Sobre o ano que estar por vir e um agradecimento ao Universo por estar "viva e bulindo"

Colunas

O PRIMEIRO ANO DO FUTURO

Nós artistas somos resilientes e dispostos sempre a recomeçar, a reconstruir, a reviver, a ressuscitar. Afinal, criar é o nosso ofício.

29 de dezembro de 2022

Clotilde Tavares

Está acabando o ano. Para mim, foi um ano estranho, de altos e baixos, de indas e vindas, e por que? Por causa da oscilação da curva pandêmica, das novas ondas da doença, com seus números carregados para cima pela aparição de novas variantes. A curva subia e descia, e eu junto com ela . 

Emocionalmente foi um ano estranho, onde eu surfei sobre ondas gigantes de inquietude, vendo o futuro com muito pessimismo e tristeza. Aí as coisas foram mudando, foram melhorando, e hoje eu estou mergulhada na alegria e na esperança, cheia de pique e força para ajudar meus semelhantes a construir, ou melhor, a reconstruir esse país. 

Então, é preciso agradecer ao Universo por continuar “viva e bulindo” em idade tão avançada, mas conservando diante do mundo o deslumbramento de uma criança pequena. Além desse agradecimento, gosto de fazer uma prestação de contas, pois é um privilégio ainda estar produzindo e frutificando numa fase da vida em que muitas pessoas abrem mão das suas capacidades criativas.   

Os leitores sempre querem saber o que eu li, e neste ano li pouca ficção, somente uns 20 ou 30 livros, mas alguns deles valem por dois, ou cinco livros, como por exemplo Moby Dick, este clássico que eu nunca tinha lido; ou 2666, romance monumento de Roberto Bolaño; também o Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, que li aí pela quarta ou quinta vez e que vou continuar lendo de novo enquanto vida eu tiver; e reli pela segunda vez A Pedra do Reino, dessa vez com uma leitura minuciosa e anotada. Cada um desses livros é aquilo que se chama de “tijolo” de cerca de 800 páginas.

No varejo, também o que predominou foram as releituras. Li de novo autores de quem gosto, como Virginia Wolff, Garcia Márquez, Michel Houellebecq e Philip Roth. E li bem uns vinte livros sobre cordel, romanceiro, poesia tradicional e história e literatura medieval, para dar suporte a um trabalho que estou escrevendo.

Além de ler, é claro, e de escrever, vi filmes e séries, fiz palestras e intervenções a convite em lives e debates. Coordenei meus Clubes de Leitura, e lemos quase 20 livros neste ano, divididos entre os três clubes. 

Neste ano que termina, não publiquei nenhum livro e não participei de nenhuma peça de teatro, mas estive presente em duas antologias, uma de poesia, outra de contos: Correio Amoroso: 20 Cartas Sobre Paixões, Encontros e Despedidas, organizado por Henrique Rodrigues, pela Editora Raquel; e Horizonte Mirado na Lupa: Cem Poemas Contemporâneos da Paraíba, organizada por Lau Siqueira, pela Editora Casa Verde.
Tive bastante movimentação no Facebook, com textos variados. O Facebook é a rede social de que eu gosto e não adianta me procurar no Instagram, porque eu até tenho um perfil, mas uso eventualmente. Já no “Feice” costumo publicar várias vezes por semana. 

A cereja do bolo deste 2022 foi a participação neste blog maravilhoso, este “Típico Local” da minha querida Cinthia Lopes, há tanto tempo na cidade fazendo jornalismo cultural. Então Cinthia me convidou, eu aceitei toda satisfeita e aqui estou, desde 23 de março, sem faltar uma semana, já tendo publicado 41 textos, contando com esse de hoje. 

E o lado ruim, não tem? Só aconteceu coisa boa? você pergunta. Tem o lado ruim sim, mas eu só contabilizo as coisas boas. As coisas ruins eu aprendo com elas o que tinha de aprender e depois deleto!

E no futuro? E em 2023?

Como falei no início, é um ano de reconstrução para o Brasil, sobre a terra arrasada que herdamos desse (des)governo triste que está acabando. Nós, artistas, que estamos na batalha da cultura, e que fomos dolorosamente atingidos primeiro pela pandemia e depois por esse troll em figura de (des)presidente, somos resilientes e dispostos sempre a recomeçar, a reconstruir, a reviver, a ressuscitar. Afinal, criar é o nosso ofício.   

Você, que me acompanha, chegue junto porque 2023 promete! Vem muita coisa boa por aí.



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