Idílio percorre os ambientes e a relação amorosa de Dáhlia por Câmara Cascudo

É Típico!

Max Pereira recria cenários de origamis inspirados no amor entre Dáhlia e Cascudo

Artista realiza intervenção "Idílio" na Primavera dos Museus. A obra está aberta ao público no Instituto Câmara Cascudo

21 de setembro de 2021

Cinthia Lopes | Do Típico Local

É tempo de idílio e harmonia com a chegada da primavera e a imaginação também adentra os museus com a programação alusiva à Primavera dos Museus 2021, em ritmo de retomada presencial em muitas instituições . Em Natal, uma história de amor ganha o olhar do artista visual Max Pereira, que em parceria com a família de Cascudo nos apresenta a intervenção “Idílio”. São 700 origamis posicionados pela morada mais famosa da Cidade Alta, a residência de Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986) e dona Dáhlia Freire (1909-1997). A obra cria um caminho de dobraduras em papel, ligando os espaços da biblioteca e do quarto do casal Luís e Dáhlia. É um verdadeiro cenário instagramável de arte e também uma declaração de amor deste famoso casal potiguar. 

Cascudo e Dáhlia, a “flor sem espinhos” como ele a chamava, tiveram uma relação de 57 anos de vida em comum, repleta de amor, respeito e cumplicidade. Para Cascudo, ela foi o grande esteio emocional. Segundo Max Pereira, a ideia de retrabalhar os origamis surgiu de uma conversa com Camila e Daliana Cascudo, que atualmente é diretora do museu. “A intervenção foi inspirada em um depoimento de Dáhlia sobre uma noite chuvosa em Natal”, disse Max. 

O quarto do casal 

“Já mais para a madrugada, eu sentia falta de sua companhia. Levantei-me da cama e fui até a porta da biblioteca, que era velada por uma cortina. Não deixei que ele me visse, apenas entreabri a cortina e olhei. Ele estava absorvido totalmente.

.Senti que naquele momento era o escritor, e não o homem. Se eu o chamasse, nunca encontraria o marido, e sim o intelectual. Lembrei-me que ele havia me dito que o escritor trabalhando em sua biblioteca equivale a um cientista no seu laboratório de pesquisas.

Não deve, não pode ser interrompido. Seria assim, segundo as palavras dele, como um pombal onde estivessem reunidos muitos pombos e, de repente, alguém abrisse a porta da gaiola. A revoada seria evidente. Pensando em tudo isso, venci a mesma e renunciei, naquele momento, ao marido. Fechei a cortina sem ser notada e voltei para minha cama, ouvindo a chuva lá fora...”

 

Pisos, ambientes e cenários de Idílio. Fotos: Max Pereira

A obra está em exposição no Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo @institutocascudo, de 20/09 a 20/10, segunda a sexta, 12h às 17h. O instituto incentiva a clicar os cenários e publicar nas redes. Para agendar a visita basta enviar mensagem pelo WhatsApp (84) 98827-3866. @institutocascudo 

Origamis 

Desde 2008 o artista e fotógrafo Max Pereira trabalha com origanis modulares unindo linguagens da fotografia e artes visuais. Em 2008 ele ganhou o prêmio de Prêmio Thomé Figueira. Fundação José Augusto 2008 e no ano seguinte realizou a Instalação Infinitas Possibilidades na Casa da Ribeira. Em 2010 apresentou Goodbye Dejà vú, obra que foi premiada no XIII Salão de Artes Plásticas do Natal. FUNCARTE 2010. A intervenção em ilustrações e fotografias em O sonho de Nininha, na primeira virada Cultural de Natal. Ribeira, 2012. Detaque para a Intervenção Dejà vú Jucurutu exposta na Biblioteca Pública Mário de Andrade. São Paulo, em 2019. Seguida da série STARSCAPE 3D, uma Caixa de madeira com origamis e impressão adesivada em vidro. No ano passado, Max reposicionou seus origamis em cenários reais pela cidade.