Cinema, artes cênicas, museus e patrimônio foram áreas mais atingidas
Reportagens
Observatório Itaú Cultural traz pesquisa que aponta a perda de 244 mil postos de trabalho no Brasil, nos primeiros três meses do ano no setor
01 de julho de 2021
O Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, que acompanha a evolução da economia criativa no país, aponta que o segmento perdeu 244 mil postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 4% no comparativo com igual período do ano anterior. Em relação ao quarto trimestre de 2020, a queda foi de 1%.
Entre os dados regionais, a maior queda dos postos de trabalho neste setor foram mais impactantes no Rio Grande do Norte (-24%), Paraíba (-15%), Mato Grosso (-15%), Espírito Santo (-15%) e Amazonas (-15%). Já os maiores aumentos foram Piauí (+49%) e Roraima (+24%). SP, RJ e MG que seguem representando cerca de 50% do total de postos.
No primeiro trimestre de 2020, havia 6.843.455 postos de trabalho disponíveis na economia criativa no país. O número caiu para 6.599.590 no primeiro trimestre deste ano.
O estudo sobre postos de trabalho do Observatório Itaú Cultural utiliza dados da Pnad Contínua e captura informações de empregos formais e informais na economia criativa, que engloba atividades como publicidade e marketing, arquitetura, artesanato, design, cinema, rádio, tv, tecnologia da informação, editorial, patrimônio histórico, música, artes cênicas e visuais.
A retração observada pelo Observatório ocorre após a economia criativa ter registrado alta no número de postos de trabalho nos dois últimos trimestres do ano passado. No terceiro trimestre de 2020, o segmento havia registrado aumento de 1% no número de postos de trabalho frente ao segundo trimestre. No quarto trimestre, houve nova alta (de 6%), frente ao terceiro trimestre.
“Com o atraso da vacinação e a chegada da segunda onda da pandemia, a indústria criativa foi impedida de seguir em retomada, o que resultou na queda de empregos, causando um revés na recuperação verificada nos dois últimos trimestres do ano passado”, observa Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.
Perdas
A maior queda relativa se deu entre os trabalhadores criativos especializados na área da cultura, que atuam em atividades artesanais, artes cênicas e artes visuais, cinema, música, fotografia, rádio, tv e museus e patrimônio. Entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, a queda no número de postos de trabalho para este estrato foi de 14%. Já no comparativo com o primeiro trimestre de 2020, a perda de postos de trabalho foi de 27% (menos 198 mil postos de trabalho).
Crescimento
O estudo do Observatório, entretanto, apontou dois estratos em crescimento na economia criativa. Um deles foi o de trabalhadores de apoio (um contador ou advogado que presta serviços para o setor criativo, por exemplo). Neste caso, houve aumento de 4% no número de postos de trabalho no primeiro trimestre, frente ao último trimestre de 2020, um saldo positivo de 78.715 vagas. No comparativo com o primeiro trimestre do ano passado e 2020, o estrato amarga uma perda de 150.805 postos.
Outro estrato que viu o número de postos avançar foi o de trabalhadores criativos especializados fora da área da cultura, como, por exemplo, um designer que atua na indústria automobilística. Neste caso, a oferta de postos cresceu 1% (saldo positivo de 28.530 postos) entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro trimestre deste ano. Também houve crescimento de 12% no comparativo com primeiro trimestre de 2020 (233,8 mil postos foram criados no intervalo).
O Observatório Itaú Cultural foi criado em 2006 com foco na gestão, na economia e nas políticas culturais. A pesquisa completa pode ser conferida neste link:
https://www.itaucultural.org.br/secoes/observatorio-itau-cultural/painel-de-dados
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