Cartaz da exposição aberta neste sábado (6)
Agenda Cultural
Elza Bezerra comenta exposição que une as artistas Angela Almeida e Selma Bezerra dialogando com o principal movimento artístico brasileiro
03 de agosto de 2022
Por Elza Bezerra Cirne
Espiava a conversa de duas artistas, procurando palavras para reproduzir um encantamento.
Assisti de perto as primeiras pinceladas, vislumbrei algumas obras, mas não consegui captar a grandeza da exposição que germinava na cabeça do curador.
No entanto, ao participar da última reunião do trio, tinha material suficiente para tentar, leia bem, (tentar!) descrever a exposição “Moderno… pra contemplação dos olhos de hoje”.
Manoel Onofre Neto enxergou nos trabalhos de Selma Bezerra e Angela Almeida uma magnífica forma de resgatar o Modernismo desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, e trazer o olhar para a contemporaneidade do Rio Grande do Norte, cem anos depois.
Através de linhas imaginárias, a exposição conecta as obras das duas artistas com trabalhos de Erasmo Xavier, Ivon Rodrigues, Newton Navarro e Dorian Gray, tendo a literatura potiguar como fio de ligação.
Se Tarsila teve sua fase pau-brasil, retratando as cores de um Brasil caipira, Selma deixa de lado os papéis ferrados, para pintar o sertão, demonstrando que transita com maestria no retorno às origens de sua pintura e de seu chão.
Selma dialoga com as flores e cores de Tarsila e pinta o sertão de toda vegetação alegre da terra de Jorge Fernandes, criando as “Tarsilianas”, como bem denominou Onofre.
Nesse ambiente, Angela insere os seus “Vaqueiros em Flores”, porque mesmo o herói do sertão é capaz de revelar flores que ainda não foram vistas: azuis - amarelas - vermelhas - pintadas.
Se há espaço para a sensibilidade do vaqueiro, o que dizer das mulheres retratadas pela artista através da série “Eu como somos”? Um roçado de ideias femininas flutuando no ar…
Doutora em estética do sertão, em “Paisagens Originárias – Bordados”, Angela borda o algodão tingido de pigmentos naturais – ouro branco que povoou nosso chão – com linhas cuidadosamente trançadas, revelando poesias visuais de Oswaldo Lamartine, José Bezerra Gomes e Zila Mamede.
Zila, a menina de Nova Palmeira (PB), de olhos cânticos e aromas apreendidos no entardecer rural, mudou-se para Currais Novos e depois para Natal, onde se transformou na poeta respeitada e admirada no país inteiro. O visitante poderá emergir de sua poesia e entender o olhar da poeta sob a ótica de sua coleção particular de obras visuais.
Todos esses artistas estarão reunidos na Pinacoteca, tecendo uma cadeia antropofágica que engole os ideais modernistas e regurgitam arte em terras potiguares.
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