Liz Rosa articulou a turnê no Brasil de Benny Benack III

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Liz Rosa encontra Benny Benack III em show que promete agitar o Fest Bossa e Jazz

Cantora se apresenta dia 13 ao lado do trompetista americano, do pianista Misha Piatigorsky, além de Gili Lopes (baixo) e Bruno Lucas (bateria)

09 de outubro de 2022

Cinthia Lopes

A cantora potiguar Liz Rosa passou os últimos seis meses entre Rio de Janeiro, São Paulo e Nova York terminando o seu novo álbum, fazendo uma série de shows e negociando a turnê no Brasil do trompetista e cantor norte-americano Benny Benack III. O resultado disso tudo os norte-rio-grandenses poderão ver durante o Fest Bossa Jazz em São Miguel do Gostoso, onde a artista potiguar apresentará em primeira mão as canções do disco Jazz Brasil. Ao lado dela também estarão o pianista e arranjador do disco, o russo-americano Misha Piatigorsky e Benny Benack III, além de Gili Lopes no baixo e o super talento potiguar Bruno Lucas na bateria.

Misha, Benny Benack e a cantora norte-americana Emily Braden também se apresentam no Festival em formato trio, sendo parte da turnê do trompetista no Brasil. Benack é o terceiro em uma linha geracional de notáveis do jazz de Pittsburgh. Segue os passos de seu avô trompetista/líder de banda, Benny Benack, Sr (1921-86), e seu pai Benny Benack Jr, um saxofonista/clarinetista. Além disso, sua voz ser naturalmente expressiva no molde pós-Sinatra vai formar um bom dueto com Liz.

"Teremos algumas das canções do novo álbum e mais standards brasileiros e americanos. Tudo arranjado pelo excelente pianista russo-americano Misha Piatigorsky”, adianta a cantora que tem feito uma proveitosa carreira no mercado do jazz norte-americano. A estreia do novo show aconteceu em junho deste ano ao lado do grupo português Fado Bicha, no Dolores Club no Rio de Janeiro. “Foi um sucesso absoluto e agora teremos essa série de shows com Benny, Emily e Misha que estreia no Fest Bossa & Jazz e passa por Rio de Janeiro, Itaipava e São Paulo. Estou muito feliz e orgulhosa em poder realizar tanto depois de quase 3 anos de confinamento”.

Liz conversou com o Típico Local sobre suas conexões musicais, a gestão de sua própria carreira e as dificuldades de encontrar espaço para tocar em Natal. Durante a pandemia, Liz chegou a abrir sua própria casa para shows intimistas. “O projeto foi muito bem aceito, mas é preciso de investimento”, lamenta.

Para saber mais sobre o festival acesse aqui www.festbossajazz.com.br

Confira a entrevista de Liz Rosa nesta coluna 5 Digitais:

1-Liz, você foi convidada a tocar no palco do Fest Bossa e Jazz em Gostoso. O show  “Liz Rosa convida Benny Benack III” é um desdobramento do sua temporada nos Estados Unidos? 

Com certeza! Esse show é uma mostra da sonoridade que tenho feito nesses últimos anos (desde que mudei para NYC em 2016) e um gostinho do novo álbum. Teremos algumas das canções do novo álbum e mais standards brasileiros e americanos. Tudo arranjado pelo excelente pianista russo-americano e meu fiel escudeiro Misha Piatigorsky, que também estará tocando piano no show. Completando o time temos, também vindo de NYC, Gili Lopes no baixo e o super talento Potiguar Bruno Lucas na bateria. Abrilhantando ainda mais a noite teremos o incrível Benny Benack III no trompete e vocais.

2- A quais projetos você está dedicada no momento?

Passei os últimos  6 meses entre Rio de Janeiro, São Paulo e NYC terminando o meu novo álbum, fazendo uma série de shows e negociando esta turnê de Outubro no Brasil com Benny Benack III, Emily Branden e Misha Piatigorsky. Durante muitos anos me dediquei exclusivamente a cantar e gerenciar minha própria carreira. Sou responsável por absolutamente tudo, desde pensar em toda parte artística, passando por contatar e contratar os músicos, técnicos etc, fechar os shows mundo afora e cuidar de toda logística com viagens e afins.

Com o tempo, sobretudo agora com a retomada do mercado pós covid, percebi que tenho um ótima entrada no Brasil para ampliar o alcance da minha empresa e comecei então essa empreitada como tour manager. Agora, além do meu próprio trabalho, estou trabalhando com alguns artistas que admiro dos EUA e da Europa, realizando o planejamento e execução de uma série de shows para eles no Brasil. 

