"Kazu" é, na verdade, Kasumaro Masuro Rodrigues, natural do município de Paraná, no Alto Oeste

Colunas

Iniciando os trabalhos: Kazu Bar e seu caldo de camarão 

Na estreia da coluna Comida de Boteco, uma esticada a Nova Parnamirim para degustar um típico petisco praieiro

20 de maio de 2022

Cefas Carvalho

Fazia tempo que eu planejava começar com uma coluna falando de duas coisas que fazem parte da minha vida e que aprecio sem moderação: comida e bar; Quem me conhece e me acompanha nas redes sociais sabe de meu apreço pelo clima que o bar proporciona para encontros, amizades e afetos e que petiscos e pratos servidos em bares, por alguma razão misteriosa, são mais gostosos do que os que preparamos em casa (e muitas vezes têm mais sabor que requintados pratos feitos por chefs renomados em restaurantes cinco estrelas).

Desta forma, começa neste sábado aqui no Típico Local, da querida Cinthia Lopes (também apreciadora de gastronomia de bar), esta coluna semanal com textos leves, descontraídos e bem pessoais de minhas impressões sobre iguarias servidas em estabelecimentos de Natal e Região Metropolitana, mas que pode se estender para além-fronteiras, para onde haja um bar aberto e uma cozinha saborosa.

É necessário registrar que a ideia da coluna passou por influências de pessoas que admiro (e que gostam tanto quanto eu de comida de bar). Uma espécie de Bíblia nessa temática é o "Guia da Culinária Ogra de São Paulo - 195 lugares para comer até cair", do jornalista André Barcinski (Editora Planeta, 2012), livro que me acompanhou nas andanças pelo "lado B" da culinária paulistana.

Eu também era fã do perfil  "Alma de Bar", do jornalista carioca Caio Barbosa, aficionado por comida de botecos e biroscas, com quem já tive o prazer de papear e beber em uma viagem ao Rio de Janeiro e que me apresentou um polvo ao vinagrete, na Adega Portugália, que até hoje passeia pelos meus sonhos. E não teria como esquecer o perfil  do Instagram Baixa Gastronomia, especializada em comes e bebes de lugares de Belo Horizonte, cidade que ainda não conheço (mea culpa, mea maxima culpa) e que segundo a lenda, tem mais bares do que pessoas.

Enfim, feitos os preâmbulos e homenagens vamos ao primeiro bar e primeiro prato desta coluna que hoje se inicia. Como sou fiel frequentador dos estabelecimentos do bairro onde eu moro, o principado de Nova Parnamirim, como diz o amigo escritor e filósofo Pablo Capistrano, o primeiro texto desta coluna acabou sendo sobre um lugar que frequento há mais de dez anos, o Kazu Bar, localizado na Rua Praia de Muriú, paralelo à Avenida Ayrton Senna.  Trata-se daquele típico boteco de bairro; mesas e cadeiras dispostas na calçada, frequentadores de longa data que se conhecem e se cumprimentam mesmo sem saberem os nomes uns dos outros, confrarias que se formaram lá mesmo em noites etílicas.

Fundado em 2002, completa neste mês de maio 20 anos de atividade ininterrupta (durante a pandemia fazia entregas e abria dentro das regras dos decretos). "Kazu" é, na verdade, Kasumaro Masuro Rodrigues, natural do município de Paraná, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte (distante 426 km de Natal), mas mora em Nova Parnamirim há 25 anos. "Eu e minha esposa queríamos abrir um empreendimento familiar, com boa comida e frequentado por pessoas aqui da área", explica Kazu.

 

O famoso caldinho de camarão e o baião de dois do Kazu

O cardápio da casa é de primeira e diferenciado. Tem pratos como a Barreada (segundo Kazu uma adaptação do prato clássico paranaense da costela assada em um buraco no chão) e tilápia, mas, o clássico da casa é o Baião de dois, já celebrado e merecedor de prêmios gastronômicos e reconhecimento pela imprensa potiguar.

"Foi o primeiro prato da casa e começou acanhado, mas as pessoas foram gostando e hoje é um dos que mais saem", explica, registrando que a versão da casa tem feijão marron com arroz acrescido de queijo coalho, carne de charque, calabresa e um ovo frito no ponto em cima para abrilhantar a coisa toda (custa R$ 45 a versão que dá para duas pessoas tranquilamente).

Mas meu preferido no bar e que peço repetidamente é o Caldo de Camarão. Esqueça os caldos ralos com uns camarões solitários dançando no fundo da cumbuca. Aqui trata-se de um caldo grosso e consistente com número justo de camarões. Perguntada sobre o segredo do prato, a esposa de Kazu e responsável pelo cardápio e cozinha, Maria Magnalda Rodrigues diz que não usa farinha ou macaxeira para engrossar: "eu trituro os próprios camarões para fazer o caldo, que na verdade é mais um creme", assinala. Temperado com o usual, alho, cebola, tomate, salsinha, vem salgado no ponto certo e fumegante para a mesa ao preço de 15 reais mais que justos e bem gastos.

Os outros caldos do bar são ótimos e os espetinhos também fazem sucesso, tendo como novidade o de Kafta com Queijo (8 reais) e sazonalmente o espetinho de Lagosta (14 reais) que sempre tem boa saída. Tudo isso "harmoniza" com cerveja sempre bem gelada, mas Kazu também serve Caipirinha e Caipirosca. Vá sem medo e com bastante fome! 

Endereço: Kazu Bar, Rua Praia de Muriú, 1133, Nova Parnamirim
Instagram: @kazubar_bar