Geraldo Cavalcanti e Guaraci Gabriel trabalharam juntos no projeto Nós na Tela

Reportagens

Amigos lamentam morte do diretor Geraldo Cavalcanti, vítima da Covid

Conhecido pela generosidade, realizador lutava pelo cinema como elo de educação e participou de movimentos como Nós na Tela e Cinema Processo

31 de março de 2021

O diretor e roterista Geraldo Cavalcanti é mais nome do meio artístico potiguar levado pela Covid-19. Estava internado em Macaíba, onde morava, e não resistiu às complicações causadas pela doença.

Geraldo Cavalcanti batalhou em prol do cinema essencialmente potiguar. Militante do audiovisual, defendia o cinema e a educação e a conexão e intercâmbio com cinema de Cuba, atuando nas articulações políticas em prol do segmento. Esteve envolvido com diversos projetos, como o Nós na Tela, e criou o Cinema Processo ao lado de Bucka Dantas a partir do filme “Viva o Cinema Brasileiro”. Com Guaraci Gabriel, filmou “Mariposa Blanca” em Havana-Cuba, que contou com a colaboração do ator Jorge Perrugoria, com quem tem uma amizade. 

Amigos e colegas de trabalho lamentaram a morte do cineasta. Parceiro em vários projetos, Bucka Dantas ressaltou sua enorme generosidade, "principalmente a generosidade intelectual”, disse. “Decidi que uma das minhas metas de vida é me dedicar a todos os trabalhos que a gente tinha bolado. De roteiro tem pelo menos quatro, isso significa que tenho trabalho pelos próximos 20 anos", adianta Bucka.

Educação e cinema

A produtora Keila Sena, realizadora do Festival Goiamum Audiovisual, trabalhou com Geraldo em diversos momentos, inclusive na fundação do Goiamum. “Geraldo era um amante do cinema, pesquisador, roteirista, uma pessoa que vivia o cinema", disse a produtora. Para Keila, mesmo defendendo pontos de vista diferentes, ele tinha o mesmo objetivo. “Muitos dessa geração que fazem o audiovisual hoje, não tiveram contato com esse cara generoso e cheio de cultura. Mas, é importante saber de sua atuação e contribuição para que o cinema potiguar esteja hoje aonde está”.

“Ele fez pelo RN e fez pelo Ceará, onde estava a frente da Escola de Cinema do Sertão, a qual tive a felicidade de ir a seu convite ministrar uma oficina e pude ver a paixão das pessoas de Quixadá por Geraldo e a paixão dele pelo seu trabalho, realizando educação e cinema no IFCE e de difusão por meio do Festival de Cinema sertão & Diversidade. Geraldo, você vai fazer falta no mundo. Sentirei sua falta. Não deu tempo de realizarmos o Festival de Cinema que pensamos  e o Bloco dos ETs em Quixadá, nem de te visitar em Santa Rita.”

A Cia Ciranduís, ponto de cultura do município de Janduís, lembrou que Geraldo “tinha uma relação de amizade com integrantes da companhia e muitos artistas de Janduís, construída quando esteve no roteiro do filme Perdição, dirigido por Bucka Dantas em 2008”. Através do Projeto Nós Na Tela, Geraldo Cavalcanti, produziu o curta “Um Dia a Jaca Cai”. “Éuma perda irreparável para o cinema do Rio Grande do Norte, pela capacidade e articulação que tinha. Aos familiares nossos sentimentos.”