Exposição e diversas atividades acontecem até outubro, na Galeria Margem Hub

Reportagens

Salão Pequenos Formatos é novidade na Galeria Margem Hub

Neste sábado, dia 30, das 17h às 19h, vai acontecer uma mesa de debate sobre colecionismo, reunindo artistas e professoras da UFRN

26 de setembro de 2023

O Salão Pequenos Formatos, na Galeria Margem Hub, em Lagoa Nova, é uma das boas novidades nas artes visuais de Natal. Aberta em 19 de agosto e com visitação até 14 de outubro, a mostra reúne cerca de 40 obras de um total de 19 artistas selecionados. São trabalhos em pintura, desenho, colagem, assemblage, dentre outras linguagens. Todos respeitando a dimensão limite de até 50x50x50 centímetros.

Em paralelo a exposição, diversas outras atividades estão sendo realizadas, como a Feira Pequenos Formatos. Uma feira de arte para o público bater papo com os artistas participantes do salão, conhecer outros trabalhos. Na ocasião também vai acontecer a discotecagem da DJ Janvita. A entrada é gratuita.

Vale lembrar que o Salão Pequenos Formatos tem produção do Margem Hub e apoio do SEBRAE/RN através do edital de Economia Criativa 2023. A própria galeria estará com uma banquinha com fotolivros durante a feira deste sábado. E a novidade é que haverá descontos especiais para quem se matricular na próxima turma de Iniciação à Fotografia.

Neste sábado, dia 30, das 17h às 19h, vai acontecer uma mesa de debate sobre colecionismo, com as artistas e professoras da UFRN Regina Johas e Bettina Rupp, a curadora Sanzia Pinheiro, os galeristas Natan Garcia e Heldi, do espaço Candeeiro, e Ítalo Bruno, do Sebrae RN. A entrada é gratuita e no encerramento haverá discotecagem.

Para conhecer um pouco mais sobre o projeto Salão Pequenos Formatos, a reportagem fez umas perguntinhas para os curadores Janderson Azevedo e Paula Lima, que ao lado João Oliveira, compõem o trio que selecionou os trabalhos da exposição. Confira a entrevista.


Como surgiu a ideia do Salão Pequenos Formatos?

Paula Lima: É um tipo de projeto recorrente em outros estados. Percebemos que essa formatação tem contribuído bastante para a movimentação do mercado de arte. Então quisemos trazer uma edição nesse mesmo formato para Natal. De certo modo, obras em pequenos formatos acabam sendo uma boa porta de entrada para o consumo de arte, pois costumam ter um valor mais acessível em comparação com telas, esculturas ou fotografias de grandes dimensões. Eu mesma comecei a colecionar arte e decorar a casa com obras de tamanho menores, quadros 20x30cm, que além de mais acessíveis, são fáceis de caber em espaços pequenos e compor com diversos tipos de ambientes e estilos de decorações. Assim, projetamos o salão como uma boa opção de espaço para pessoas jovens, ou que estão iniciando suas coleções, encontrarem suas primeiras obras de arte. Apesar disso, os nossos eventos também têm atraído a atenção de colecionadores já experientes. 

Quando vocês pensaram a programação com salão e feira, qual o objetivo de vocês?

Janderson Azevedo: Nosso intuito é de aquecer o mercado de arte local e possibilitar a consolidação de novos nomes nesse mercado. Assim como abrir algumas portas onde, por muitas vezes, a classe artística encontra dificuldades de acessar, como espaços expositivos que ecoem essas produções.

Paula: Tem essa questão da venda, mas um dos objetivos dos nossos projetos é a possibilidade de tentar envolver sempre um número maior de artistas. Enxergamos isso como positivo tanto para a cadeia das artes visuais, quanto para o público interessado. Uma exposição em uma sala de galeria ou museu, por maior que seja, sempre tem uma limitação em relação ao espaço, ao olhar e à narrativa que a curadoria desenvolve. Então, se o Salão Pequenos Formatos contasse apenas com o evento expositivo, não teríamos a oportunidade de trazer mais artistas ou mesmo que os artistas que se inscreveram para ambos os eventos (Salão e Feira) pudessem trazer e oferecer ao público outras de suas obras.


O que vocês diriam para quem ainda não visitou o Salão?

