Tarcísio Meira como Quelé do Pajeú, um raro filme do diretor Anselmo Duarte

Reportagens

Morre em São Paulo o ator Tarcísio Meira, vítima de covid-19

Aos 85 anos, ator deixa uma contribuição imensa para a tv e o cinema, além de uma galeria de mais de 60 personagens

12 de agosto de 2021

Tarcísio Meira nunca teve dúvidas de que foi “o cara que mais decorou palavras no mundo”. Mesmo que a marca não apareça no Livro dos Recordes, o fato é que só na televisão foram mais de 60 trabalhos – mais de 50 na TV Globo –, entre novelas, seriados e minisséries, teleteatros e telefilmes, numa carreira que começou em 1961, na extinta TV Tupi, e foi se consolidando ao longo dos anos. Um vida que se mistura à história das telenovelas no nosso país. Nesta quinta-feira, 12 de agosto, Tarcísio sai de cena definitivamente, aos 85 anos, deixando certamente um vazio no coração de todos os brasileiros. O ator deixa a esposa e companheira de toda vida, a atriz Glória Menezes, e o filho, o também ator Tarcísio Filho.

Segundo a assessoria do artista, ele estava internado desde a última sexta-feira (6) devido a complicações da covid-19. O artista chegou a ser entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. A esposa dele, a atriz Glória Menezes, de 86 anos, também foi hospitalizada com a mesma doença, porém, em um quadro menos grave.

Nascido no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo, batizado Tarcísio Magalhães Sobrinho, o ator tomou emprestado da mãe o sobrenome Meira, que, além de ser mais sonoro, somava 13 letras com o primeiro nome – uma superstição da época. Quando jovem, queria ser Diplomata. Para sorte do público, porém, desistiu da ideia ao ser reprovado na primeira prova que fez para o Instituto Rio Branco, em 1957. No mesmo ano, estreou no teatro com a peça ‘A Hora Marcada’. Em 1959, fez seu primeiro espetáculo profissional, 'O Soldado Tanaka', convidado por Sérgio Cardoso.

Tarcísio estreou na TV no mítico ‘Grande Teatro Tupi’, um programa de teleteatro, onde contracenou pela primeira vez com Glória Menezes em ‘Uma Pires Camargo’, em 1961, de Geraldo Vietri. Os dois se casaram no ano seguinte. “Conheci Glória quando estava ensaiando uma peça dirigida por Antunes Filho. Eu a vi passar no palco e falei: ‘Que mulheraço! Que mulher bonita’”, contou em entrevista ao Memória Globo. Da união, nasceu, em 1964, Tarcísio Filho.

Em 1963, o casal trocou a Tupi pela Excelsior, onde participou da primeira novela diária da televisão brasileira, ‘25499 Ocupado’, de Dulce Santucci. No mesmo ano, fez o seu primeiro filme: ‘Casinha Pequenina’, com Mazzaropi.

Na TV Globo, Tarcísio estreou em 1968, com a novela ‘Sangue e Areia’, de Janete Clair. A adaptação do romance do espanhol Blasco Ibañez escrita por Janete fez com que Tarcísio e Glória se tornassem um dos pares românticos favoritos do público. Também marcou o início de uma parceria duradoura: ele protagonizou mais seis novelas da autora. Outra parceria bem-sucedida de Tarcísio foi com Lauro César Muniz. A história do país serviu de cenário para ‘Escalada’ (1975). Nela, o ator viveu Antônio Dias, personagem que interpretou da juventude aos 70 anos, tendo testemunhado a construção de Brasília.

'Irmãos Coragem' (1970), novela na qual viveu o mocinho João Coragem, foi um dos maiores sucessos da fase preto e branco da TV brasileira. Para se ter uma ideia, o penúltimo capítulo da trama deu mais audiência que a final da Copa do Mundo. “Foi a primeira novela que os homens admitiam que viam. Até então, eles viam meio escondidos, porque novela era coisa de mulher”, explicou Tarcísio ao Memória Globo.

Seu último trabalho na emissora foi ‘Orgulho e Paixão’, em 2018. Na trama de Marcos Bernstein, inspirada na obra da escritora inglesa Jane Austen, ele viveu Lorde Williamson, pai do mocinho vivido por Thiago Lacerda. Em outros trabalhos recentes viveu ainda Fausto Leitão, em ‘A Lei do Amor’, e fez uma participação como o Coronel Jacinto, em ‘Velho Chico’, ambas em 2016.

Fonte: Imprensa TV Globo