Vanusa morreu no dia do aniversário de Antônio Marcos, disse a filha Areta

Agenda Cultural

Morre em São Paulo a cantora Vanusa, aos 73 anos

Ao longo da carreira, artista se juntou à Jovem Guarda, lançou mais de 20 discos e vendeu 3 milhões de cópias.

08 de novembro de 2020

Com informações do G1 Santos e Revista Rolling Stone

A cantora Vanusa morreu na manhã deste domingo (8) aos 72 anos, em uma casa de repouso em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com o portal G1 Santos, um enfermeiro do local, onde a artista morava há dois anos, percebeu que ela estava sem batimentos cardíacos, por volta das 5h30. Uma equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi acionada e constatou que a causa da morte foi uma insuficiência respiratória.

Segundo funcionários da casa de repouso, Vanusa recebeu a visita de Amanda, sua filha mais velha, neste sábado (7). Ela cantou, brincou, riu e se alimentou bem. A artista fazia fisioterapia e outros tratamentos na residência para idosos. Em setembro e outubro, Vanusa esteve hospitalizada por causa de uma pneumonia.

Aretha Marcos, também filha de Vanusa, publicou homenagens à mãe nas redes sociais. Em uma delas, ela relembrou que, neste domingo, seu pai, Antônio Marcos, completaria 75 anos. "O amor é impossível. Hoje, aniversário do meu pai, Antônio Marcos ele veio buscar minha mãe para viverem juntos na eternidade. A vida é arte!"

O jornalista e crítico de música Mauro Ferreira fez uma retrospectiva da carreira da cantora. Segundo ele, Vanusa teve importância especialmente na década de 70. Ele também falou sobre a importância da cantora na cena musical brasileira e sua veia feminista. "Vanusa foi uma pioneira, ela foi empoderada. Ela sempre defendeu isso quando o mundo era mais machista, poucas mulheres tinham voz ativa na música brasileira como compositoras, sobretudo", disse Ferreira.

 

Carreira

Vanusa Santos Flores nasceu em 22 de setembro de 1947 na cidade de Cruzeiro (SP), mas foi criada em Uberaba (MG). Com mais de 20 discos lançados ao longo da carreira e 3 mais de milhões de cópias vendidas, a cantora e compositora era mais identificada com a canção popular do que com a MPB, mas flutuou entre gêneros como rock, funk americano e samba. Aos 16 anos, cantava com o grupo Golden Lions. Em 1966, fez sucesso com a canção “Pra nunca mais chorar” e passou a se apresentar na TV Excelsior. Na mesma época, participou das últimas edições do programa da Jovem Guarda. Pouco depois, se juntou ao elenco do programa humorístico “Adoráveis trapalhões”, com Renato Aragão.

Nos anos 1970, emendou sucessos como “Manhãs de setembro”, que escreveu em parceria com seu parceiro frequente Mário Campanha, e baladas como "Sonhos de um palhaço", de Antonio Marcos e Sérgio Sá, e "Paralelas", de Belchior.

Em 1972, se casou com Antonio Marcos. O cantor participou diretamente da carreira de Vanusa com outras músicas, como “Coração americano”, escrita com Fagner. A música faz parte de um dos melhores discos da cantora, “Amigos novos e antigos”, lançado em 1975. Na mesma década, ela ainda esteve no elenco de montagem do musical “Hair”.

Em 1977, lançou com o cantor Ronnie Von o LP “Cinderela 77”, trilha sonora da novela com o mesmo nome da TV Tupi.

Nas décadas seguintes, manteve a carreira ativa com o lançamento de discos e participações em diversos festivais de música no país e no exterior, como Uruguai, Coreia do Sul e Chile.

Em 2005, participou ainda de eventos e shows comemorativos dos 40 anos da Jovem Guarda. Em 2009, Vanusa foi convidada para cantar o hino nacional em um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um vídeo que mostra a cantora trocando palavras da letra se tornou viral na internet. Na época, ela contou que remédios para labirintite a deixaram desorientada na ocasião.

Pouco tempo depois, Vanusa sofreu um acidente doméstico, segundo ela. também provocado pela labirintite. Por causa da queda, a artista precisou se submeter a três cirurgias na clavícula.

Vanusa contou sua vida na autobiografia “Ninguém é mulher impunemente” e no monólogo musical “Ninguém é loura por acaso”, que estreou no teatro em 1999 em São Paulo.

Em 2015, Vanusa superou a depressão e lançou um novo álbum produzido Zeca Baleiro. O disco ganhou o nome de batismo da cantora, Vanusa Santos Flores. "Esse disco é um renascimento", declarou ela à época, muma entrevista para a revista Rolling Stone.

Lançado pelo selo Saravá Discos, de Baleiro, o álbum representa mesmo a volta à vida de uma artista que teve o pico de popularidade ao longo dos anos 1970, década em que emplacou nas paradas populares músicas como "Paralelas", do sumido Belchior, e quando lançou Zé Ramalho para o Brasil ao gravar "Avohai", em 1977, meses antes de o cantor e compositor paraibano ganhar fama nacional com a edição do primeiro álbum. "Meu poço tem uma mola. Toda vez que chego ao fundo dele, essa mola me arremessa de lá feito um foguete", disse. Este foi seu último disco gravado. Tempos depois ela teve problemas de saúde.