Filme potiguar "A Parteira", de Catarina Doolan, foi selecionado na estreia da Plataforma do Itaú

Reportagens

Itaú Cultural lança plataforma gratuita de streaming de cinema e audiovisual brasileiros

Curadoria reúne produções de todas as regiões do país, agrupadas em uma grande diversidade de temas. Filme potiguar “A Parteira” está na estreia

18 de junho de 2021

No dia da celebração do cinema brasileiro, o Itaú Cultural lança, em 19 de junho, sua plataforma de streaming Itaú Cultural Play. Com acesso gratuito, o catálogo inicial reúne 135 títulos dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, abrangendo filmes de ficção, documentários, séries documentais e de ficção, animações para crianças e para adultos, produções experimentais, entrevistas, palestras, curtas e longas-metragens. O endereço para cadastramento e acesso é itauculturalplay.com.br

A Itaú Cultural Play estreia com mostra dedicada a Glauber Rocha e homenagem ao produtor Luiz Carlos Barreto, dando visibilidade e acesso a produções históricas. Também traz cinema contemporâneo, com filmes reconhecidos pela crítica e premiados em festivais, obras de cinema independente, filmes universitários e mostras temáticas, com parceiros institucionais e de festivais audiovisuais. 

Os títulos em cartaz perpassam dos clássicos ao cinema contemporâneo e obras mais recentes e de autoria negra e indígena. A grade também garante equilíbrio de gênero por trás das câmeras, com filmes realizados por 56 diretoras e 64 diretores.

‍“Vamos trazer a diversidade da nossa cinematografia para o grande público, gratuitamente, cumprindo nosso compromisso de ampliar o acesso à cultura brasileira”, disse Eduardo Saron, diretor da instituição durante o lançamento da plataforma, na manhã de quinta-feira (16), em formato virtual pelo Zoom, com participação de jornalistas de todo o País, da curadoria responsável pela construção da plataforma, além dos parceiros como o diretor da Flip, Mauro Munhoz. Em sua fala, Eduardo Saron, destacou que nesta primeira fase a curadoria foi pensada para que nenhum estado pudesse estar fora da plataforma. 

.Estreias

Nas mostras de estreia, o Rio Grande do Norte foi selecionado com o filme “A Parteira”, de Catarina Doolan, que pode ser acessado a partir de sábado na aba Resistências Audiovisuais Nordestinas. Também abrem o catálogo do Itaú Cultural Play as mostras Um Olhar do Centro, O ser amazônico e Um outro olhar: cineastas indígenas.

 

Clássicos

Em sua estreia, a sessão Carrosseis homenageia a filmografia de Glauber Rocha e Luiz Carlos Barreto. De Glauber, traz trabalhos cuidadosamente selecionados e organizados entre a sua produção de 1959 a 1985. De Barreto, exibe os principais títulos relacionados ao futebol, que ele dirigiu ou produziu, com destaque para Garrincha, Alegria do Povo e Isto é Pelé.

Sobre as obras selecionadas, além da sinopse, o público terá disponível uma produção literária que sugira "Por que ver o filme". “Vimos a necessidade de fazermos o trânsito de conteúdo. Por exemplo, ao ver Glauber Rocha ou Bruno Barreto, sempre no final da página a plataforma oferece conteúdo adicional por meio de link seja da Enciclopédia Itaú Cultural, relacionando o filme a escola, seja a outros conteúdos ou de parceiros, a mesma forma de lá para cá”, explicou. A ideia é que as pessoas possam fazer esse cruzamento de informações sobre as produções exibidas. Também acrescentou que embora a plataforma tenha seus algoritmos para ajudar a selecionar o interesse do público, “não abrimos mão de termos uma curadoria qualificada para propor temáticas novas”.

O diretor da plataforma disse ainda ainda que o Itaú Play pretende ser uma Hub para outras instituições culturais ou entidades que produzem seus conteúdos em seus locais de publicação e trazem esse acervo para dentro da plataforma. “Já temos 30 instituições confirmadas e seis parceiros importantes que estão com suas curadorias presentes”, confirmou. São elas: Flip, Arte1, SP Cia de Dança, TVE Bahia, Instituto cpfl e Alana.

