Margareth Menezes é cantora pioneira na difusão do samba-reggae. Foto: José de Holanda
Reportagens
Artista é respeitada pelo canto, pela ideologia da obra e por ter se mantido forte mesmo após o branqueamento da 'axé music' pelo mercado
13 de dezembro de 2022
Reproduzido do crítico Mauro Ferreira | Blog G1
.
A confirmação de que Margareth Menezes foi convidada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva – e aceitou – assumir o reativado Ministério da Cultura joga luz sobre a trajetória artística dessa cantora e compositora baiana nascida em Salvador (BA) em 1962.
Aos 60 anos, completados em 13 de outubro, Margareth é a única negra dentre as quatro cantoras mais famosas do gênero rotulado como axé music. É também a voz feminina mais potente e calorosa da música afro-pop-brasileira.
Maga – como a cantora é carinhosamente chamada no universo musical baiano – foi pioneira difusora do samba-reggae, gênero nascido nos blocos afros de Salvador (BA) com Ilê Aiyê e Olodum. Apresentado há 35 anos, Faraó (Divindade do Egito) (Luciano Gomes, 1987) é o samba-reggae mais associado a Margareth, seguido por Uma história de Ifá (Elegibô) (Ythamar Tropicália e Rey Zulu, 1987).
Artista que entrou em cena como atriz no alvorecer da década de 1980, tendo integrado grupos teatrais de Salvador (BA), Margareth irrompeu mesmo no Brasil como cantora pela potência vocal já qualificada como “força da natureza” por Carlinhos Brown.
Ao longo de trajetória fonográfica prejudicada pelo desinteresse das grandes gravadoras do Brasil em dar o devido valor à cantora, uma vez que o mercado investiu em um forçado branqueamento da axé music a partir dos anos 1990, Margareth Menezes gravou 15 álbuns lançados entre 1988 e 2019.
O primeiro, Margareth Menezes, saiu em novembro de 1988 com músicas que ainda hoje reverberam nos shows da artista, caso do reggae Alegria de cidade (Lazzo Matumbi e Jorge Portugal, 1988). O mais recente álbum da artista, Autêntica, foi lançado em outubro de 2019 com repertório pautado por exaltações da negritude, da mulher e de signos e símbolos da cultura afro-brasileira – bandeiras que a artista certamente manterá hasteadas no comando do Ministério da Cultura do Governo Lula.
Margareth Menezes driblou preconceitos e, mesmo tendo se tornado menos popular em escala nacional do que Daniela Mercury e Ivete Sangalo, cantoras que reinaram no segmento do axé a partir da década de 1990, a artista conseguiu permanecer em cena com o respeito de todo o meio musical, fazendo importante trabalho que ecoou sobretudo na cidade natal da artista.
Em Salvador (BA), todo mundo sabe da relevância de Margareth Menezes na cultura afro-brasileira. Além de cantora, dona de obra marcada pela forte ideologia exposta em álbuns consistentes como Um canto pra subir (1990) e Kindala (1991), Margareth também criou projetos sociais e o bloco Os Mascarados.
Sob o comando da artista, o bloco foi para as ruas soteropolitanas em 1999 para celebrar os 450 anos da capital da Bahia e se tornou marcante na folia da cidade.
Mesmo sem o apoio da indústria fonográfica, Maga emplacou sucesso nacional em 2001, Dandalunda, presente do compositor Carlinhos Brown, admirador do canto da artista. Dandalunda figura no sexto álbum de Margareth, Afro pop brasileiro (2001), batizado com o nome do movimento gregário criado pela artista para valorizar a cultura negra nacional, em especial a da Bahia.
Na vida como na música, Margareth Menezes sempre pensou a cultura como polo de conhecimento, de afirmação da estima do povo preto, da difusão de informação para facilitar a inclusão na sociedade da população menos favorecida economicamente. Tudo o que poderá exercitar a partir de janeiro de 2023, em amplificada escala nacional, no comando do Ministério da Cultura do terceiro Governo de Lula.
12 de abril de 2023
07 de abril de 2023
07 de abril de 2023
28 de junho de 2022
16 de junho de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
20 de fevereiro de 2022
04 de junho de 2023
15 de setembro de 2022