Autor dedicou 20 anos a este pesquisa, na qual incluiu viagens à sede da construtora em Cleveland
Agenda Cultural
Obra do engenheiro, pesquisador Manoel de Negreiros joga luz sobre o futuro da construção. A obra tombada pelo Patrimônio do RN está em ruínas
13 de julho de 2022
Cinthia Lopes
A Ponte de Igapó sempre foi motivo de fascínio e curiosidade por ser uma das grandes construções da virada do século XX. Erguida graças ao sonho de um brasileiro e à tecnologia de engenharia e técnicos ingleses, a ponte de ferro começou a ser construída em 1912 e foi entregue em 1916, como modelo e bases rigorosas para manter-se durável até hoje. Entretanto, por um erro de avaliação acabou sendo desativada e vendida como ferro-velho no início da década de 70. O equívoco tirou do cotidiano natalense uma das mais bonitas estruturas a interligar a zona Norte ao Centro. Embora tombada pelo Patrimônio Estadual por meio da Fundação José Augusto, desde 1992, a estrutura segue seu declínio na iminência de desabar.
Toda essa saga, da construção aos dias de hoje, pode ser fielmente conhecida nesta biografia “A História da Ponte de Igapó”, do engenheiro, pesquisador e professor do IFRN, Manoel Fernandes de Negreiros Neto. O livro será lançado no dia 14 de julho, das 17h às 22h, no Iate Clube de Natal. A obra editada pela Editora Appris reúne 25 anos de pesquisa do autor, busca de livros e documentos no exterior e até ida à sede da empresa Cleveland Bridge Company. Trata-se de uma investigação tão minuciosa que é considerada pelo autor como “quase arqueológica”. São 500 páginas recheadas de detalhes técnicos de engenharia civil centenária, fotos, plantas, cálculos, mapas, datas, fatos e episódios. Há lindos projetos originais e várias fotografias antigas, a maioria inéditas. A publicação foi organizada pelo autor em capítulos, alguns mais técnicos voltados para engenheiros, porém a maior parte é dedicada aos leitores em geral, que amam a História. “É um livro para quem gosta de História e mistérios”, adianta o autor, que foi a fundo em muitas questões elucidando alguns equívocos já divulgados por aí.
A ponte foi uma empreitada do engenheiro brasileiro João Júlio Proença, construída pelos ingleses da Cleveland Bridge e projetada por um francês, o engenheiro Georges Imbault. Ou seja, um visionário chegou por aqui vindo de Minas Gerais para investir na região, elaborou um projeto detalhado, foi buscar dinheiro no governo e tecnologia lá fora. Se hoje a ponte de ferro é sucata na paisagem, ela foi no passado fundamental para o desenvolvimento da cidade e um modelo da pré-engenharia brasileira que começava a engatinhar. De passagem ferroviária passou a rodoferroviária até ser desmantelada na década de 70, quando então construíram a outra, de concreto.
FUTURO DA PONTE
O objetivo do livro é contar de forma mais fiel, a história desse monumento tombado pelo setor de patrimônio do Estado do Rio Grande do Norte. Assim como provocar um debate na busca de soluções para o futuro do monumento, que está ameaçado de cair. E, segundo o autor, contribuir com uma futura implantação da disciplina de História da Engenharia no currículo universitário. “Os arquitetos estão bem mais avançados pois existe uma cadeira de História no curso de Arquitetura. Já os engenheiros não têm esse privilégio. Costumo dizer que se existisse uma formação nessa área, os engenheiros do DNIT, na década de 70, não teriam tentado vender a ponte como ferro-velho”, disse o autor.
SERVIÇO
Lançamento do livro “A História da Ponte de Igapó”, de Manoel Fernandes de Negreiros Neto”. Dia 14 de junho, das 17h às 22h, no Iate Clube de Natal. 500 páginas, Editora Appris. Preço: R$ 175,00 | Estarão à venda 50 kits de miniaturas da Treliça, da Betoneira à vapor
12 de abril de 2023
07 de abril de 2023
07 de abril de 2023
28 de junho de 2022
16 de junho de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
04 de junho de 2023
15 de setembro de 2022