Paula: Sou suspeita pra falar, mas quem não visitou ainda, não pode perder essa oportunidade! Nós recebemos muitas pessoas interessadas em expor no projeto, então conseguimos fazer uma seleção que vai desde artistas já consagrados até nomes bem emergentes na cena da arte no RN e no Brasil. A exposição coletiva se chama "Estamos aqui", conta com obras de 19 artistas e a linha curatorial perpassa principalmente as diferentes percepções de temas como natureza, tempo, memórias e vivências que temos e que afetam nosso cotidiano. Não acho difícil que o público visitante consiga se conectar com várias das obras expostas. Além disso, em termos de produção estética e técnicas, também é possível observar uma grande diversidade no salão. Temos uma tapeçaria, escultura, várias formas de se trabalhar com gravura e pintura, temos assemblages, colagens e pinturas digitais, fotografias de paisagem e retratos, bordado sobre fotografia. Por isso acho muito difícil não achar pelo menos uma peça que te interesse.

Janderson: O Salão Pequenos Formatos está repleto de artistas que emergem neste novo cenário da arte brasileira, com trabalhos contemporâneos que apresentam questões relevantes às discussões latentes no Brasil atual, como decolonialidade, gênero e negritude. Tanto no Salão como nas Feiras, o público poderá encontrar uma diversidade de trabalhos selecionados que se apresentam em assemblages, pinturas, fotografias, gravuras e técnicas mistas, tudo a preços acessíveis, visando o incentivo do colecionismo por parte de um público mais amplo e jovem, que está iniciando a prática.

Dia 30 vai acontecer uma mesa de debate sobre colecionismo. Gostaria que vocês comentassem um pouco sobre esse aspecto do mercado da arte.

Janderson: Acredito ser imprescindível discutirmos sobre o colecionismo e demais questões do mercado da arte a fim de entender melhor os meandros, as dificuldades e possibilidades encontradas pelos/as agentes desse sistema, sejam os/as artistas, curadores/as, articuladores/as e produtores/as, elucidando e tentando encontrar caminhos para democratizar a arte.

Paula: Coleções são meio que um grande fascínio de seres humanos. Muitos de nós crescemos incentivados a colecionar seja com álbuns de figurinhas ou bonecos de brinquedo. A criação de grandes instituições como museus é alicerçada em coleções iniciadas há séculos. Assim é inegável a importância do colecionismo para a arte. A figura do colecionador também é muito importante para o trabalho do artista, afinal, além das instituições, é quem consome sua produção de forma mais recorrente. Hoje, no entanto, as pessoas têm se preocupado menos em relação à produção estética e simbólica que levam para dentro de suas casas e escritórios. É comum a venda de objetos de decoração muito caros, mas que não valem nada simbolicamente. Por vezes aqui contratamos serviços "profissionais" de decoração que não têm essa sensibilidade e conhecimento para arte, não conhecem museus ou têm relações com galerias locais, e que nos levam a fazer péssimos negócios. Logo mais, a decoração se torna fora de moda ou percebemos que estamos cheio de objetos com os quais não nos conectamos, pois não nos evocam nenhum sentimento ou sentido. Uma peça de arte, por outro lado, carrega uma poética única, ela mexe com nossas emoções e só tende a se valorizar com o tempo.


Vocês têm uma galeria. Como avaliam então o mercado de arte da cidade? Acreditam existir boas perspectivas?

Paula: No início deste ano tivemos um Seminário das Artes Visuais no RN em que um dos temas debatidos foi sobre os espaços de arte privados e independentes, e o mercado. Bem, nesse seminário o setor avaliou o mercado de arte em Natal como ainda incipiente. É um dado que em Natal ainda temos poucas instituições de artes visuais ativas, temos muitos artistas, mas poucos representados por galerias, inclusive temos poucas galerias especializadas em vendas de arte. Mas sentimos que há boas perspectivas. Com o apoio do SEBRAE RN por meio do edital de Economia Criativa estamos realizando este projeto de Salão Pequenos Formatos e já recebemos um feedback de um bom movimento de vendas na primeira edição da feira. Essa iniciativa do Sebrae é uma das poucas que apoiam o empreendedorismo em Arte no nosso estado e possibilitou que tirássemos da gaveta esse projeto que já está aquecendo o movimento no Margem Hub.  Já estamos com várias obras do salão vendidas e, nos eventos do projeto, percebemos que surgem cada vez mais pessoas interessadas no projeto e nas obras apresentadas. É de fato uma tendência no mundo o consumo de objetos e decoração com viés cada vez mais afetivo, com forte apelo para conteúdos simbólicos e contemporâneos, algo que o público sempre pode encontrar aqui no Margem Hub.


Salão Pequenos Formatos
Galeria Margem Hub
Rua da Sheelita, 59 - Lagoa Nova.
Dia 30 de setembro, das 17h às 19h, mesa de debate sobre colecionismo
Entrada gratuita.