Júnior Dalberto escreveu peças e romances de ficção.

Agenda Cultural

Morre o escritor e dramaturgo Júnior Dalberto, vítima da Covid-19

O autor deixa mais de 15 peças teatrais e romances de destaque na literatura potiguar, como "Borderline" e "Pipa voada em brancas dunas"

27 de outubro de 2020

O escritor, dramaturgo e diretor teatral Júnior Dalberto morreu nesta terça-feira (26) aos 60 anos, vítima de Covid-19. Segundo informações de pessoas próximas, o escritor estava internado desde o dia 13 de outubro.

Policial civil aposentado, o escritor dedicou grande parte de sua vida ao teatro e à literatura. Escreveu romances que tiveram destaque na literatura potiguar e levou para o palco algumas de suas obras mais conhecidas: “Borderline”, que deu visibilidade nacional ao ator José Neto Barbosa e “Ventre de Ostra”.

Também dirigiu “Inkkubus”, peça protagonizada pela atriz Alice Carvalho. Na literatura, também publicou “Pipa Voada em Brancas Dunas”, “Blattodea”, “Titina, a Fada dos Sonhos”, também levada ao teatro, e “Cangaço e o Carcará Sanguinolento”.

O ator José Neto Barbosa publicou em sua rede social o desfecho de “Borderline”, peça de Dalberto que foi um marco na carreira do artista: A noite se aproxima e quero sonhar novamente, agora eu quero um sonho de liberdade. Quero sonhar tão alto, tão alto quanto um abutre que plana nos céus ao sabor dos ventos, embora seja condenado a comer carniça. Eu só quero voar!” “Esse era o final do nosso espetáculo, mas não será o fim. Meu amigo, pai, irmão, mestre, um querido companheiro de trabalho”, completou. 

No Twitter, a atriz Alice Carvalho disse que Júnior Dalberto  “é meu mestre absoluto, meu PAI, pai de inkubus, um dos maiores gênios do teatro do Brasil”. O Grupo de teatro Carmin irá dedicar a reapresentação da peça versão online de "Jacy" a Júnior Dalberto. "Ele se encantou hoje mas que não será esquecido", escreveu Henrique Fontes. 

Amiga de longos anos, Diana Fontes o descreve como uma pessoa de coração generoso. "Junior era a pessoa mais doce e querida que já trabalhei. Adorava homenagear os amigos, as pessoas que ele admirava, fosse do meio artístico ou não."

A amizade é anterior ao teatro. "Conheci Junior antes mesmo dele se dedicar a sua arte, da Polícia federal. Por ter sido casada com estrangeiro, precisei recorrer muitas vezes a sua generosa contribuição pra resolver pepinos, mais ou menos em 1987/1988. Aposentou-se e se dedicou ao que mais amava: ler e escrever".

Fizeram juntos a peça infantil Titina e a fada dos Sonhos e A Barca de Caronte, um contraponto ao texto infantil. "Extremamente dramático e pesado. Foi uma grande experiência e uma delícia de resultado. danilo Guanais foi nosso parceiro na trilha, 03 personagens maravilhosos e o Quarteto Café da UFRN, tocando sem se olharem. Experiência essa que levaram pra vida. Ensaiavam de costas".

O Abrace Coletivo Artístico tinha como meta, em 2020 homenagear Junior Dalberto, além de montar o Titina e a Fada dos Sonhos. Devido a pandemia, não houve, mas diretora quer realizar em 2021.