Os trabalhos são fotografias em várias superfícies, com cenas imaginadas pelo artista

Reportagens

Max Pereira apresenta Efemérides, uma exposição em formatos radicais

Para Sanzia Pinheiro, artista visual radicaliza esse desafio de acesso aos bens culturais, colocando seus trabalhos dentro das casas

23 de julho de 2021

Por Sanzia Pinheiro Barbosa | Curadora 

Hoje é possível visitar as exposições de qualquer museu do mundo através da internet ou a partir de aplicativos de realidade aumentada como o Mobart. Sem sair de casa, podemos acessar milhares de imagens e transitar nos mais diversos espaços expositivos do mundo. No entanto, o distanciamento entre obra e visitante, aumentou! Não é possível perceber a exposição como um todo, as sensações que deixa no visitante e se levarmos em consideração as proposições sensoriais de alguns trabalhos artísticos, a virtualidade perde o sentido.

Max Pereira na sua primeira exposição individual, Efemérides, radicaliza esse desafio de acesso aos bens culturais, colocando seus trabalhos dentro das casas das pessoas, deixando-as livres para exibir onde e como desejar. Criando um espaço expositivo temporário e íntimo. As pessoas terão um tempo monumental para olhar, refletir, sentir aquelas imagens em seu viver cotidiano.

Hélio Oiticica em suas formulações, buscou superar a noção de espectador redefinindo-a como particpador aberto ao “exercício experimental da liberdade”. O artista carioca sai do entendimento de uma arte contemplativa, para uma arte que afeta comportamentos, e tem uma dimensão social, política e ética. Max Pereira convida esse participador e vai mais além pois dialoga com cada morador, sobre o processo de criação das imagens que estarão por alguns dias nas paredes que protegem aquelas pessoas.

Os trabalhos são fotografias resultado de cenas imaginadas pelo artista em suas buscas por caminhos não dados. São intervenções em diversas superfícies que cria uma paisagem efêmera. Max olha para um lugar, imagina, espalha os origamis, fotografa e recolhe. Restando o registro de uma possibilidade. Uma pedra que brota origamis coloridos, um chão de origamis que sustenta uma geometria de ferro, um cofre que guarda origamis multicor, um rio de origamis ou um origami que se entrelaça com

as folhas. O origami é uma arte tradicional japonesa de dobrar papel, são diferentes dobras no papel que combinadas formam um desenho complexo é um exercício que Max Pereira tem feito ao longo dos anos.

O artista produziu mais de 15 mil origamis com pequenas variações no formato, sendo de cores e tamanhos diferentes. usando-os em diversas situações, ações e objetos. Interessante notar que todos os origamis lembram fractais. Os fractais são figuras da geometria não clássica, que pode ser dividida em  partes, cada uma das quais semelhantes ao objeto original. Os fractais possuem detalhes infinitos e uma

estrutura geométrica complexa. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão repetido, um processo recorrente ou interativo.

 

O processo criativo dessas diferentes imagens fotográficas emerge de um padrão repetido, um processo criativo recorrente e interativo. Fazer as mesmas dobras, escolher paisagem, espalhar origamis, fotografar e recolher. Uma proposta de imaginação que invade a casa das pessoas e afirma para elas que

fotografar não é apenas registrar, mas é também criar imagens impossíveis.

Este projeto foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc Rio Grande do Norte. Com o apoio do Governo do Estado, Fundação José Augusto; e do Governo Federal, através da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo.

 

Serviço:

Exposição Efemérides: Inscrições: 21 de julho a 10 de agosto de 2021 pelo link:

 linktr.ee/MaxPereira71 | Ou no instagram @maxwelpereira

Exposição: 13 de agosto a 30 de setembro de 2021.