Finalizou sua fala destacando a gratuidade como diferencial, pois o investimento é todo bancado pela instituição Itaú, embora citou que no futuro, a plataforma poderá ter salas com sessões especiais pagas, principalmente se for algum lançamento, sem afetar o propósito central de ofertar conteúdo gratuito. “A plataforma tem o cuidado de cobrir a diversidade temática e geográfica da produção nacional e aproximar o público deste conteúdo”, complementa Saron. Uma terceira etapa da plataforma será a criação do conteúdo próprio para ser visto em todos os equipamentos de Smart TVs.

Arte e Tecnologia

‍A chegada do Itaú Cultural ao mercado de streaming culmina um longo ciclo de relação da instituição com o mundo da arte e o uso intenso de tecnologia. A organização tem atuação histórica (veja na Linha do Tempo), desde a sua criação, quando produziu uma série de documentários chamada Panorama Histórico Brasileiro (PHB), depois distribuída em escolas públicas quando elas ainda recebiam filmes em VHS para apoio pedagógico.

‍Estão em seu percurso, ainda, outras ações como o apoio à produção audiovisual, por meio, por exemplo, do programa Rumos Itaú Cultural – como Edna, de Eryk Rocha, Almofada de penas, de Joseph Specker Nys, Ela volta na quinta, de André Novais – e produções próprias, como a série ICONOCLASSICOS com filmes sobre o dramaturgo Zé Celso, dirigido por Tadeu Jungle e Elaine Cesar; Rogério Sganzerla, dirigido por Joel Pizzini; Nelson Leirner, filmado pela diretora Carla Gallo; uma livre inspiração de Cao Guimarães da obra Catatau, do poeta Paulo Leminski, e um filme sobre Itamar Assumpção, dirigido por Rogério Velloso.

‍Com gerência do Núcleo de Audiovisual e Literatura e envolvimento de toda a instituição, o projeto está em desenvolvimento há dois anos. “Trata-se de uma plataforma em evolução, que será constantemente alimentada com novas produções e ajustada de acordo com as demandas que virão dos espectadores e da produção audiovisual brasileira”, afirma Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura da instituição.  

Instituições

Um dos diferenciais da Itaú Cultural Play também é a possibilidade de exibir a produção audiovisual realizada por instituições culturais de todo o Brasil, com recortes curatoriais próprios. No catálogo inicial, traz filmes selecionados por instituições parceiras de suas próprias produções – a Festa Internacional Literária de Paraty (Flip); a São Paulo Companhia de Dança, os institutos CPFL e Alana, além de dois canais de televisão, Arte1 e TVE/Bahia. Outras curadorias, nesta primeira mostra, vêm da programação de três festivais de cinema: forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, que fez a seleção de filmes de autoria indígena; IN-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical e o É Tudo Verdade, que traz uma retrospectiva de curtas-metragens premiados em suas edições. Já são cerca de 30 parceiros acordados até agora, para organizar novas programações – entre eles, o Instituto Moreira Salles, Canal Futura, Sesc, São Paulo e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que apresentarão suas produções mais adiante.  

Curadorias

A representação dos estados brasileiros está nas mostras de autoria indígena e do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com a seleção de filmes feita por convidados do universo audiovisual.‍ Estas curadorias foram realizadas pelo Mercado Sapi – espaço criado em Goiânia em 2014, para promover conexões, trocas e diálogos voltados ao audiovisual realizado no Centro-Oeste –; Nordeste Lab –, criado em Salvador, em 2015, para a articulação e fomento dedicados ao desenvolvimento do audiovisual da região; e por Júnia Torres, documentarista, curadora e diretora do forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, que fez a seleção de filmes de autoria indígena.

‍Animações ganham espaço no carrossel permanente, sejam para crianças, com o Cine Curtinhas, sejam para adultos, que inaugura com uma série de filmes de Otto Guerra. A Coleção Itaú Cultural, ganha espaço vitalício com a exibição de realizações contempladas via programas ou outras formas de apoio e produção própria do Itaú Cultural.