Lado sambista de Zezé Motta pode ser conferido no álbum lançado em 79.

Agenda Cultural

"Negritude", álbum de Zezé Motta gravado nos 70, chega às plataformas digitais

Projeto de sambas da cantora traz faixas de João de Aquino, Aldir Blanc, João Bosco, Wilson Moreira e Ney Lopes, Bethânia, Tunai e outros

11 de fevereiro de 2021


A voz poderosa de Zezé Motta ecoa na história da música brasileira há muito tempo, desde os antigos anos setenta, quando Zezé gravou o primeiro disco solo em que compositores do porte de Rita Lee e Moraes Moreira entregaram canções inéditas para ela gravar. Além disso, a voz da artista imortalizou clássicos como “Trocando em Miúdos”, de Chico Buarque e Francis Hime, e “Pecado Original”, de Caetano Veloso, que nunca mais foram as mesmas depois da interpretação da cantora.

De 1975 a 79, lançou três LP’s, um deles foi o “Negritude”, disco lançado pela Warner Music Brasil, que trouxe na voz de Zezé canções de João de Aquino, Aldir Blanc, João Bosco, Wilson Moreira e Ney Lopes, Rosinha de Valença e Maria Bethânia, Paulo Cesar Feital, Tunai e outros compositores. Nos anos 80, lançou mais três trabalhos como cantora: “Dengo”, “Frágil Força” e, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas, “Quarteto Negro”. E não parou por aí. Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), no Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal. Para celebrar este período e trajetória na cena musical, “Negritude” chega hoje em todas as plataformas digitais.

“Desde o começo, a Warner queria que eu gravasse samba. Mas eu não queria ser rotulada de sambista. Nada contra, mas eu queria ser livre para cantar vários gêneros. E era também uma atitude política por perceber que queriam me pregar esse rótulo pelo fato de eu ser negra. Eu estava numa fase de militância mais radical e criei essa resistência. Mas para o segundo LP, que foi o ‘Negritude’, realmente me convenceram de que eu estava vendendo abaixo do esperado e que seria interessante tentar o caminho sugerido por eles. Aí já era uma questão de mercado, eu não podia botar a militante à frente da artista e topei fazer um disco de sambas. Então foi a vez da companhia promover uma feijoada na casa do Sérgio Amaral para o pessoal do samba. Compareceram: Martinho da Vila, Monarco, Padeirinho, João Bosco, Manacéa, Wilson Moreira, Ney Lopes. Uma turma de bambas. E assim saiu o disco”, afirma a artista.

Atuando com assiduidade na televisão, no cinema e nos shows, e saudada como a mais importante atriz-cantora do país, Zezé Motta durante os mais de 50 anos de carreira, rompe barreiras e coloca no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino e negro em tela. Zezé tem 54 anos de carreira e é mãe de quatro filhos. São 14 discos, 35 novelas e mais de 55 filmes. Impossível não se orgulhar. Não apenas pelos números. Mas também por sua história de luta contra o racismo. 

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