Produzida em cerâmica, obra integra a série Anatomia do Silêncio, de Jean Sartief

Agenda Cultural

Quatro artistas falam sobre a palavra como resistência em mostra virtual

“Não Há Silêncio” reúne trabalhos de Max Pereira, Jean Sartief, Sofia Bauchwitz e Aldenor Prateiro, sob curadoria de Sânzia Pinheiro, da Bólide

18 de novembro de 2020

Quatro artistas visuais trocam o silêncio do isolamento social pela palavra visual e poética como forma de não se calarem diante dos poderes autoritários ainda vigentes no mundo contemporâneo. Dessas vozes nasce “Não há silêncio”, uma exposição coletiva de Max Pereira, Jean Sartief, Sofia Bauchwitz e Aldenor Prateiro apresentando trabalhos em diversos meios — escultura, fotografia, objeto e texto — numa atualização do sentido imagético e universal da palavra como símbolo e da tensão entre o silêncio/ruído como ato político.

Os trabalhos serão exibidos a partir do dia 19.11 na galeria virtual Margem Hub de Fotografia que pode ser acessada pelo endereço https://www.margemfoto.com/). O coletivo vai realizar também uma “live” de inauguração no Instagram do Espaço Bólide1050 @bolide_1050, galeria responsável pela curadoria através de Sanzia Pinheiro com colaboração de Sofia P. Bauchwitz.

A partir da artista visual Ann Hamilton, conhecida por suas instalações multimídia dos anos 80, lança-se a pergunta: podem as palavras serem atos de criação? Utilizando dessa relação imagem/palavra/narrativa de  diferentes maneiras, os artistas Max Pereira, Jean Sartief, Sofia Bauchwitz e Aldenor Prateiro ensaiam formas de falar de um ruído constante, mesmo que no âmbito da palavra, da semiótica, da poesia do ínfimo e do inútil. A exposição “Não há silêncio” tem o patrocínio da Fundação José Augusto, através do Edital de Fomento à Cultura 2019.

Caracol em latão do artista Aldenor Prateiro: brilha pequeno como uma jóia e remete às coisas desimportantes valorizadas pelo poeta Manoel de Barros

  

A fotografia em P&B de Max Pereira e um ensaio foto-textual de Sofia que aborda o inefável

Sobre os trabalhos

Devido às medidas de segurança tomadas durante o isolamento social, a exposição assume um formato virtual, tratando de transmitir por píxeis a experiência estética que se teria diante das obras ao vivo.

 Max Pereira apresenta 3 fotografias de sua série Fucked by a Stranger in the Dark, uma série em preto e branco que vem  acompanhada de relatos íntimos, crus e poéticos, que destapam o erótico dos nossos dias.

Aldenor Prateiro apresenta uma escultura de latão, um caracol, ao que parece, que brilha pequeno como uma jóia. A aparente contradição nos remete de imediato à poesia de Manoel de Barros e seu elogio ao rasteiro, ínfimo e banal.

Jean Sartief lança mão da 3 peças de cerâmica de sua pesquisa “Anatomia do Simbólico”, em que escrutiniza as diferentes leituras que este órgão pode ganhar em nossa sociedade desde uma ótica amorosa.

Sofia Bauchwitz apresenta fotografias e texto de sua pesquisa em torno do inefável, ao branco e à baleia como conceito para pensar o que não pode ser visto.