Em 2019 Genival Lacerda se apresentou no São João de Natal promovido pela Prefeitura de Natal

Reportagens

Morre Genival Lacerda, o último dos forrozeiros de sua geração

Paraibano deixa como legado forrós de letras bem humoradas como Severina Xique-Xique, Rock do Jegue e Maté o Véio

07 de janeiro de 2021

Morreu nesta quinta-feira, aos 89 anos, o veterano artista do forró Genival Lacerda, por complicações da Covid 19. Ele estava internado em estado grave desde dia 30 de novembro, em um hospital do Recife e esta semana a família fez uma campanha para doação de sangue. Em maio, Genival tinha se internado após sofrer um AVC.

Natural de Campina Grande, na Paraíba, Genival Lacerda atua na cena musical há mais de seis décadas, reconhecido como um dos grandes nomes da música regional e de sua geração o único que estava na ativa. Seus forrós são famosos até hoje pelas letras  irreverentes de duplo sentido que fizeram a alegria nos arrasta pés há décadas , caso de “Severina Xique-Xique”, aquela que “comprou uma boutique para a vida melhorar...”, música que deu alcance nacional à carreira do paraibano. Também famosas  “Rock do Jegue”, “Mate o Véio”, “Caldinho de Mocotó” e “Radinho de Pilha”.

 Ano passado Genival Lacerda se apresentou no São João de Natal promovido pela Prefeitura, no Arena das Dunas. O show contou com a participação do filho João Lacerda, também cantor e compositor.  À época estava animado com a turnê junina e, em entrevista para um jornal local, disse que seu grande parceiro das letras debochadas foi o potiguar Elino Julião (1936-2006) dos sucesso “Rabo do jumento” e “Meu cofrinho de amor”. “Quando ia à Natal encontrava com ele. Era um artista incrível. Só fazia forró bom e cantava muito bem. Gravei umas oito músicas dele. Sobre seu legado, não via nenhum nome da nova geração a levar adiante o estilo que ele criou. "Ainda hoje encontro gente que vem me dizer que minha música é putaria e cheia de palavrão. Digo logo: fíduma égua, putaria é outra coisa”.

Sobre Jackson do Pandeiro, seu ex-cunhado, Genival Lacerda tem uma forte admiração pelo mestre da embolada, a quem deve o incentivo no início da carreira ainda nos anos 1950. “Daquela minha geração só tem eu cantando. Os outros todos ou pararam de fazer show ou morreram. Também, são quase 70 anos de carreira”, disse na mesma entrevista concedida ao jornalista Ramon Ribeiro.