museu é garantir a preservação das mais de seiscentas matrizes de xilogravura de José Costa Leite

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Museu Câmara Cascudo lança campanha para preservar xilogravuras de José Costa Leite

Contemplado no Edital Matchfunding BNDES+ 2020, MCC precisa arrecadar parte dos recursos a partir de doações para garantir o financiamento total

21 de novembro de 2020

Com informações de Iano Flávio Maia/Agecom e Cinthia Lopes | Típico Local

O Museu Câmara Cascudo acaba de inserir seu nome no radar de outra importante coleção de gravuras populares do Brasil. Ontem (20) foi lançada a campanha de financiamento coletivo pela internet para garantir a preservação das matrizes de xilogravura de José Costa Leite: um dos maiores acervos da região Nordeste.  O projeto foi selecionado no edital Matchfunding BNDES+ 2020, do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e precisa arrecadar parte dos recursos a partir de doações para garantir o financiamento total do projeto pelo Banco.

A ideia do museu é garantir a preservação das mais de seiscentas matrizes de xilogravura do paraibano José Costa Leite, guardadas precariamente em sua casa, no município de Condado, no estado de Pernambuco. O poeta e xilogravurista de 93 anos é reconhecido nacional e internacionalmente tanto por seus poemas, quanto por suas ilustrações, além de ser editor e vendedor dos folhetos de cordéis nas feiras da região.

O xilogravurista José da Costa Leite com suas matrizes. Ele foi homenageado pelo Governo da Paraíba e recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Em 2019, o museu reforçou seu acervo ao abrigar, em forma de doação, outra importante coleção de gravuras populares do Brasil, a “Coleção Roberto Benjamin”, composta por 204 matrizes gravadas, que na época corriam o risco de ir para uma instituição americana, mas que, numa operação envolvendo o Museu e a Fundação Norte-RioGrandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), foi possível adquiri-la para deixá-la à disposição dos brasileiros. A coleção do Roberto Benjamin cobre um período que vai do início até o fim do século XX de diversos artistas.

Agora, em seu aniversário de 60 anos, o Museu Câmara Cascudo quer celebrar a aquisição do  artista paraibano e preservar seu acervo de matrizes. Com as coleções que já estão no museu, como a potiguar Chico Santeiro, o museu MCC para a entrar no radar dos grandes roteiros.

Segundo a direção do Museu, a proposta do projeto é compartilhar a sensibilidade e a imaginação de José Costa Leite com todos os que ainda não tiveram o prazer de conhecê-lo. O projeto prevê a compra e a digitalização de todas as peças e a divulgação do acervo pela internet. Depois, o material passa a fazer parte de exposições e publicações sobre a arte da xilogravura dirigidas a públicos cada vez mais amplos e diversificados.

  

Estampas de xilogravuras do artista José Costa Leite 

José Costa Leite lançou seus primeiros trabalhos nos anos 1940 com os cordéis Eduardo e Alzira e Discussão de José Costa com Manuel Vicente. Foi somente no terceiro título que Costa Leite decidiu improvisar a ilustração da capa em xilogravura. Dali para frente, não parou mais. Já nos anos 1960, seu trabalho de xilógrafo ganha status de obra de arte e passa a ser exposto em museus do Brasil e do exterior. Em 2005, participa de uma exposição no Musée du Dessin et de l’Estampe Originale de Gravelines, na França, onde também ministra oficinas sobre o seu trabalho. Em 2007, aos 80 anos, foi homenageado pelo Governo da Paraíba e recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Matrizes da coleção que terá guarda do Museu Câmara Cascudo

Veja como funciona o matchfunding do BNDES

As regras do matchfunding são as mesmas de uma campanha de financiamento coletivo. O projeto é divulgado através do portal Benfeitoria - contratado pelo BNDES para viabilizar o edital -, onde todo o funcionamento do projeto e o uso do dinheiro são explicados aos apoiadores. Os participantes recebem recompensas de acordo com o valor doado - e vão desde agradecimentos nas redes sociais, para os menores valores, até uma matriz de xilogravura inédita de José Costa Leite, para quem escolher a doação máxima. A diferença é que, para cada real investido na campanha através do site, o BNDES investe outros R$ 2 no projeto. A campanha segue até o dia 20 de dezembro, quando a meta de R$ 121 mil precisa ser alcançada, ou o projeto não será financiado. Os valores das doações vão de R$ 10 a R$ 5 mil e ainda podem ser parceladas em até seis vezes, no cartão de crédito.

Os recursos financeiros serão gerenciados pela Fundação Norte Riograndense de Pesquisa e Cultura, que também está responsável por toda a gestão burocrática do projeto. A partir de hoje, as equipes do museu e da UFRN começam o trabalho de mobilização para garantir a arrecadação dos recursos com a comunidade universitária, os amigos do museu e os amantes da cultura.

Como participar

Qualquer pessoa pode participar da campanha com doações ou compartilhando a página nas redes sociais. Você pode saber mais detalhes pelo Facebook ou Instagram do Museu Câmara Cascudo, pelas redes sociais da UFRN, ou ainda pelo site da campanha no endereço https://benfeitoria.com/josecostaleite.