No Horizonte, a terra, de Danielle Sousa, já está disponível para pré-vendas no Catarse

Agenda Cultural

No Horizonte, a terra, o livro, e a poética sobre a morte

Escritora e mediadora do Leia Mulheres, Danielle Sousa apresenta ao leitor antologia poética que aborda a finitude

04 de julho de 2020

Por Jana Maia | Jornalista 

Professora, historiadora, natalense, escritora e mediadora do projeto Leia Mulheres Natal, Danielle Sousa lança antologia com a temática de finitude como intersecção entre as histórias. O livro, que foi produzido pela editora Escaleras durante essa quarentena, reúne quatro histórias que nasceram noutros momentos mas que se juntaram num único ponto de encontro só agora. São eles: Baboquivari e História em seis movimentos, que participaram do SESC Literatura 2012; Tire o L da Lira, escrito em 2016; e Antônia, o nascido durante o confinamento. Nessa reunião de contos, além da temática de morte, finitude, outro ponto em comum dessas narrativas são os personagens, que estão todos distribuídos em localizações diferentes, trazendo ao leitor pedaços do mundo num momento tão interno quanto esse que estamos vivendo.

 Em entrevista para o nosso portal, a autora conta que essa grande ficha acerca da reunião dos contos através da finitude só caiu no momento de reuni-los para a publicação, e que de alguma maneira extraordinária, o livro se escolhe, a temática te escolhe, e assim a escolheu. Mas que de toda maneira esse é um assunto recorrente em sua mente, e nem sempre de uma maneira negativa, mas existente em suas várias facetas e essa é a sua maneira de lidar consigo mesma a respeito da morte, mas caberá ao leitor analisar como e em qual contexto esse livro o atingirá.

 A produção do No Horizonte, a terra começou a surgir, pode-se dizer, a partir do encontro da professora com a escritora Débora Gil Pantaleão, dona da Escaleras, em 2018, através de um curso de escrita criativa. Débora costuma apostar em mulheres que possuem histórias promissoras, já publicou escritoras como Maria Valéria Rezende e acabou fazendo um convite a Danielle a reunir seus contos para publicação.

Perguntada sobre influências literárias durante a produção dos contos, a autora diz que Baboquivari tem muita ligação com o deserto em 2666 de Roberto Bolaño. História em seis movimentos tem influência das suas leituras de Don DeLillo, um de seus autores de cabeceira e Tire o L da Lira possui influência profunda de um tempo de fixação em Álvares de Azevedo, que também é o seu conto predileto do livro. Além dos autores citados, ela menciona que seus livros para a vida são: Orgulho e Preconceito de Jane Austen e Carol Bensimon no geral. Mas que essas ligações literárias tendem a transmutar com tempo.

No Horizonte, a terra, o livro de contos ficcionais de Danielle Sousa, permeado por mortes, aventuras, buscas e tons de ironia já está disponível para pré-venda pelo Catarse até o dia 30 de Julho, durante esse período o leitor pode adquirir seu exemplar autografado juntamente com um brinde e um conto inédito que não está no livro, Os sete afluentes do Rio Ota. Além disso, a editora e a autora disponibilizaram também na plataforma a opção de comprar todo esse pacote e de quebra uma Oficina de Escrita com Danielle. Depois da pré-venda, somente o exemplar do livro, estará disponível para compra no site da editora Escaleras. 

Para finalizar, ela deixa uma dica para os que possuem um trabalho ou a vontade de publicar, que consiste em ter em mente o livro que o escritor pretende lançar, alimentar cada vez mais o costume de escrever, estudar, fazer cursos, manter contatos e ter a noção do público que deseja atingir. Danielle está terminando também um romance e tem como meta o fim de 2020 para o seu lançamento. A próxima história se passará no interior do Rio Grande do Norte, numa cidade fictícia e gira em torno de uma jornalista investigativa que viaja até o local para fazer uma matéria sobre um internato só para meninas que estão acometidas de uma doença misteriosa, todo o enredo segue a partir daí. Mas isso são cenas dos próximos capítulos.

Leia trecho:

"E se estiverem vivas? Não de uma altura dessas. Mas se estiverem vivas? Tem helicópteros durante o dia. Câmeras com infravermelho durante a noite. Parados nos pegam e se pegarem, sabe lá quanto tempo em uma prisão que só tem a porta da entrada. E tem essas pessoas, civis armados com colete camuflado e bandana de Rambo que se revezam em atirar ao menor sinal de ilegais. Fazem mira, apostam onde e quantos acertar. Não tem como voltar lá para ver se estão vivos, não. Se quiser, vai você.

Hermínio raciocinando.

Vai você!

As entranhas vibrando contra a parede do abdômen.

Vai você, brasileiro."

Trecho de Baboquivari.

(Um dos quatro contos do livro de Danielle Sousa)