Minha estreia foi em Junho com o show do grupo Português Fado Bicha no Dolores Club no Rio de Janeiro,  que foi um sucesso absoluto e agora teremos essa série de shows com Benny, Emily e Misha que estreia no Fest Bossa & Jazz em São Miguel do Gostoso e passa por Rio de Janeiro, Itaipava e São Paulo. Estou muito feliz e orgulhosa em poder realizar tanto depois de quase 3 anos de confinamento. 

3- Você tem uma relação também com curadoria, inclusive para o Fest Bossa. Como é sua participação?

Curadoria, etimologicamente, tem origem no latim "curator" que quer dizer "aquele que administra",  "aquele que tem cuidado e apreço". Então digamos que a curadoria no campo da música é a arte de cuidar e unir pessoas (artistas e público) através da música e eu tenho absoluta paixão por gente e música. Por alguns anos eu fiz parte da curadoria do Fest Bossa & Jazz ao lado de Juçara Figueiredo e Luciano Prates.

Durante esses anos aprendi muito com eles dois e também contribuí com minha vivência enquanto artista e com os contatos que construí nesses 20 anos de música. Parceria que temos graças ao Fest Bossa & Jazz. De alguns anos pra cá deixei de fazer parte da curadoria do Festival, que continua sendo feita com excelência por Luciano e Juçara, e participo mais como colaboradora. Seja gravando as locuções, cantando, ou ainda como agente de algumas atrações.

4- Perto do fim da pandemia você criou um projeto muito bacana de apresentações intimistas em sua residência em Ponta Negra. Pensa em retomar esse projeto?

O projeto foi muito bem aceito, fico feliz em ter conseguido realizar. Acho que boa parte dessa aceitação veio por ser uma experiência diferente, se sentir em casa, poder estar próximo dos músicos etc, e pela falta de espaços na cidade dedicados à música. A ideia do projeto surgiu muito pela minha angústia em cantar e não tem espaço para isso, então arregacei as mangas e abri as portas da minha casa.

Apesar de adorar ser anfitriã, o trabalho era enorme e para que o projeto ficasse ainda mais organizado eu precisaria de apoio financeiro para investir em algumas coisas e também para contratar uma equipe. A falta desse aporte financeiro, a retomada dos shows e consequentemente minhas constantes viagens, não me permitem por agora retomar o projeto. Mas, quem sabe num futuro…

 

5-Que sugestões daria para incrementar mais o circuito de música na cidade. Acredita que falta espaço para sonoridades como a sua?

Natal sempre foi um celeiro de ótimos artistas, mas sempre houve pouco espaço e um descaso do poder público com nossa categoria. Entra governo, sai governo e não existe nenhum tipo de fomento permanente que beneficie nossa classe em relação a conseguirmos capacitar os artistas em termos empresariais e muito menos para que tenhamos verba para investir em nossas carreiras e realizarmos novos espetáculos. 

As leis de incentivo, que funcionam através de renúncia fiscal, não dão conta de sustentar toda a demanda, principalmente agora com parte das empresas menores endividadas, nos deixando apenas grandes empresas como opção de potenciais patrocinadores. Além disso, a minoria de nós sabe e consegue realizar projetos via lei de incentivo, ou seja, as leis de incentivo só conseguem beneficiar uma pequena parcela dos artistas. 

Tenho visto alguns colegas se articularem em coletivos e unirem forças para realizarem projetos de gravações, shows etc. Isso é maravilhoso e muito importante, mas a verdade é que não há como se fomentar uma cena relevante local sem a atuação do Estado. Unido a isso, a praticamente ausência de espaços para se ouvir música dificulta ainda mais nosso trabalho. 

Temos apenas Casa da Ribeira e TAM como espaços operados com ajuda/administração do poder público e alguns poucos restaurantes/bares com música ao vivo e estes espaços não têm como foco a música. Não temos casas dedicadas à música, entende? Espero que nossa categoria, que foi tão importante para todos em tempos de isolamento, não seja mais uma vez esquecida e escanteada. Cabe também a nós artistas continuarmos nos articulando e pressionando o poder público por uma atuação mais representativa. Estarei sempre à disposição dos demais artistas da cidade para ajudar no que for preciso e estiver ao meu alcance.