Debates abordam a relação da geografia com a musicalidade da Argentina, do Brasil e da Colômb

Agenda Cultural

Professor do DGE discute geografia e música em universidade do México 

Um dos pontos que será apresentado durante o debate está relacionado com a diversidade de comunidades de tambores nos países latino-americanos

28 de abril de 2022

O pesquisador e professor do Departamento de Geografia (DGE/UFRN) do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) Alessandro Dozena irá falar sobre seu projeto de pesquisa Geografia e Música: Diálogos no encontro Geografía y Música en América Latina, que acontecerá na Universidade de Guadalajara no México, nesta sexta-feira, 29, às 12h. O evento tem o objetivo de fortalecer e estimular a visão da Geografia da Música da América Latina, com debates sobre as abordagens geográficas acerca das musicalidades da Argentina, do Brasil e da Colômbia. Para participar da transmissão, basta realizar o registro prévio no site do evento. 

Um dos pontos que será apresentado durante o debate está relacionado com a diversidade de comunidades de tambores nos países latino-americanos. Alessandro declara que a dimensão territorial evidencia a singularidade de cada comunidade, e, ao mesmo tempo, contribui para a nacionalização da expressão cultural, ou até mesmo a sua internacionalização, como é o caso do samba no Brasil, do tango na Argentina e da cúmbia na Colômbia. “Esse debate é fértil em apontar para uma ideologia latino-americana que emerge criando percursos autênticos motivados por seu patrimônio cultural e alicerçada em conhecimentos ancestrais que apontam para o futuro”, afirma. 

Em relação à cultura musical brasileira, o autor explica que as sonoridades “vivas” presentes nos territórios musicais brasileiros necessitam de uma “leitura musical” e compreensão das heranças musicais presentes no universo melódico e rítmico nacional. Como representantes de nossa musicalidade temos o samba, o afoxé, o forró  — envolvendo os padrões rítmicos do baião, xaxado e coco — o rock, o funk e o maracatu atuando como alicerces da música popular brasileira.

O debate irá relacionar as pesquisas de Alessandro Dozena, do Brasil, Cristian Santiago Castiblanco Suarez, da Colômbia e Agustín Arosteguy, da Argentina. O trabalho do representante brasileiro, inclusive, está disponível gratuitamente e é o primeiro livro sobre o tema no Brasil. Segundo o autor, “as reflexões encontradas no livro encaminham para as reflexões no sentido de evidenciar o fato de que os sons constituem uma linguagem espacial, um meio de comunicar ideias ou sentimentos. Essa proposição infere que, ao ouvir músicas, um indivíduo também ‘ouve o território’, na medida em que características musicais como melodia, harmonia, escala e ritmo relacionam-se a condicionamentos espaciais específicos.” 

O evento irá abordar diferentes perspectivas sobre o estudo da dimensão espacial das músicas, no Brasil, na Argentina e na Colômbia. Embora a Geografia ainda seja uma ciência primordialmente visual, a escuta ativa passou a ter, no século XXI, um papel essencial nas pesquisas geográficas.

“Muitos estudos buscam a importância dessa escuta ativa na interpretação geográfica dos territórios musicais em sua significação e sentido social, tangenciando temas relacionados à globalização e territórios musicais, ruídos e sons das e nas cidades, músicas e espaços públicos, eventos musicais urbanos e fenômenos sonoros, percepções musicais individuais e coletivas, paisagens sonoras, oralidades e discursos musicais”, explica o professor.