Daniel César estreia nova série de pinturas a partir do abstracionismo
Agenda Cultural
Em sua nova exposição, a partir de sábado, no Seburubu, o artista Daniel César evidencia a desarmonia como característica do abstracionismo
13 de julho de 2023
Harmonia e desarmonia coexistem, ou melhor, são intrínsecas na série de trabalhos da segunda exposição individual do artista abstrato Daniel César, “Incongruências”, que será aberta neste sábado, 15, às 18h, no sebo e espaço cultural Seburubu (Av. Deodoro da Fonseca, 307, Cidade Alta).
As obras, algumas delas recentes, criadas especialmente para a exposição, são no estilo abstrato com linhas, característico do artista. Feitas com acrílica e nanquim sobre papel e tela, envolvem experimentação, quebra-cabeças, camadas sobrepostas, distorções e linhas simétricas, compondo um universo intuitivo e hipnótico de harmonias fragmentadas.
Diferentemente da primeira exposição, do início de 2022, em que Daniel César fez um apanhado de seus melhores trabalhos, “Incongruências” apresenta uma unidade. A partir de uma primeira obra, ele desenvolveu uma série temática que busca evidenciar a incongruência como característica do abstracionismo, com um propósito bem definido: explorar, por meio da estética visual do abstrato com linhas, as múltiplas tensões do existir que permeiam as interações do ser humano com o mundo.
“Incongruência é um termo que se refere à falta de harmonia, congruência ou consistência entre diferentes elementos, e pode ocorrer em várias áreas da vida, afetando as relações interpessoais, comunicação, pensamento lógico e autodesenvolvimento, mas no abstracionismo é um elemento estético e conceitual importante”, diz Daniel César, e explica por quê.
“O abstracionismo desafia as convenções da representação figurativa tradicional. O contraste e a dissonância de cores, linhas e formas também contribuem para a incongruência no abstracionismo. A ausência de referências figurativas reconhecíveis cria uma experiência ambígua e aberta à interpretação individual. O abstracionismo permite a expressão subjetiva de emoções e experiências internas de forma incongruente com a realidade objetiva. A incongruência no abstracionismo busca provocar respostas emocionais e estimular a interpretação individual.”
Já para ele, enquanto artista, “o grande barato do abstrato está na coisa do acontecimento, da experimentação, do improviso”. Sua inspiração vem da filosofia, da literatura (poesia e prosa) e da música psicodélica. “Essas são as minhas influências. No sentido de captar a sonoridade das palavras, a vibração, o movimento, e tentar transmutar em algo visual. Esse é o desafio. Não é uma representação. Eu não pego algo de um livro e tento representar”.
No instagram _@d.cesar, onde Daniel publica todas as suas artes, é possível ver essa transmutação de que ele fala em obras como “O quarto de Gregor Samsa” e “Guerra”, trabalhos abstratos com linhas geométricas inspirados nos livros “A metamorfose”, de Kafka, e “A parte maldita”, de Georges Bataille.
SOBRE O ARTISTA
Em 2013, Daniel César era um estudante de história na UFRN, quando começou a fazer suas primeiras artes aproveitando os versos dos cartazes que arrancava dos murais depois que os eventos passavam. Era tudo muito intuitivo e rústico, mas já havia a orientação abstrata, embora ele só conte os anos de sua trajetória artística a partir do contato com outros artistas, no início de 2020. Foi quando começou a investir tempo e recursos no aprimoramento técnico e material. Hoje tem uma identidade reconhecida por colecionadores e admiradores de sua arte abstracionista.
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