de oito estados (Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo), que ficam disponíveis por 24 horas para serem assistidos virtualmente. 

Do Rio Grande do Norte participam desta edição o Células Dançantes e Outras Coisas, apresentação do grupo de B-Boys Camarão Crew. E o episódio Danço Para não Morrer de Tédio, do projeto Plano de Abandono, apresentado pelos intérpretes Mainá Santana e René Loui.

Programação completa

A programação desta semana no festival começa no dia 2 de dezembro (quarta-feira), às 20h, com o primeiro episódio de QUAREN.TINA: o isolamento perfeito de Tina. Esta série de vídeos de humor das atrizes Isabela Mariotto e Júlia Burnier, de São Paulo, tem a dublagem como linguagem. Retratando o cotidiano da personagem Tina durante esse período de suspensão social, este episódio, O Sol da Manhã, anuncia que ela começará os seus dias de isolamento tomando sol.

A dança e as artes do corpo conduzem o restante da programação neste dia. De Minas Gerais vem Número de Contorção com Gabriel Wallace, artista circense, contorcionista e paradista, que neste trabalho busca trazer equilíbrio e respiração, mas também a inquietude artística para o atual momento que o mundo vive. Também circense, Louisse Aldrigues apresenta Sensitiva, número de parada de mão que envolve fluidez e desperta a sensibilidade visual, por meio da sincronia da coreografia e da técnica com a música.

O breaking, por sua vez, é o mote de Células Dançantes e Outras Coisas, apresentação do grupo Camarão Crew, do Rio Grande do Norte, que aproveita os movimentos e gestos desta dança para atualizá-los em corpos com repertórios diferenciados. A noite fecha com o espetáculo Sr. Will, da Giro8 Cia de Dança, de Goiás. O grupo leva à cena bailarinos e uma máquina manipulada e manipuladora para discutir como as relações humanas se constroem e se modificam. 

Racial
Ícones e vozes da representatividade afro-brasileira compõem a programação do dia 3 (quinta-feira). A abertura fica por conta de Voz da Periferia, projeto do Rio de Janeiro da dançarina de danças urbanas Jaqueline Monteiro. Com uma vasta atuação ao lado de artistas como Iza e Anitta, ela expressa, em um pouco mais de um minuto, na dança, a sua revolta política e as suas sensações diante da notícia do início do isolamento. 

Danço Para não Morrer de Tédio é o nome do episódio do projeto Plano de Abandono, apresentado pelos intérpretes Mainá Santana e René Loui, do Rio Grande do Norte. Nele, dois corpos negros costuram, com humor, fragmentos de dança que se reorganizam por meio do encontro à distância. 

Em diálogo com a literatura e a dança, a noite traz, ainda, dois espetáculos que reverenciam a trajetória de mulheres negras referência em suas artes. Salve ela! Carolina Maria de Jesus em cena – Expandindo a cena, da carioca Companhia Alternativa de Teatro, leva para o digital duas cenas feitas a partir do espetáculo homônimo apresentado nos palcos. Escritora negra e favelada, que escreveu um livro e que trouxe à tona a realidade difícil da favela, tem sua voz ecoando e reverberando até os dias atuais. 

Mercedes, da também carioca Cia Emú de Teatro, celebra a vida e a obra da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista, um dos maiores ícones da cultura brasileira. Por meio das artes integradas, a peça aborda a vida da primeira bailarina negra a compor o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sendo a principal precursora da dança afro-brasileira pelo mundo. 

Reflexivos
Para a sexta-feira, dia 4, o Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas reserva uma programação com temática mais densa e reflexiva.

A partir das 20h, entra no ar Barbárie, episódio da série de vídeo Vozes da Queda, do baiano Teatro da Queda, gravado especialmente para o edital Arte como Respiro. Décima parceria dos artistas Daniel Arcades e Thiago Romero que estrearia em novembro de 2020, este espetáculo-sarau-performático-musical faz homenagem ao tempo e à ancestralidade diaspórica, unindo palavra e imagem na figura de Barbárie, drag queen de Thiago Romero. Os demais episódios da série serão exibidos nas redes sociais da companhia.